Centro Cultural Dnar Rocha recebe desfile de moda afrocentrada
O Centro Cultural Dnar Rocha, localizado na Rua Mariano Procópio 973, em frente ao Parque do Museu Mariano Procópio, será cenário do pré-lançamento da coleção de moda “É sobre liberdade”, da grife Malonescria, que tem como estilista chefe Jullyo Mallone. O evento acontece nesta sexta-feira (28) às 20h, com entrada franca e livre para todos os públicos.
A Malonescria é uma marca que busca ressignificar o espaço da moda no mundo contemporâneo, investindo em um conceito com eixo na perspectiva africana, portanto, desconstruindo a influência europeia que predomina no mercado. “Todo conceito dessa primeira coleção gira em torno da importância do ato de se vestir. Nossa intenção é mostrar que usar uma roupa não tem relação apenas com consumir um produto; existem muitas histórias por trás desse ato, que revelam como nós pessoas pretas enxergamos ou não enxergamos nossos pensamentos sobre roupas”, analisa o estilista.
Ele afirma que o povo preto ama se vestir, mas esbarra em um racismo gigantesco na cena da moda. “Isso cria bloqueios nas nossas escolhas. O ‘esquecimento’ das nossas histórias fez com que, por muito tempo, não tivéssemos representatividade, o que dificultou a construção de um estilo próprio, uma identidade no vestir, afetando nosso bem-estar. Frequentemente, a moda preta é marginalizada e o mercado dita o que se encaixa pra nós.”
Ainda conforme Jullyo, “a coleção ‘É sobre liberdade’ vem para fazer essa quebra de padrões imposta sobre nossos corpos, nossa cor de pele. A ideia é aproximar e provar que moda tem a ver com se sentir bem com o que você está vestindo. Busca respeitando significados que fazem sentido para a pessoa negra, seus ideais, gostos e vontades. Não aceitamos o que a moda branca eurocentrada defina o que você pode ou não usar. A coleção incentiva o usuário a se sentir livre nas escolhas e a ter coragem de assumir o controle dos seus desejos e da sua personalidade.”
Já o coordenador-geral do Centro Cultural Dnar Rocha, Fernando Valério, destaca a importância de abrir as portas do equipamento urbano, para falar de moda fora dos padrões impostos pelo mercado ao longo dos anos. “Estamos abrindo espaço para incentivar a reflexão sobre a produção artística de forma crítica e não submissa às imposições mercadológicas. Além disso, é uma oportunidade para nossos alunos do curso de moda verem a aplicação da teoria aprendida nas aulas, acompanhando o processo de desenvolvimento de uma coleção.”