Puxadores de samba, jurados ou organizadores. Como fica a cabe?a de quem ? destaque no carnaval, por cantar, decidir ou comandar
Rep?rter: Ricardo Corr?a
Edi??o: Ludmila Gusman
Designer: L?via Mattos
Estar no centro das aten?es, sendo visto por todo mundo ? o sonho de muita gente. E de muita gente ligada ao carnaval, afinal o que acontece l? ?, em suma, exibi??o. De fantasias cuidadosamente preparadas, de carros trabalhados durante meses, de destaques com corpos ? mostra. Mas mesmo dentro de uma festa com in?meras escolas e milhares de componentes, existem pessoas que, por sua fun??o, sobressaem-se ainda mais.
? assim, por exemplo, com os puxadores de samba enredo, que soltam a voz na avenida e s?o ouvidos da concentra??o, ? dispers?o. Haja f?lego e prepara??o para quem vai ficar, com um microfone na m?o, cantando um samba dezenas de vezes sem parar um minuto para respirar. Imagine um carnaval sem puxadores, sem a voz que brada e convoca todos a cantar o samba da escola? Mauri Luna sabe que isso n?o ? poss?vel, e por isso passa a semana se preparando para o desafio. O puxar do Uni?o das Cores n?o poupa esfor?os para deixar a voz boa e n?o fazer feio. Ele sabe como fazer, afinal s?o 25 anos na avenida.
"Mesmo assim, nessa largada n?s ficamos tensos, d? um calafrio, a
responsabilidade ? muito grande. O puxador n?o pode faltar. Se ele falhar a
bateria vai para o espa?o. Ele tem que fazer o cora??o da escola funcionar e
contagiar a todos", explica Mauri, que come rom? durante a semana para
melhorar a voz. J? Edinho leal, da Acad?micos do Manoel
Hon?rio, evita tomar gelado e comer
coisas que possam fazer mal ? garganta. ? meio caminho andado para fazer
bonito na Avenida. "N?o podemos deixar o ritmo cair e por isso temos que estar bem o tempo
todo", explica. Outro Edinho tem uma hist?ria curiosa. O apelido "gaguinho" mostra que as
pessoas se divertem com seu jeito de falar. Mas basta pegar o microfone do
Partido Alto para ele mostrar que n?o tem gagueira que resista a um bom
samba. Estreando na avenida, ele terminou o desfile contagiado, mas
confessou que n?o ? f?cil.
"? complicado voc? saber que est? todo mundo te olhando. Voc? tem que ter
muita firmeza e segurar a escola, animando o p?blico", explicou Edson de
Souza, que antes s? puxava os sambas do Bloco da Imprensa. Eles decidem "? complicado, mas necess?rio. Esse processo novo, de rebaixamento e acesso
obriga um julgamento, que vai definir a manuten??o ou n?o. E estimula a
competividade e com isso o carnaval progride", explicou Marisa, bastante
animada antes do in?cio dos desfiles do grupo 1-B, neste domingo.
Al?m de presidir o juri, ela ? jurada do quesito samba enredo, e explica
qual o seu trabalho.
"Tenho que avaliar a harmonia entre letra e melodia. Ver as mensagens
po?ticas, versos, a cad?ncia. Isso ? samba. Quem entende de samba sabe ouvir
e entender", diz.
Quem tamb?m ganhou a responsabilidade de decidir o futuro das escolas foi o
advogado Eloir Dutra. Ele analisa o quesito conjunto, que pode ser entendido
com uma soma de todos os outros.
"? a harmonia da escola, uma soma geral de todo o desempenho que ela
apresentou na avenida", explica Eloir. Sua nota, como a dos outros jurados,
? dada na hora do desfile, mas a revela??o s? se d? na quinta-feira, depois
do fim da folia, enchendo de expectativa a todos que participam ou v?em o
desfile das escolas de samba. Os donos da festa Os puxadores s? podem cantar e os jurados avaliarem, pois existe carnaval.
? ?bvio e, por isso, a responsabilidade de quem organiza a festa ? muito grande.
Sem a presen?a do prefeito Alberto Bejani durante os desfiles do Bloco 1-B,
na passarela do samba, todos os focos ficaram em ?rica Delgado (foto),
superintendente da Funalfa, e Geraldo Magela Tavares, coordenador do
Carnaval 2006. Mais do que todos os outros, eles foram o centro das aten?es
da imprensa durante o primeiro dia de desfiles oficiais em JF.
Depois de tanta organiza??o, ver tudo funcionando foi um al?vio para ?rica.
E a an?lise inicial dos primeiros momentos do desfile deixa claro qual a
preocupa??o que se teve com a escolha do lugar onde as escolas iriam
mostrar-se para o p?blico. A sa?da da Avenida Rio Branco era temida por
muitos e um risco que essa administra??o correu. "N?o perdemos nada em p?blico. Est? tudo dentro da expectativa que t?nhamos
mesmo. N?o vi nenhum tipo de preju?zo, mas ainda ? muito cedo para fazer uma
avalia??o. Depois do carnaval ? que vamos sentar para ver, e a? sim tomar
uma decis?o", disse ?rica, autora da organiza??o que recebeu elogios do
irm?o, o deputado federal J?lio Delgado.
"N?o deu muita diferen?a em se fazer aqui. Acho que a avenida est? cheia, o
p?blico gostou e o fato de fazer o desfile do grupo 1-B no domingo, eu acho
que ajudou a trazer mais p?blico", comentou J?lio Delgado, depois
de se dizer impressionado com o desfile da Mocidade Independente do Bairro
Progresso. Enquanto falava, Geraldo Magela Tavares (foto) andava de um lado para o outro.
O nome "coordenador" pode at? remeter ? id?ia de algu?m que fica dando
ordens, colocando todos os outros para trabalhar, mas Magela no
m?nimo coloca a m?o na massa. Na concentra??o, na dispers?o, s? olhar em um
cantinho, no meio de centenas de fantasias, e l? est? o senhor observando,
vendo se est? tudo certo e sob controle. Tanta dedica??o faz com que ele se
orgulhe at? dos pequenos detalhes. "Voc? pode ver que est? tudo rigorosamente no hor?rio. ? uma exig?ncia nossa
e n?o tem como n?o cumprir", explicou Magela, que falou tamb?m sobre a
escolha do local dos desfiles para o pr?ximo ano:
"Logo ap?s o carnaval eu vou convocar a imprensa e as escolas para dar
opini?o sobre o que acharam do local. Eu sou suspeito para falar, ent?o s?o
voc?s e as escolas que v?o decidir", disse, mostrando que nem todas as
decis?es cabem a quem est? no centro das aten?es.