Depoimentos sobre a pol?tica nos anos 80 em Juiz de Fora
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Rep?rter: Silvia Zoche
Veja abaixo relatos de algumas pessoas que viveram o cen?rio pol?tico da d?cada de 80 em Juiz de Fora. Elas relembram acontecimento importantes, confira:
Checker destaca sua participa??o pol?tica ao entrar na Universidade, no final de d?cada de 70. "O ponto culminante foi o prosseguimento pela redemocratiza??o do pa?s e a luta estudantil que foi muito importante", diz. Ele relembra que a reconstru??o da Uni?o Nacional dos Estudantes (UNE), em 1979, em Salvador foi acontecimento marcante. "Fui ao Congresso e era um dos representantes. O governo militar tentou impedir a reuni?o, jogaram grampos nas ruas para furar pneus. A ilumina??o era prec?ria e foi muito tenso", conta.
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Antes de falar sobre a d?cada de 80, Costa lembra que o golpe militar foi a maior decep??o de seu pai. "A id?ia dele, que era ferrovi?rio, era bloquear o avan?o das tropas, mas as pessoas que haviam combinado n?o foram. A sociedade foi tencionada e acredito que n?o teve jeito: os militares tomaram o poder. O Brasil n?o andava e Jo?o Goulart n?o tinha mais voz de comando", analisa. Para Pantera, o Brasil viveu um hiato: 21 anos de ditadura. "Comparo com a sensa??o do Monumento dos Pracinhas, os soldados que morreram na 2? Guerra Mundial. Eles n?o se realizaram plenamente, porque foram defender uma causa que n?o era deles". Ele se diz uma das v?timas da ditadura, "v?tima existencial", porque perdeu um amigo que defendia a causa dos grileiros e outro que "pirou e se matou". "Ohando pra tr?s vejo que n?o tinha jeito mesmo e acredito na possibilidade disso acontecer novamente. O alto comando das For?as Armadas est?o, atualmente insatisfeitos. Sinto que vivo, novamente, o clima pr?-64", afirma. Ele chegou a Juiz de Fora em 1974, passou pelo PCB, na clandestinidade, depois MDB e em 1980, na funda??o do PT na cidade era um dos delegados, mas n?o p?de ir devido ao nascimento da filha. Em 82, voltou para Tr?s Rios, onde candidatou-se a prefeito. "Tive um desentendimento s?rio com o PT e sa?. Entendi que o partido era um subproduto da ditadura", comenta. Foi para o Rio de Janeiro e cursou a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e trabalhou numa produtora na ?rea de jingles. "Por coincid?ncia, Artur da T?vola, Sergio Cabral e Afonso Cabral de Melo Franco estavam em campanha pelo PSDB e foram ? Ag?ncia e me conheceram", conta. Depois de participar da funda??o do PSDB voltou ? Juiz de Fora e novamente para o Rio, onde ficou at? 1996. Mas, Pantera volta no tempo e fala de uma ?poca marcante na d?cada de 80: as Diretas. "Foi marcante, porque tinha a expectativa da aprova??o da emenda", que foi derrotada na C?mara dos Deputados em 25 de abril de 1984. "Uma vers?o muito aceita ? que Tancredo Neves (ent?o governador de Minas Gerais) era contra ? emenda, porque Ulysses Guimar?es seria candidato contra Leonel Brizola e temia que Ulysses perdesse", diz. Segundo Pantera, o "azar dos azares" foi ter Jos? Sarney, vice-presidente de Tacredo Neves como presidente, na elei??o indireta em 1985. "A gente recebia o sal?rio do m?s e tinha que comprar tudo na hora, porque a infla??o era enorme. Eu n?o tinha dinheiro para sair no fim de semana, ent?o a divers?o era abrir a dispensa e ver o que tinha mantimento", diz. Como m?sico, Pantera analisa os anos 80 como o per?odo em que "a milit?ncia migrou para o rock. Em 1989, por exemplo, eu que abri o showm?cio de Lula no 2? turno, candidato a presidente, mesmo tendo apoiado M?rio Covas no 1? turno. Toquei de gra?a, porque todos eram contra Collor. O mais curioso ? que na ?poca da ditadura falava-se muito do amanh?. Quando veio o amanh?, veio o Collor. Outra decep??o.", lembra. |
Ele conta sobre sua elei??o no fim de 1982, para prefeito, com 42 anos, assumindo em 1? de fevereiro de 1983, per?odo ainda autorit?rio. "Mesmo assim come?amos com um tipo de a??o de democracia participativa, com forte controle social do poder municipal, o que era absolutamente estranho para ?poca", afirma.
