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Sem press?o
Campe?s caem na avenida, esbanjando alegria e provando mais uma vez porque s?o as detentoras dos t?tulos do carnaval 2006

Rep?rter: Fernanda Leonel
Edi??o: Ludmila Gusman
Designer: L?via Mattos

A despreocupa??o era n?tida e isso trouxe resultados muitos bons. Todo mundo caiu no samba com um gostinho de volta ol?mpica e mostrou a alegria do desfrute do nome de campe?o.

As concentra?es das escolas de samba estavam diferentes. Ningu?m ao microfone organizando alas, esbravejando segundos de atraso ou roendo as unhas. E n?o porque a falta disso fosse sin?nimo de bagun?a. Simplesmente, porque depois de mostrar ao p?blico o trabalho de praticamente 365 dias e obter o reconhecimento maior do carnaval, eles desfilavam mais para comemorar e agradecer a todos do que para outra coisa.

Ningu?m estava ali pra impor que era a melhor ou que o resultado tinha sido justo. Muito pelo contr?rio: as escolas e seus dirigentes se misturavam, se cumprimentavam. Algumas at? arriscaram desfiles conjuntos da diretoria, que ? frente do carro abre alas, percorriam a avenida antes dos desfiles exibindo o trof?u de campe?.

Sim! Todos, independente se campe?es do grupo de avalia??o, 1A ou 1B, ostentavam a mais suada e rec?m incorporada alegoria com muito orgulho: o trof?u fez parte do desfile e era beijado, acariciado, levantado e aplaudido.

?Hoje ? nosso dia de brincar?, resumiu Maria da Concei??o Barbosa, tesoureira da Feliz Lembran?a. ?Nosso trabalho ? sempre muito tenso e hoje ? nosso dia de desfrutar a avenida do jeito que um bom apaixonado por carnaval gosta?.

Assim como a dirigente, outros comemoraram. Os passistas quebraram tudo, os vendedores sambaram, os jurados puderam curtir a festa sem a tens?o e a responsabilidade das suas fun?es, e at? os funcion?rios do Demlurb, mesclavam o cansa?o das atividades com um p? no samba daqui e dali.

As crian?as hoje puderam brincar. Deixaram que elas brincassem. Elas eram as m?os, riram muito, chegaram at? a fazer a famosa brincadeira da ?corrente? em alguns momentos. Talvez n?o entendessem ainda o sentido de tudo aquilo. Mas gostaram da liberdade que j? ? intr?nseco ? elas. Fizeram ainda mais bonito na avenida do samba.

A noite
O in?cio da noite na Avenida Brasil foi ao som da bateria do bloco Bafo da On?a do Graja?. Os ritmistas, junto com os int?rpretes de um samba animado, mostraram que est?o prontos para virar escola e desfilar pela avalia??o no ano que vem.

Muitas crian?as, ala de passistas, mestre-sala e porta-bandeira e at? uma esp?cie de mini-alegoria, com o s?mbolo do gr?mio recreativo entraram na avenida. Foi um tira-gosto para o que ainda estava por vir.

O Bafo da On?a passou r?pido na avenida e abriu espa?o para a Mocidade Alegre Independente do Progresso, campe? do grupo de avalia??o este ano, que dessa vez parece ter sentido ainda mais o sentido do seu enredo ?As viagens da bola em busca da sexta estrela?. Afinal, ? muito mais f?cil falar de conquistas com o trof?u na m?o.

O verde e amarelo tomou conta da avenida por alguns minutos e a escola mostrou que j? se sente ? vontade perto das irm?s maiores. N?o fez feio nem em beleza nem em empolga??o e deu uma pr?via do que pode mostrar no ano que vem, j? desfilando pelo grupo 1-B.

Depois entrou na avenida o Partido Alto. As caras fechadas e o semblante desanimado do dia da apura??o ficaram para tr?s. O vice foi comemorado como t?tulo na avenida e o trof?u, ? frente do abre-alas era uma prova de que o Partido reconheceu o valor de sua premia??o. A verde e rosa tamb?m apostou em muito verde e amarelo, ao contar e criticar a desigualdade.

Depois veio a segunda campe? da noite. A Vale do Paraibuna voltou a encher de hist?rias a passarela do samba, com seu "Omi - o mito da cria??o do universo na tradi??o Ioruba ? acima de Deus nada, abaixo de Deus, ?gua. Muitas representa?es de ?gua na avenida deram o tom do desfile da escola que foi muito aplaudida nos camarotes em todos os setores por onde passava.

Passada a Vale do Paraibuna, dif?cil n?o ficar com seu refr?o forte na cabe?a. Mas s? por alguns minutos, at? que veio a vice-campe? do primeiro grupo, Feliz Lembran?a, para mostrar que, se vencesse, o t?tulo tamb?m estaria em boas m?os.

Antes de cantar o samba deste ano, a escola fez um resgate hist?rico e ajudou os foli?es de Juiz de Fora a viajar no tempo. O "Ai se eu fosse feliz", de 1949, composto por Djalma de Carvalho e B.O. foi entoado na concentra??o, emocionando aqueles que viveram algum grande momento no carnaval ao som dessa m?sica. E n?o foram poucos, afinal esse ? considerado o hino do carnaval de Juiz de Fora.

Mas quando entrou com seu samba para valer, a Feliz Lembran?a tamb?m arrepiou a avenida. Coloriu o desfile e contou at? com adeptos da dire??o da Turunas do Riachuelo, que sempre deixaram claro que a Feliz Lembran?a tamb?m merecia o t?tulo de campe?.

Mas foi s? a campe? oficial entrar na avenida para mostrar que o t?tulo ficou, sim, em muito boas m?os. Com o samba enredo ?A ?pera negra?, a Turunas conseguiu o que parecia imposs?vel. Deixou suas alegorias ainda melhores e fez um desfile t?o bom ou melhor do que aquele que lhe deu o t?tulo do carnaval.

Conforme a promessa do presidente Luluka ainda na apura??o, a escola trabalhou a ilumina??o dos carros, que tinha sido danificada pela chuva. Por incr?vel que pare?a, o espet?culo que tinha se visto na avenida durante os desfiles de ter?a-feira ainda n?o era tudo o que a Turunas tinha para mostrar. As luzes refletiram mais fortes, talvez at? por ostentar, dessa vez, um brilho que s? o t?tulo pode dar.