Metal Gear Solid V: te cuida, bruxão!
A definição do que seria o jogo do ano, muitas das vezes, gera controvérsias. Em um fatídico 2010, The Walking Dead, da Telltale Games, foi escolhido o jogo do ano na VGA, hoje VGX, e isso gerou uma enorme discussão e controvérsia no meio gamer.
A minha definição de GotY (Game of the Year) é um jogo que seja completo naquilo que ele se propõe. Se o jogo candidato ao GotY é um RPG – como no caso de The Witcher 3 – ele precisa ter bons gráficos (e entendam que bons gráficos são gráficos que casam perfeitamente com a proposta e sejam bem executados, sejam eles spritework, sejam eles desenhados, sejam eles 3D), trilha sonora impecável, bem como toda a parte sonora, história atraente e principalmente, gameplay sem falhas. The Witcher 3, que até agora era o vencedor (na minha opinião) encontrou um adversário à sua altura: Metal Gear Solid V.
Só para avisar, porque eu sou muito legal: Alguns (poucos) spoilers de Ground Zeroes vão pipocar nesse texto, tá?
Metal Gear Solid V: The Phantom Pain te põe diretamente após os acontecimentos de Ground Zeroes, aquela demo de luxo. No papel do Big Boss você busca vingança contra aqueles que destruíram o MSF no maior estilo Metal Gear Solid. O que deve ser levado é a execução primorosa e quase sem falhas de MGSV.
O Audiovisual do game está impecável, de verdade. Das expressões faciais às texturas de objetos e ambientes, passando pela iluminação, Metal Gear Solid V: The Phantom Pain é bonito demais. Se você estiver jogando nos consoles, terá uma experiência absurda, graficamente falando. Se você estiver jogando no PC, esse é um dos jogos mais bonitos que você já viu, tenha certeza disso. O áudio é uma parte essencial em Metal Gear Solid. Você precisa ouvir, e bem, tudo que acontece ao seu redor e no seu rádio e essa parte também teve uma execução perfeita. Destaque aqui para a dublagem, que apesar de não contar com David Hayter mais (o que é uma pena, francamente), tem Keifer Sutherland (é, o Jack Bauer) emprestando a voz para Big Boss.
O ponto que mais chama atenção no aspecto audiovisual do jogo é a forma dramática e cinematográfica que é sua apresentação. A história, charmosa e enfeitiçadora, te instiga a ir mais e mais fundo nela mesma, apresentando as preocupações e a futilidade da guerra de uma forma coesa e atraente, através de momentos dignos dos blockbusters de Hollywood.
O mais interessante, e legal, em MGSV é o seu gameplay. Há dois momentos, basicamente: As missões e o gerenciamento da sua base. E é aqui que as coisas ficam interessantes.
Começando pelo aspecto de gerenciamento. Isso não é bem uma novidade na franquia, tendo sido usado pela primeira vez em Peacewalker, que originalmente foi lançado para PSP (e teve remaster para o PS3 e para o X360). Durante as missões, você pode capturar soldados, suprimentos, equipamentos e várias outras coisas e enviá-las para sua Base-Mãe. Lá, você consegue gerenciar todo o pessoal efetivo para as mais diversas funções. Execuções de missões menores, Pesquisa e Desenvolvimento, Patrulha, Treinamento, Engenharia. Essas funções não só adicionam uma bem-vinda mudança de ares ao jogo (que não fica em “Missão, missão, missão” o tempo todo), bem como fazem com que você pense na melhor maneira de extrair recursos (valiosos para completar o jogo) que lhe sejam úteis. Talvez isso te distraia um pouco das missões importantes, mas não chega a ser um empecilho.
Agora, o real fascínio vem das missões. Se você jogou Ground Zeroes, já deu para ter uma ideia. A diferença é que em The Phanton Pain, a gama de opções e possibilidades subiu vertiginosamente! Tem uma coisa que sempre foi muito, muito mesmo, clara na série Metal Gear Solid: “O destino não é tão importante quanto a jornada”. Digamos que sua missão é sair do Ponto A, chegar num ponto B e recuperar algo para levar até o ponto C. A forma como você faz isso é que muda (e se torna interessante). Talvez você queira ir se esgueirando por entre caixotes e pedras. Talvez você prefira uma abordagem mais “Pé na porta, soco na cara”, talvez você pegue carona num caminhão de carga cujos motoristas nem desconfiam que você está na caçamba! O senso de liberdade de ação, mesmo que contida num “ambiente” específico, torna a Ação de Espionagem Tática, marca registrada da série, muito mais divertida e empolgante. Experimente deixar esterco de cavalo na trilha de um jipe e me contem depois.
A história é pesada e densa. Talvez mais indicada para aqueles que acompanham a série desde os primórdios da série, não chega a intimidar os novatos, mas devo dizer que alguns nós serão dados nas cabeças menos atentas. Agora, se você ama histórias cheias de detalhes e surpresas, pode pegar o babador: Você VAI abrir a boca de surpresa (e mantê-la) assim por um bom tempo diversas vezes. A cereja do bolo fica por conta dos personagens: Não só Big Boss, mas todo o plantel de personagens secundários que abrilhantam e colorem a tela de The Phanton Pain são marcantes e carismáticos às suas maneiras.
Metal Gear Solid V: The Phantom Pain é a obra-prima de Hideo Kojima (que faz uma aparição bem interessante no game!) fechando a história que começou lá em 1987. Não só pelo caráter decisivo que esse episódio teve, mas pela perfeição com que foi concebido e colocado em prática, é seguro dizer que The Phantom Pain é um dos melhores jogos de todos os tempos.
Se eu desse notas, seria 10. Mas como eu não dou notas, vou dizer o seguinte:
- Te cuida Bruxão! Big Boss tá na tua cola!
Leon Cleveland é formado em Comunicação Social pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora. É fã de desenhos animados, mitologias, heavy metal, culinária, gastronomia, bacon e é completamente apaixonado por games. Tão apaixonado que sua Tese de Conclusão de Curso foi "O uso da Linguagem Cinematográfica nos Games". Já escreveu para várias publicações, analógicas e digitais, sobre o assunto e planeja se especializar na recente área de "Crítica de Videogames"
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