Glamour perdido

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Glamour perdido

A "Manchester mineira"

No in?cio do s?culo, Juiz de Fora recebia o impulso desenvolvimentista das primeiras f?bricas implantadas no Brasil. A cidade era o centro de converg?ncia da produ??o de caf?, transportada para o porto do Rio de Janeiro pela estrada-de-ferro. O movimento dos tropeiros, a presen?a dos imigrantes alem?es e a cria??o das ind?strias envolviam Juiz de Fora em um glamour comparado ao de poucas cidades brasileiras.

S? para se ter uma id?ia, em 1910, a cidade possu?a nada menos que 17 ind?strias, 312 estabelecimentos comerciais, 31 de servi?os, 21 m?dicos e seis col?gios. Com 30 mil habitantes, a Juiz de Fora do in?cio do s?culo era a maior cidade do estado de Minas.

O edif?cio "Reparti?es Municipaes" (foto) - antiga sede da Prefeitura, localizado em frente ao Parque Halfeld - foi inaugurado em 1918. O projeto foi feito pelo arquiteto Raphael Arcuri, respons?vel tamb?m pela planta de v?rias outras obras. O pr?dio, cuja constru??o foi autorizada pelo vereador Menezes Filho em 1916, custou 56 contos de r?is aos cofres p?blicos.

Nesse per?odo, n?o havia um prefeito propriamente dito. O presidente da C?mara Municipal era quem ocupava o cargo. "Em 1915, o agente do Executivo, que n?o era o prefeito como a gente chama hoje, corria a cidade a cavalo", conta o ex-vice-prefeito.

O cen?rio ficava completo com os bondes, que circularam na cidade entre 1906 e 1969. Se hoje ? imposs?vel ignorar o buzina?o dos autom?veis e ?nibus, naquele tempo, a popula??o se locomovia ao som de campainhas. Os dois primeiros bondes el?tricos foram inaugurados pela Companhia Mineira de Eletricidade, em um momento em que se vivia o esplendor da economia local e Juiz de Fora desfrutava de destaque n?o s? no estado, mas no pa?s.

O escritor Pedro Nava descreve, em suas mem?rias, o movimento desses meios de transporte: "N?o iam, nem vinham. Passavam com gente grande brincando de se sacudir naquelas cadeiras de balan?o em cima dos trilhos". Brincadeiras de um tempo que n?o volta mais...