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Atire a primeira pedra quem n?o tem um sentimento nost?lgico pela fervilhante Juiz de Fora cultural dos anos 80. Teatro, m?sica, artes pl?sticas e literatura nunca estiveram t?o impregnados no cotidiano da cidade como na intitulada por alguns como "d?cada perdida" economicamente. As artes estavam espalhadas por todos os cantos, com apresenta?es em ruas, pra?as e igrejas, fazendo da Manchester Mineira um verdadeiro palco a c?u aberto.
Bares
Se voc? curtiu a d?cada de 80 por aqui, provavelmente, j? se rendeu a uma
noitada no Raffa's ou no Vivabella. Se era daqueles que vivia
passando pelo centro da cidade, o Bar Redentor era parada obrigat?ria
para uma boa discuss?o com os punks, estudantes, artistas, sindicalistas e
bo?mios.
Tinha tamb?m o tradicional reduto do samba, conhecido como Bar do Beco, onde eram elaboradas as composi?es para os carnavais de rua. O cal?ad?o da Rua Halfeld era marcado por charmosos restaurantes, como o Fais?o Dourado, que reunia gente bonita e famosa. Para os mais moderninhos, havia as casas noturnas Marrakesh e Vitr? que j? previam a onda da m?sica eletr?nica dos anos 90.
Os universit?rios queriam mesmo ? dan?ar Atr?s das Bananeiras (Veja as fotos!). Isso mesmo! Na avenida Independ?ncia, existia um bar com esse nome - que como diriam as nossas vovozinhas - "deixava qualquer um de cabelo em p?". O nome da casa veio da concep??o original do local: bananeiras que ocupavam parte do terreno. As atra?es eram diversas e reuniam shows de punk e rock, teatro, dan?a e recitais de poesia. O resultado: toda a semana tinha um cambur?o da pol?cia parado na porta. Paradoxalmente, com a abertura pol?tica, o bar foi fechado pela prefeitura. Um abaixo-assinado foi organizado pelos freq?entadores do local, mas de nada adiantou.
Outra atra??o alternativa, era a sede do Diret?rio Central dos Estudantes (DCE), que at? hoje fica na Avenida Get?lio Vargas esquina com a Rua Floriano Peixoto. L?, al?m das reuni?es pol?ticas, aconteciam festas alucinantes, jamais vistas em outras datas.
Cinemas Na galeria Pio X, havia um centro de estudos do cinema
e era poss?vel conseguir, ainda, alguns lan?amentos do circuito alternativo.
? imposs?vel esquecer o Cine Festival, que acontecia no Cine-Theatro
Central, com os filmes de arte de import?ncia internacional. Cine Excelsior,
Veneza, Palace (em sua primeira edi??o) e Rex tamb?m deixaram saudades. Teatros
Atores conhecidos hoje, como Pedro Bismarck (Nerso da Capitinga), Marcos
Marinho (Teatro EN CENA - leia o depoimento!) e Gueminho (TQ), come?aram suas carreiras l?.
As apresenta?es teatrais tamb?m eram realizadas em locais alternativos, como
no campus da UFJF, no Parque Halfeld e em bares do circuito cultural.
Alguns teatros marcaram ?poca, como o saudoso S?o Mateus, que ficava
ao lado da igreja do bairro, e trazia o melhor da m?sica e artes
c?nicas. Inaugurado em 1985, com a pe?a Eterna Luz entre um Homem e uma
Mulher, de Mill?r Fernandes, o teatro teve em sua primeira apresenta??o
um representante da cultura na cidade: Robson Terra.
Jos? Luiz Ribeiro? (pedir depoimento) Henrique Sim?es ? (pedir depoimento)
Luta pelo patrim?nio hist?rico
No mesmo ano, foi lan?ada a campanha de tombamento do Cine-Theatro Central.
Popula??o, classe art?stica e imprensa se uniram para conservar a mais bela
casa de espet?culos da cidade. O projeto do arquiteto Rafael Arcuri e os afrescos de Ang?lo Biggi ganharam
prote??o para vivenciar mais um pouco da hist?ria.
Outros lugares n?o tiveram a mesma sorte e sofreram as conseq??ncias do
descaso, como a Capela do Stella Matutina (Avenida Rio Branco - galeria de
arte e espa?o para shows. Entre os mais marcantes, o de Hermeto Paschoal -
veja a foto!) e os casar?es da Avenida Rio Branco.
Literatura O grupo de novos poetas teve como espelho nomes que retratam o melhor da
poesia juizforana, como Pedro Nava, Murilo Mendes e Affonso Romano de
Santana e conseguiram dar f?lego a outras margens da literatura. O jornal Bar Brazil, a Revista Bizz?, o folheto Abre Alas e outros trabalhos que foram concebidos na cidade ganharam proje??o dentro e fora do p?is. Gente daqui e de outras regi?es enviavam seus poemas para participar do
Varal, entre eles, Tanussi Cardoso (RJ), Floriano Martins (PE), Aristides
Clafke (SP), Clarice Dolabella (BH), Alcides Buss (SC), Luiz Guilherme Piva
(Ub?). A movimenta??o intensa gerou um outro ve?culo liter?rio: a Revista
D'Lira, cujo nome foi sugerido por Petr?nio Dias. O objetivo era
produzir algo mais elaborado. Ap?s reuni?es intermin?veis e muitas
discuss?es, veio o primeiro n?mero, em 1983. Frases "Depois da anistia, fomos os primeiros a ter o alvar? ca?ado em Juiz de
Fora. O bar ficou fechado por um ano". "Os anos 80 foram os anos de pesquisa, de estudo, de leitura e,
principalmente, de descobrimentos". "Fazer o Varal de Poesias era quase uma opera??o de guerra. A ditadura n?o
estava enterrada. A pessoa que emprestava o mime?grafo n?o era
identificada". "Ajudei na funda??o do PT, corri todos os lugares defendendo a Anistia e a
Redemocratiza??o. E chacoalhamos tamb?m a cultura de Juiz de Fora". "Personagens an?nimos ou ilustres fizeram dos anos 80, em Juiz de Fora, um
diversificado painel. As novas gera?es seguramente t?m nessas personagens
uma refer?ncia de vida e de dedica??o ?s conquistas, vivenciadas pela
cidade."
A renova??o e reafirma??o liter?ria da cidade ganhou corpo logo no in?cio da
d?cada, em 1981, a partir da primeira Mostra de Poesia de Juiz de
Fora, organizada por membros do Diret?rio Acad?mico do Instituto de
Ci?ncias Humanas e Letras (ICHL) da Universidade Federal de Juiz de Fora. O
evento abrigou todo tipo de poesia e teve uma visita??o intensa.
"Na d?cada de 80, o Brasil n?o cresceu economicamente, mas evoluiu em
comportamento."
Humberto Nicoline, jornalista fotogr?fico
Anderson Her?dia, produtor cultural - um dos propriet?rios do bar Atr?s das
Bananeiras
Luizinho Lopes, m?sico
Fernando F?bio Fiorese Furtado, jornalista, escritor e poeta - um dos
organizadores do Varal de Poesias
Luiz Ruffato, jornalista e escritor
Jorge Sanglard, jornalista e escritor