Entrevista: Movimento Gay de Minas

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III Juiz de Fora Rainbow Fest

Entrevista - Movimento Gay de Minas

Marco Trajano (? esquerda) e Oswaldo Braga, fundadores do rec?m-criado Movimento Gay de Minas revelam ao JF Service como surgiu o grupo e quais s?o as perspectivas para este ano. Juizforano, Trajano ? coordernador do Programa DST/Aids da Secretaria Municipal de Sa?de. Formado em administra??o, nunca teve problemas em assumir sua homossexualidade, j? que sempre teve o apoio da fam?lia. H? oito anos, namora com Osvaldo Braga e, em 1996, os dois tomaram a atitude de promover o primeiro f?rum de debates sobre homossexualidade, o Rainbow Fest. Osvaldo ? de Belo Horizonte e h? pouco tempo se mudou para Juiz de Fora. Formado em Rela?es P?blicas, ? ele quem assina a do site do MGM.

JFService - O que motivou a cria??o do Movimento Gay de Minas?
MGM - O Rainbow Fest ? muito pontual, acontece apenas uma vez por ano. Criar o MGM era uma forma de manter a atua??o durante todo o ano. S? atrav?s do Rainbow Fest isso n?o era poss?vel. Mas s? em junho de 2000, registramos o MGM, depois de discutirmos exaustivamente qual seria o formato do MGM.

JFService - E qual ? esse formato?
MGM - N?s queremos discutir a homossexualidade como um todo. O que a gente tenta provar ? que n?o existe nada de desumano na sexualidade, ou seja, tudo ? da natureza do ser humano. Mas existem muitos preconceitos que s?o imbutidos pela sociedade desde a inf?ncia. Se voc? nasce menina, sua educa??o parte para um lado. Se ? menino para outro. O menino tem liberdade ? e educado para ser sedutor. J? a menina ? educada para reprimir seus instintos, brincar dentro de casa, negar sua sexualidade. Queremos trabalhar estas quest?es para promover a desmitifica??o da sexualidade.

JFService - E voc?s se inspiraram em algum grupo para criar o MGM?
MGM - Analisamos alguns estatutos, mas o grupo tem alguns pontos bem diferentes. A maioria dos grupos gays trabalham a quest?o da m?tua ajuda, ou seja, fazem reuni?es semanais peri?dicas sobre os medos, as ang?sticas e os problemas dos homossexuais. Acreditamos que isso ? importante, mas o foco do MGM ? fazer um trabalho junto ? sociedade. Esclarecer aspectos da homossexualidade e da heterossexualidade. Assim, quanto mais gente conhecer o nosso trabalho, mais f?cil ser? o processo de recupera??o da auto-estima e da redu??o do preconceito. Da? a necessidade de atuar junto ?s escolas e da Pol?cia Militar.

JFService - Quantas pessoas atuam no movimento?
MGM - Contamos com uma s?rie de colaboradores, mas os associados n?o t?m a obriga??o de assumir sua sexualidade. Muitos n?o se identificam por receio de serem discriminados ou at? mesmo demitidos. Hoje, 15 pessoas trabalham diretamente para o movimento.

JFService - Quem pode participa do MGM?
MGM - Qualquer pessoa pode fazer parte do MGM. A ?nica exig?ncia ? a causa homossexual seja o que move a pessoa. N?o h? necessidade de aparecer, de participar de passeata. H? algumas correntes que exigem que os gays se assumam. O MGM acredita que cada um tem seu tempo. S? a diretoria tem que assumir que ? gay. Como posso lutar pelos gays, se eu n?o for um deles.

JFService - Quais s?o os resultados da atua??o do MGM?
MGM - Al?m do Rainbow Fest, conseguimos aprovar a lei 9.791 e o apoio da Pol?cia Militar de Belo Horizonte. Vamos ministrar cursos para os policiais ap?s a realiza??o do RainBow Fest. Os cursos v?o orientar os PMs a lidar com os homossexuais de rua.

JFService - Qual ? a prioridade do MGM no momento?
MGM - Os homossexuais de rua s?o nossa prioridade. Eles t?m um estere?tipo muito marcante. S?o homens que assumem o g?nero oposto e lan?am m?o do silicone e usam roupas de mulher. O travesti geralmente ? associado ao roubo, ? pervers?o e ? prostitui??o. Dificilmente, tem acesso ao mercado de trabalho, por conta de sua apar?ncia, mas muito deles se pudessem optar n?o estariam ali. Nossa inten??o ? orientar os policiais de Belo Horizonte a promoverem uma abordagem mais pac?fica, com mais toler?ncia e entendimento.

JFService - E os planos para esse semestre?
MGM - No segundo semestre, vamos lutar para que o Centro de Refer?ncia, citado no par?grafo 14 da lei 9.791, seja implantado at?o in?cio do pr?ximo ano. Atrav?s do Centro poderemos promover um trabalho de reinser??o do GLBT (gays, l?sbicas, bissexuais e transg?neros).

JFService - O Miss Gay serviu de gancho para o Rainbow Fest?
MGM - Sim. Os gays estavam na cidade para assistir ao Miss Gay. Pensamos: "Por que n?o aproveitar para discutir um assunto s?rio?

JFService - No primeiro ano, houve alguma dificuldade para promover o evento?
MGM - No in?cio, foi dif?cil, porque geralmente as pessoas associam homossexuliadade a homoerotismo. Apresentamos um projeto ? Prefeitura que associava homossexualidade ? cidadania. Depois que viram a grade de palestras e o potencial do nosso trabalho, nos apoiaram.

Como voc?s avaliam o sucesso da Parada Gay em S?o Paulo
MGM - Os gays est?o conseguindo uma visibilidade incontest?vel. S?o Paulo conseguiu colocar 120 mil pessoas na rua e ainda conseguiu patrocinadores de peso. Sem falar na participa??o de pol?ticos como a Marta Suplicy. Isso demonstra que somos um segmento da sociedade que n?o pode ser desconsiderado.