A pr?tica de participa??o n?o era f?cil, j? que o pa?s, como um todo, havia
vivido 20 anos de ditadura. "As pessoas ficavam temerosas e corria-se um
certo risco, claro. Foi dif?cil, mas havia uma turma de vanguarda, que tinha
coragem de avan?ar dessa forma". Ao ser prefeito, pela primeira vez, conta que formou uma equipe com pessoas
novas, como ele diz, "a meninada da faculdade". "Eles participavam com
resist?ncia ? ditadura e conscientes. Causou-se um estranhamento, porque n?o
foram pessoas de indica??o", recorda-se.
A primeira a??o de seu mandato que recorda-se foram os mutir?es dominicais.
"?amos aos bairros, todos os secret?rios, and?vamos e v?amos os problemas do
local e depois de uma reuni?o e debates, perguntava-se a comunidade quais os
problemas mais graves, de prioridade. Lan?amos um trabalho em mutir?o para
fazer rede de esgoto, entre outras coisas, com a ajuda dos moradores que
quisessem. ?amos com os t?cnicos e os moradores ajudavam. A melhor obra que
havia era essa, porque havia esp?rito comunit?rio".
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Na ?poca de faculdade, cursando Hist?ria, ele conta que o Instituto de Ci?ncias Humanas e Letras (ICHL) mobilizava-se em torno de quest?es como acesso dos alunos ao Campus, defesa ad Universidade p?blica e Restaurante Universit?rio (RU). Medeiros participava ativamente e chegou a ser foi secret?rio do Diret?rio Acad?mico (DA) do ICHL. "Nasci de um grupo respons?vel pela primeira greve na universidade. O DCE (Diret?rio Central dos Estudantes) era, naquele momento, o grande catalisador de outros espa?os da cidade.Isso contribuiu muito para quebrar a ditadura", conta. Tamb?m fez parte do movimento que fundou o Partido do Trabalhadores (PT), em Juiz de Fora. "Reun?amos no sal?o da Igreja da Gl?ria. Todos que estavam envolvidos tiveram um papel importante". Em 1980, formou-se em Hist?ria, ?poca do governo militar de Jo?o Batista de Oliveira Figueiredo. "Fiz um concurso e passei em 1? lugar - certa contradi??o - no Minist?rio da Aeron?utica, na ?poca da abertura pol?tica, em 1984/85", diz. Ele lembra que o processo de abertura foi negoci?vel e que as Diretas J? legitimaram uma negocia??o palaciana, "um processo que n?o rompesse com os militares". Para Medeiros, o rompimento da ditadura trouxe um novo eixo no movimento estudantil. "H? a introdu??o sobre discuss?es de sexualidade, comportamento (drogas, m?sica, cultura...), explos?o de bandas, teatro, tudo isso para expressar o mundo pol?tico em outros ramos", relembra. |
Para ele, os trabalhadores n?o estavam envolvidos com as Diretas, mas que a partir dos primeiros com?cios, a grande imprensa come?ou a divulgar. "Em Juiz de Fora, teve um com?cio na Pra?a da Esta??o, em que falei bastante. Nesse dia, estavam presentes, inclusive, Ulysses Guimar?es e Itamar Franco. Foi bem popular e n?o somente com a presen?a de grupos diretivos". Recorda-se, tamb?m, que as lideran?as pol?ticas estavam a favor. |