Juiz de Fora realiza coleta itinerante de lixo eletrônico

Brasil é o quinto país do mundo que mais produz lixo eletrônico

Por Paulo Inácio

Homem carregando televisores de tubo

O Brasil é o quinto país que mais produz lixo eletrônico no mundo. Os dados são da pesquisa Resíduos eletrônicos no Brasil, divulgada pela Green Eletron em 2021. Todos os anos, pilhas, baterias, teclados, fones de ouvidos dentre outros itens são descartados todos os dias de maneira irregular. No Brasil, em 2019, foram descartados 2 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos, sendo que menos de 3% foram reciclados, de acordo com um relatório desenvolvido pela Universidade das Nações Unidas.

Em Juiz de Fora, um trabalho de coleta de lixo eletrônico tem sido realizado em parceria da E-Ambiental e Prefeitura. Neste sábado, dia 3, por exemplo, haverá uma coleta itinerante de lixo eletrônico na Praça do bairro Manoel Honório. Segundo a PJF, uma tenda estará montada entre os horários de 09h a 16h para receber os materiais deixados pela população. Ações como estas reduzem de forma significativa os impactos no meio ambiente. Durante todo o ano de 2022, a coleta itinerante estará em outros bairros da cidade para receber os resíduos eletrônicos.

A empresa também tem outros pontos de coleta localizados no Alameda Shopping, no Shopping Santa Cruz e na Soul Academia, que fica no subsolo do Bahamas São Vicente. Além disso, é possível fazer uma solicitação por telefone e a empresa faz o recolhimento domiciliar, mediante a uma taxa, que varia entre R$5 e R$10. Para fazer a solicitação, basta entrar em contato com a empresa pelo telefone 3235-5769 ou via WhatsApp pelo 98870-5022.

Um dos grandes problemas do lixo eletrônico são os metais pesados que contém em sua composição. Metais como zinco, cádmio, chumbo, arsênio, cobre e mercúrio são os mais presentes. De acordo com a engenheira ambiental Emmanuelle dos Santos, os riscos desses metais fazem muito mal, causando poluição da água e do ar.
“Esses materiais, se incinerados ou descartados de forma incorreta, geram gases tóxicos que são poluentes e reduzem a qualidade do ar. Além disso, dispositivos descartados de forma errada podem acabar em rios, lagoas e no mar causando contaminação destes ambientes, prejudicando os animais e impactando negativamente as populações que moram nessas proximidades.”

A poluição do solo e a biodiversidade também são prejudicados, segundo a engenheira ambiental. “A água da chuva em contato com estes materiais, transporta os metais pesados e infiltra no solo. A biodiversidade e fauna também são prejudicados, itens com muitos metais pesados podem contaminar ou matar 1 hectare inteiro de vegetação. E em consequência destas, espécies polinizadoras se contaminam nestas vegetações e acabam por contaminar outras espécies e plantas.”

Os riscos à saúde humana também podem acontecer devido ao descarte incorreto de lixo eletrônico. De acordo com Emmanuelle, os males causados vão de rinites até câncer que são consequências da contaminação por mercúrio e níquel. Ainda de acordo com ela, os catadores de lixo são os mais afetados por este tipo de resíduo.“ Por esta razão faz necessário um suporte do governo e capacitação para estes trabalhadores.”

Ainda de acordo com a pesquisa Resíduos eletrônicos no Brasil, divulgada pela Green Eletron, 16% dos brasileiros descartam com uma certa frequência algum lixo eletroeletrônico em lixo comum. 33% das pessoas entrevistadas nunca tiveram conhecimento sobre pontos ou locais de descarte para este tipo de material. Já 87% dos entrevistados alegaram que guardam algum tipo de eletroeletrônico sem utilidade. Outros 30% armazenam esses materiais por mais de um ano.

No Brasil, existe uma lei que regula esse problema. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (lei 12.305/2010) e o decreto que implementa a logística reversa para os eletrônicos de uso doméstico (10.240/2020), que impõe metas para fabricantes, distribuidores, comerciantes e importadores sobre o número de Pontos de Entrega Voluntária, quantas cidades são atendidas e a porcentagem de aparelhos a serem coletados e destinados. Ainda de acordo com o decreto, até 2025, as empresas devem instalar Pontos de Entrega Voluntária nos 400 maiores municípios brasileiros, coletar e enviar cerca de 17% em peso dos produtos distribuídos no mercado em 2018.