Cooperativismo

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Cooperativas Populares

Trabalhos no setor transformam
desempregados em patr?es

Rep?rter Ana Maria Reis
19/06/2000

O cooperativismo no Brasil est? crescendo. A OCB (Organiza??o das Cooperativas Brasileiras) conseguiu cadastrar 19,9% das cooperativas legalizadas e atuantes no mercado - cerca de mil empresas de pequeno e m?dio porte, empregando, em m?dia, 234 cooperados. Informalmente, as cooperativas s?o respons?veis por gerar 6% do PIB nacional (Produto Interno Bruto), segundo dados dispon?veis no site explicativo www.cooperativa.com.br.

A Abracoop (Associa??o Brasileira para o Desenvolvimento das Cooperativas de Trabalho e de Servi?os) tamb?m disponibiliza estudos do cooperativismo no Brasil que relatam o crescimento do setor. Em m?dia, para cada cooperativa aberta e em atividade econ?mica com desempenho satisfat?rio, abrem-se 30 novos postos de trabalho. De acordo com o Anu?rio da OCB, de 1999, tem-se em m?dia cerca de 30 cooperados por 1 empregado e 30 empregados por uma cooperativa atuante no mercado econ?mico brasileiro. Apesar deste crescimento considerado favor?vel, o pa?s n?o tem uma cultura de cooperativismo. As regi?es mais atuantes s?o a sudeste e a nordeste, sendo que a primeira abriga 71,4% destas empresas. Outro aspecto considerado pela Abracoop ? que a maioria dos munic?pios brasileiros n?o estimula sua voca??o econ?mica, sequer a identifica.

Em Juiz de Fora

Em Juiz de Fora, ao contr?rio da maioria das cidades brasileiras, existem exemplos do trabalho das cooperativas. Atrav?s da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), a Incubadora Tecnol?gica assessora seis cooperativas no setor de presta??o de servi?os. Criada h? um ano e meio, a Intecoop capacita gerencialmente, qualifica os profissionais e auxilia na cria??o do plano de neg?cios, divulga??o das presta??o de servi?os e fabrica??o dos produtos.

O Comit? Pr?-Emprego JF ? outra entidade a trabalhar com assessoria de cooperativas populares. Atrav?s de uma parceria com o Sebrae-MG e a Associa??o Comercial de Juiz de Fora, o Comit? promove o curso de Administra??o de Pequenos Neg?cios. ?A partir destas reuni?es, id?ias v?o surgindo, como a cria??o de uma cozinha especializada em alimentos diet?ticos?, comenta o presidente do Pr?-Emprego, Andr? Lu?s Tavares. A Intecoop e o Comit? Pr?-Emprego est?o atuando juntos, com o apoio da Associa??o S?o Vicente de Paula e a Sociedade Pr?-Melhoramentos do bairro Cascatinha, para a cria??o de uma cooperativa de catadores de papel?o. De acordo com Andr? Tavares, se organizados em cooperativas, o quilo do papel?o vendido a R$ 0,10 para um dep?sito, passaria a custar R$ 0,60 aos catadores cooperados.

Setor pol?mico

Embora os dados sejam sempre favor?veis, face a alta mortalidade de empresas mercantis (80% fecharam em um espa?o de tempo de 1 a 2 anos e cerca de 3% sobreviveram 5 anos - dados dispon?veis no site da Abracoop, atrav?s do Anu?rio da OCB/1999), o cooperativismo ? um setor pol?mico.

A pesquisadora Raquel Paiva, em sua obra ?O Esp?rito Comum?, abre espa?o para um ponto questionador referente ? cria??o de cooperativas. Segundo a autora, ?a cr?tica que essa atua??o solid?ria tem recebido ? que pode ser uma forma de o governo isentar-se de suas responsabilidades na ?rea social.

"N?s temos consci?ncia disto, mas n?o podemos ficar esperando que os pol?ticos resolvam o problema do desemprego. Enquanto cooperados, entendemos que o emprego realmente n?o existe, mas trabalho, sim?, fala a Conselheira Financeira da Cooperativa de Fac??o e Confec??o de Artigos de Vestu?rio Ltda., Marilda Sime?o (foto acima).

Dentro desta perspectiva de desemprego e desestrutura??o econ?mica, o cooperativismo acaba sendo a melhor alternativa n?o s? para quem est? desempregado, mas para quem sempre teve dificuldade em entrar no mercado formal, como os portadores de defici?ncia f?sica. Julio Cezar Silva de Carvalho (foto ao lado), ? diretor da Coopdef (Cooperativa de Portadores de Defici?ncia Ltda) e, depois de 7 meses desempregado, conseguiu fechar um contrato que lhe garanta ?carteira assinada e sal?rio fixo.

Outro fator determinante dentro do mercado formal de empregos ? a idade. ?Depois dos 40 ? dif?cil arranjar emprego?, fala o aposentado Jorge Joaquim dos Santos, 70, que hoje ? um dos integrantes da Cooperativa de Tecnologia em Inform?tica Ltda - Coopertec. ?Para mim, ? um desafio, j? que tenho que me qualificar gradativamente para o sucesso da cooperativa?, garante.

Leia tamb?m:

A entrevista online com S?nia Heckert, coordenadora da Intecoop,
realizada no bate-papo do JFService.