Com enredo "Amor não tem idade", bloco Recordar é Viver anima juiz-foranos durante desfile nesta quinta-feira (16)
Composto por pessoas da terceira idade, bloco animou a tarde dos juiz-foranos durante desfile
Uma das atrações do Carnaval 2023 em Juiz de Fora é o Bloco “Recordar é Viver". Formado por idosos atendidos pelo Centro de Convivência do Idoso (CCI) Dona Itália Franco, o bloco desfilou na tarde desta quinta-feira (16) levando alegria e muito samba pelas ruas do Centro de Juiz de Fora.
O bloco possui 27 anos de existência e nesta edição contou com cerca de 400 pessoas. Com o enredo “O amor não tem idade”, o grupo se concentrou em frente a Câmara Municipal de Juiz de Fora e desfilou pelo Calçadão da Rua Halfeld até chegar à Avenida Getúlio Vargas. Com muita animação e gingado, os integrantes do grupo trouxeram a nostalgia das clássicas marchinhas de carnaval.
Um dos destaques do bloco foi o casal de aposentados que desfilaram como porta-bandeira e mestre sala. O senhor Raimundo de Jesus e a dona Anézia da Silva estão juntos há doze anos. Eles se conheceram durante uma das edições do bloco.
“Eu participo do bloco há 17 anos e é a quarta vez que estou sendo porta-bandeira aqui do grupo. Eu conheci o meu companheiro aqui no Parque Halfeld já como porta-bandeira. Ele me pediu para tirar uma foto com ele e depois que terminou o baile ele ficou perto de mim. Começamos a conversar e estamos juntos até hoje e sempre estamos juntos no carnaval da cidade desfilando com muita alegria. O carnaval representa que o idoso pode tanto quanto os jovens.”, diz a dona Anézia.
Já para o aposentado Januário, o carnaval tem um significado muito grande para ele.
“A gente veio aqui mostrar essa alegria que o idoso tem. Nós já fomos jovens um dia e eu já desfilei em várias escolas e eu tenho um grande prazer e satisfação de estar aqui hoje depois de dois anos parados. Nós vamos desfilar na Passarela do Samba pela Escola de Samba Mocidade Alegre este ano e estamos muito felizes com isso.”
Outro casal de destaque durante o desfile foram a rainha e o rei do bloco. Os aposentados Nivalda Aparecida e o Gil César. Com muita satisfação, eles foram eleitos para tomarem os postos e apesar de terem ficado dois anos parados por conta da pandemia, o samba e o carnaval sempre estiveram enraizados em suas vidas.
“É a terceira vez que eu sou a rainha do bloco, mas sempre é uma maravilha poder participar. Voltar a desfilar no bloco depois da pandemia, a gente perde um pouco do ritmo, mas a gente não perde a essência e o carnaval pra mim representa muito na minha vida,” diz a aposentada.
“Eu estou sendo rei aqui do bloco pela primeira vez. É uma satisfação muito grande porque eu nunca tive essa oportunidade. Mas hoje a gente está aqui com muita disposição e animação para poder desfilar pelas ruas e a gente volta com as festividades com força total,” diz o aposentado Gil.
Além deles, outras figuras tiveram seu destaque durante o desfile. A aposentada Olga da Cunha está há 20 anos participando do bloco. Para ela, o retorno é muito gratificante.
“É muito bom estar de volta. A nossa música é linda e são 20 anos de alegria e felicidade e essa turma de idosos aqui é muito boa. Eu amo estar aqui com eles.”
Moradora de Juiz de Fora mas nascida no Rio de Janeiro, a aposentada Sueli Oliveira, também comemora o retorno do bloco. Para ela, pertencer ao grupo é uma forma de dar voz ao público da terceira idade.
“É muito bom estar aqui e o nosso propósito é trazer alegria para a cidade e também para nós. Eu estou amando tudo isso. A pandemia infelizmente nos tirou um pouco dessa alegria, mas felizmente estamos aqui vivos para podermos comemorar o carnaval.”
Para a coordenadora do CCI, Rosângela Bonoto, os idosos foram os mais afetados pela pandemia e ainda são os mais vulneráveis neste sentido. Para ela, o retorno às ruas é um momento grandioso para os participantes.
“Esse enredo que estamos trazendo que fala que o amor não tem idade é justamente para que nós possamos acolher esses idosos que sofreram e ainda sofrem com as consequências da pandemia. O amor que devemos dar para eles deve vir de todos os lados. Eles merecem estar aqui desfilando nessa festa linda.”
Para o gerontólogo José Anísio Pitico, que estava presente no bloco, trabalhos de expressão, vitalidade e que demonstram a capacidade das pessoas idosas são de fundamental importância para o desenvolvimento mental e físico das pessoas idosas.
“Esse movimento do bloco simboliza uma nova forma de envelhecer que todo mundo pode ter. Com o envelhecimento a gente tem uma diminuição fisiológica e cognitiva, o que não é necessariamente patológico. Estar em um dia como hoje em uma praça central da cidade demonstrando que pode envelhecer com alegria, socialização e respeito é muito saudável para eles. Isso ajuda muito até mesmo na autoestima dessas pessoas.”
Por fim, a diretora-geral da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), Giane Elisa, relata que o bloco já está na vida da população juiz-forana e a retomada do carnaval de rua e das escolas de samba é um marco para a cidade.
“É uma alegria muito grande essa retomada tanto do carnaval de rua quanto o carnaval das escolas de samba. O Recordar é Viver já está na vida de Juiz de Fora. Todo esse trabalho já é envolvido por nós todos e temos uma afetividade muito grande. Então é muito importante para nós esse momento aqui.”
Veja abaixo programação dos blocos que vão desfilar nesta sexta (17):
* Bloco Carnavalesco da Rua Ana Reis – Escola Teodorico Ribeiro de Assis e o EMEI Professor Reynaldo de Andrade | Furtado de Menezes |Das 12h30 às 16h
* Pintinho de Ouro - Parque Halfeld – Rua Halfeld – Praça da Estação | Centro | Das 16h às 21h
* Bloco do Beco – Parque Halfeld – Rua Halfeld – Rua Batista de Oliveira | Centro | Das 18h30 às 22h