Segurança é principal dica para vencer o Miss Brasil GayAs Misses Brasil Gay Ava Simões e Layla Kenn dão seus conselhos para fazer uma boa apresentação e levar o título de transformista mais bela do país
Repórter
10/8/2010
Acreditar. Esse é o verbo que as candidatas ao Miss Brasil Gay 2010 devem conjugar se quiserem levar o título de transformista mais bela do país. A dica é de duas vitoriosas do concurso as misses Ava Simões e Layla Kenn, que confiaram em suas produções e performances para vencer o certame.
Atual mantenedora do título, Ava lembra que, além de vencer as demais concorrentes, ela tinha a obrigação de estar melhor em cada um dos quatro anos que concorreu à faixa e à coroa de Miss Brasil Gay. "Vinha em uma crescente e minha maior concorrente era a Ava do ano anterior. Além de superar as outras misses, tinha que ser melhor que a Ava de 2006, a de 2007 e a de 2008. Para quem está voltando ao concurso, a disputa é muito mais difícil."
Ela afirma que encarar as demais candidatas pode dar medo. "A candidata tem que estar com a autoconfiança muito bem trabalhada. Acreditar no que está usando, na performance que vai apresentar, nas pessoas que fazem a sua produção. E na hora de pisar na passarela, esquecer do mundo, esquecer das concorrentes, colocar um sorriso lindo no rosto e desfilar bem suave."
Mas não é nada fácil acalmar os ânimos. "Só fui relaxar às 16 horas do dia do evento, quando meu traje típico funcionou. Saía de uma caixa de bombom, que rodava e virava uma fábrica, onde estava. O comando era feito por controle remoto, que eu mesma operava. Se eu apertasse alguma coisa errada, teria dado errado, seria um vexame. Quando testei e deu certo, comecei a chorar de felicidade", conta.
Lágrimas e nervosismo comuns em cada anúncio das vencedoras. Na primeira tentativa, disputada em 2006, Ava estava certa de que estava linda. "Quando cheguei ao concurso e vi aquele monte de candidatas lindas, pensei: 'Se eu ficar entre as 12 finalistas, já vai ser ótimo'." O resultado foi o último lugar no concurso. "Se quem ganha é a transformista mais bonita, fui a mais feia naquele ano", brinca. No ano seguinte, o terceiro lugar a surpreendeu. "Quando anunciaram a quinta e a quarta melhores, torci para ser pelo menos a terceira e deu certo." Em 2008, o acúmulo de prêmios soava como a certeza de levar a coroa. "Já estava agradecendo a Deus por ter ganhado tudo e, quando falei a palavra 'tudo', fui anunciada como a segunda colocada."
Em 2009, o título veio acompanhado de todos os prêmios, o que não aliviou o coração de Ava, antes de ser anunciada a Miss Brasil Gay daquele ano. "Comecei a ficar nervosa quando levei o Júri Popular. Os prêmios foram chegando e quando fui eleita foi uma felicidade. O sentimento é de missão cumprida. Acabaram-se as lágrimas, acabaram-se os gastos, toda a preocupação foi embora. Consegui realizar meu sonho."
Layla Kenn confiou no bom trabalho
A Miss Brasil Gay 2006, Layla Kenn, confiou em sua preparação para espantar o nervosismo na passarela. Ela buscou o título durante três anos consecutivos. "Em 2004 dei pouco importância para a minha performance e em 2005 fui bem. Mas em 2006 a preparação foi maior. Corrigi meus erros, acertei os trajes, fiquei mais atenta com o meu desfile. Estava realmente preparada."
A confiança fez com que a postura de Layla na passarela não fosse abalada. "Não adianta ficar nervosa de última hora, senão você estraga tudo o que fez certo." Ela acredita que a performance apresentada no desfile da fantasia típica fez a diferença. "Fui a primeira a mostrar uma transformação com o traje típico. Fui, também, a segunda negra da história a vencer o concurso. Tudo aconteceu na hora certa."
Ela se emociona a cada vez que assiste ao instante em que foi anunciada como a transformista mais bela do Brasil. "É um momento que vou guardar para sempre e chorar toda a vez que rever. É uma emoção que não há como medir, é o sonho de todas as transformistas do Brasil. Fazer parte da história de um concurso que está vivo há 34 anos é maravilhoso."
Recompensas e responsabilidades
Junto com o título de Miss Brasil Gay vêm as recompensas e responsabilidades. Segundo Layla, a coroa foi uma boa porta para viajar pelo Brasil e divulgar seus shows de transformismo. "Eu já era conhecida na noite paulistana. Não fui uma miss que virou artista e sim uma artista eleita Miss Brasil. Então, eu não era só uma presença em festas e eventos, era uma atração."
Ava aponta as responsabilidades de um reinado que, segundo ela, só é digno porque foi concedido pelo público. "Os promotores de outros estados querem a nossa presença em festas, mas esperam também que estejamos à disposição, que conversemos com os convidados e sejamos agradáveis com todos. Fiz bem esse papel, com muita humildade, que é o que a próxima miss precisa ter."
A miss admite que ainda não está preparada para o momento de passar o título. "'Agora vou ser ex-miss, vão esquecer de mim.' A gente acha essas coisas, mas tenho que pensar que curti o meu reinado e representei bem o concurso. Daqui a alguns anos vamos saber se marquei ou não a história do Miss Brasil Gay."
Os textos são revisados por Thaísa Hosken
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