Guerra contra a nicotina
Conhe?a hist?rias de quem venceu o v?cio
e hoje tem uma vida saud?vel
Ana Let?cia Sales
04/09/02
O cigarro deixou h? muito de significar charme ou status e se tornou um grande vil?o que causa doen?as, muitas vezes fatais. Em Juiz de Fora os n?meros s?o assustadores: uma pessoa morre e tr?s s?o internadas todos os dias devido a doen?as provocadas pelo cigarro. No dia 29 de agosto, Dia Mundial de Combate ao Fumo, v?rias campanhas foram lan?adas e muitos n?meros apresentados. Mas como um fumante consegue se livrar do cigarro para sempre? Acompanhe depoimentos de pessoas que passaram uma parte da vida fumando, decidiram se libertar do v?cio e foram vitoriosos.
Choque salvador Vitor tinha um tio, Rafael Iorio, que era diretor de um hospial oncol?gico,
no Rio de Janeiro. "Certo dia meu tio me chamou para assistir a um v?deo
chamado 'Os efeitos do cigarro e o c?ncer de pulm?o' e eu fui assistir sem
muita motiva??o", conta. A fita mostrava os efeitos da fuma?a do cigarro
desde a tragada, passando pela traqu?ia, at? chegar ao pulm?o. "O v?deo
tinha imagens de um pulm?o com c?ncer que eram aterradoras. Eu sa? de l?
arrasado, foi um choque tremendo", diz. Ele conta que ao sair do pr?dio do hospital
entregou seu ma?o ao porteiro e nunca mais voltou a colocar um cigarro na
boca. O primeiro m?s sem cigarro foi um tormento para Vitor. A irrita??o era
constante e chegou a engordar alguns quilos. Ele passou a tomar
calmantes e a seguir algumas dicas preciosas. "Meu tio havia me dado uma
cartilha com conselhos para quem quer parar de fumar". A primeira mandava
trocar o pijama e a roupa de cama todos os dias durante uma semana. "Eu
fiquei impressionado com a cor amarelada com que meu pijama e o len?ol
ficavam. Era como se meu corpo estivesse se livrando de toda a nicotina
atrav?s do suor", afirma. Outra sugest?o era deixar de lado o caf?, os doces
e as bebidas alco?licas (principalmente a cerveja) por pelo menos tr?s
meses. Al?m disso, Vitor tomava um copo de ?gua pela manh? e ? noite antes
de deitar. J? s?o 23 anos sem colocar um cigarro sequer na boca. "Eu peguei avers?o at?
a fuma?a de cigarro. No local onde estou eu n?o aceito fumantes por perto",
diz. Ele explica que as dicas foram muito importantes para ele conseguir se
livrar da crise de abstin?ncia que causava grande mal-estar. "Mas a decis?o
de parar s? aconteceu porque eu tive um choque com o v?deo. E ? isso
que eu recomendo para quem quer deixar o v?cio: levar um grande
susto e come?ar, realmente, a temer o fumo". "Tentei parar v?rias vezes e era dific?limo! As tentativas foram frustradas,
mas eu sempre insistia, o que para mim era um bom sinal", conta. Ela acha
que os fumantes que nem sequer pensam na possibilidade de parar s?o pessoas
com total falta de amor pr?prio. "Al?m disso, dependendo da idade do
fumante, ele pode enfrentar o risco de doen?as irrevers?veis", alerta.
H? dois anos, o marido de Elza teve um acidente vascular cerebral (AVC) e ficou 11 dias em coma.
"Neste tempo eu consumi toda minha energia e fumava de dois a tr?s ma?os por
dia. Resolvi que no
dia que ele sa?sse do CTI, eu pararia de fumar, e assim foi", revela.
"Como eu poderia cuidar de algu?m se eu tamb?m ficasse doente? E o que teria
acontecido comigo? No final a combina??o do cigarro com o estresse mais a
depress?o seriam a receita para doen?as e at? para um infarto",
explica. Elza afirma que n?o fez nenhuma promessa, mas ela teve a certeza da
ajuda de Deus. "Eu pude ver claramente que n?o s? a minha vida dependia
desse ato como a de meu marido tamb?m", revela. Ela parou dentro do hospital. "N?o lembrei que existia cigarro e n?o passei
mal algum sem ele. Ao contr?rio, a cada dia me sentia menos intoxicada. A
conclus?o que cheguei foi de que o h?bito ? maior que o v?cio", diz. Ela
relembra que durante um bom tempo abria a gaveta pensando em pegar um
cigarro, e s? depois se dava conta de que n?o fumava mais. "?s vezes, quando
algu?m fumava perto de mim, eu quase pegava o cigarro pra dar um trago, mas
logo a vontade passava", afirma. Ela lembra que n?o existe glamour algum
em fumar, esqueceu o prazer que ele lhe dava e s? pensava nos in?meros males
que a nicotina causa. "Hoje tenho nojo do cheiro do cigarro! Foi uma fase
que passou", revela. Os males ajudam na decis?o "Um dia eu acordei e resolvi n?o fumar o primeiro do dia, passou a manh? e
eu n?o fumei, a tarde e tamb?m n?o peguei no cigarro. E estou at? hoje, h?
exatamente dois anos e dois meses, sem fumar", conta. Luciana afirma que
nunca havia tentado parar antes e que o in?cio foi dif?cil. "Principalmente
quando algu?m acendia um cigarro do meu lado. Com o tempo essa vontade foi
passando. Mas at? hoje, quando vou tomar minha cervejinha no final de
semana, a vontade volta. ? uma vontade diferente da que eu sentia no in?cio.
Agora a intensidade ? muito menor. Mas o desejo ainda bate...", diz. Luciana acredita que se a pessoa tomar a decis?o de parar por ela mesma, sem
sofrer nenhum tipo de press?o, a crise de abstin?ncia pode ser menor. "N?o
acredito em f?rmulas m?gicas para parar de fumar. S? depende da pessoa
querer e ter muita for?a de vontade. Quando a pessoa sente o desejo de
fumar, o melhor ? se
ocupar com alguma coisa. E nunca substituir por comida, para n?o engordar
muito" adverte. Logo que parou, Luciana conta que come?ou a comer demais,
pois ficava muito ansiosa. "Tive que me controlar, engordei tr?s quilos e
at? hoje n?o voltei ao me peso ideal. Mas depois de mais ou menos oito meses
a ansiedade foi melhorando at? passar", afirma.
A webdesigner, Elza Vandanezi Brasil (foto ? direita), de 45 anos, ? outro exemplo de for?a
de vontade. Ela fumou durante 28 anos cerca de um ma?o por dia. "Comecei aos
15 anos como todas as pessoas come?am. Pensava que apenas dando uns
tragos jamais iria viciar. Tamb?m achava charmosiss?mo", conta. Ela
explica que ao contr?rio da campanha contra o cigarro de hoje, na ?poca
todas as pessoas de destaque (atores e m?sicos) fumavam. "Diferente do que
acontece atualmente havia muito est?mulo", diz.