Cultura nos anos 80 em Juiz de Fora
| |
Rep?rter Chico Brinati
Colabora??o: Renata Silva
A renova??o e reafirma??o liter?ria da cidade ganhou corpo logo no in?cio da d?cada, em 1981, a partir da primeira Mostra de Poesia de Juiz de Fora , organizada por membros do Diret?rio Acad?mico do Instituto de Ci?ncias Humanas e Letras (ICHL) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O evento abrigou todo tipo de poesia e teve uma visita??o intensa. A experi?ncia positiva rendeu novas articula?es no campo liter?rio. Mauro Fonseca, Suraya Mockdece, Jos? Santos, Wanderlei Dornelas e Fernando Fiorese (foto ao lado) se reuniram para experimentar um novo formato de literatura na regi?o. Pregos, barbante e megafone eram os principais acess?rios para a montagem do Varal de Poesias - Literatura e pol?tica de m?os dadas, que acontecia aos s?bados, no Parque Halfeld. Al?m dos versos ao vento, havia shows de m?gica com Robson Terra, apresenta?es de break, esquetes teatrais com o Teatro de Quintal e o Teatro EN-CENA, entre outras atra?es. Gente daqui e de outras regi?es enviavam seus poemas para participar do Varal, entre eles, Tanussi Cardoso (RJ), Floriano Martins (PE), Aristides Clafke (SP), Clarice Dolabella (BH), Alcides Buss (SC), Luiz Guilherme Piva (Ub?). A movimenta??o intensa gerou um outro ve?culo liter?rio: a Revista D'Lira, cujo nome foi sugerido por Petr?nio Dias. O objetivo era produzir algo mais elaborado. Ap?s reuni?es intermin?veis e muitas discuss?es, veio o primeiro n?mero, em 1983. Alguns deles marcaram ?poca, como o saudoso S?o Mateus, que ficava ao lado
da igreja do bairro, e trazia o melhor da m?sica e artes c?nicas. Inaugurado
em 1985, com a pe?a "Eterna Luz entre um Homem e uma Mulher", de Mill?r
Fernandes, o teatro teve em sua primeira apresenta??o um representante da
cultura na cidade: Robson Terra. Atores conhecidos hoje, como Pedro Bismarck
(Nerso da Capitinga) e Marcos Marinho (Teatro EN CENA - leia o
depoimento!) come?aram suas carreiras l?. Surge Henrique Sim?es, os caf?s concertos, com Robson Terra, e o Teatro de
Quintal, de Gueminho Bernardes. A cidade foi palco tamb?m de espet?culos que
vinham de grandes centros, como Belo Horizonte, Rio de Janeiro e S?o Paulo.
Juiz de Fora "viveu tempos" de Funalfa, das obras do teatro Pascoal Carlos
Magno, que acabou n?o sendo finalizado. "No in?cio dos anos 80, com o fim da censura, come?am a surgir grupos voltados para o besteirol e uma s?rie de autores que v?o se firmando. As pessoas passam a relaxar em rela??o a cr?tica e a ditadura e
come?am a contar mais hist?rias. Foi um tempo de solidifica??o para o
Divulga??o", diz. Na galeria Pio X, havia um centro de estudos do cinema e era poss?vel conseguir, ainda, alguns lan?amentos do circuito alternativo. ? imposs?vel esquecer o Cine Festival, que acontecia no Cine-Theatro Central, com os filmes de arte de import?ncia internacional. Cine Excelsior, Veneza, Palace (em sua primeira edi??o) e Rex tamb?m deixaram saudades. Tinha tamb?m o tradicional reduto do samba, conhecido como Bar do Beco, onde eram elaboradas as composi?es para os carnavais de rua. O cal?ad?o da Rua Halfeld era marcado por charmosos restaurantes, como o Fais?o Dourado, que reunia gente bonita e famosa. Para os mais moderninhos, havia as casas noturnas Marrakesh e Vitr? que j? previam a onda da m?sica eletr?nica dos anos 90. Os universit?rios queriam mesmo ? dan?ar Atr?s das Bananeiras (veja as fotos!). Isso mesmo! Na avenida Independ?ncia, existia um bar com esse nome - que como diriam as nossas vovozinhas - "deixava qualquer um de cabelo em p?". O nome da casa veio da concep??o original do local: bananeiras que ocupavam parte do terreno. As atra?es eram diversas e reuniam shows de punk e rock, teatro, dan?a e recitais de poesia. O resultado: toda a semana tinha um cambur?o da pol?cia parado na porta. Paradoxalmente, com a abertura pol?tica, o bar foi fechado pela prefeitura. Um abaixo-assinado foi organizado pelos freq?entadores do local, mas de nada adiantou. Outra atra??o alternativa, era a sede do Diret?rio Central dos Estudantes (DCE), que at? hoje fica na Avenida Get?lio Vargas esquina com a Rua Floriano Peixoto. L?, al?m das reuni?es pol?ticas, aconteciam festas alucinantes, jamais vistas em outras datas. Outras casas noturnas da ?poca: Delirium Tropical (Avenida Rio
Branco), Dream's Discoteca (Avenida Rio Branco), Karavan (Galeria Pio X),
Pirandello (Rua Oswaldo Aranha).
No mesmo ano, foi lan?ada a campanha de tombamento do Cine-Theatro Central.
Popula??o, classe art?stica e imprensa se uniram para conservar a mais bela
casa de espet?culos da cidade. O projeto do arquiteto Rafael Arcuri e os
afrescos de Ang?lo Biggi ganharam prote??o para vivenciar mais um pouco da
hist?ria.
Outros lugares n?o tiveram a mesma sorte e sofreram as conseq??ncias do
descaso, como a Capela do Stella Matutina (Avenida Rio Branco - galeria de
arte e espa?o para shows. Entre os mais marcantes, o de Hermeto Paschoal -
e os casar?es da Avenida Rio Branco.
O teatro juizforano na d?cada de 80 foi caracterizado pela censura da Ditadura Militar e pela descoberta de espa?os alternativos para as apresenta?es. Bares do circuito cultural, campus da UFJF, ruas e pra?as
eram palcos para espet?culos dos grupos locais. N?o que a cidade n?o fosse
bem servida de teatros. Em 1987, Juiz de Fora possu?a sete: Cine Theatro
Central, Centro Cultural Pr?-M?sica, F?rum da Cultura, SESC, SESI, Espa?o
Mascarenhas e S?o Mateus.