Ministério Público denuncia mulher suspeita de estelionato em Juiz de Fora
O Ministério Público de Minas Gerais denunciou uma mulher, de 46 anos, suspeita de aplicar golpes de estelionato em Juiz de Fora e Cabo Frio.
De acordo com informações do ato do processo, a suspeita foi denunciada por "obter para si vantagem ilícita em prejuízo as vítimas, induzindo-as e mantendo-as em erro, mediante ardil".
A mulher teria aplicado o golpe em, ao menos, 10 pessoas. Em um grupo de whatsapp, voltado para as vítimas, há diversos relatos dos crimes que a suspeita teria cometido, desde promessa de sociedade em loja de lingerie à o não pagamento de aluguéis de imóveis, em Juiz de Fora e Cabo Frio.
Uma vítima, que não quis se identificar, relatou o que sofreu. "Conheci a mulher no Instituto assistencial FAÇA. No final de abril, de 2021, ela me abordou no whatsapp, dizendo que estava precisando de 10 mulheres para investir em lingeries onde eu receberia 10% nas vendas, muito insistente. Tinha uma sala comercial na Rio Branco e Instagram. Acabei fazendo um empréstimo de 6 mil reais, em 8 parcelas, com contrato. Pouco tempo depois solicitou mais 5 mil reais, que seria pago dentro de 30 dias, feito promissória. O primeiro, pagou após incessante e incansáveis cobranças por telefone e pessoalmente. O segundo foi sendo enrolado e vai completar 2 anos, virou uma bola de neve. Demorei a desconfiar, porque não comentei nada com ninguém da Instituição. Ela dá milhões de desculpas, das mais variadas. Fui ter a certeza do golpe, meses depois, pois vi no grupo do FAÇA que a picaretagem havia sido denunciada no local. Logo depois descobri que fechou a sala no Centro de JF e havia aberto em Cabo Frio, cometendo mais uma picaretagem", relatou a vítima.
Uma outra vítima, que não quis se identificar, conta o prejuízo que teve. "A minha história com a mulher foi a seguinte: Ela me mostrou como as pessoas podem ser falsas e cruéis. Nunca tinha sentido raiva e ódio de ninguém até então. Fiquei muito deprimida. Não conseguia nem comer direito pensando como ela estava sendo capaz de fazer tudo isso comigo e com minha família. Minha decepção foi enorme. Nós começamos a amizade através das nossas filhas, que estudam na mesma escola e a ela se mostrou super amiga e prestativa, a gente sempre se ajudava e as meninas fortalecendo a amizade. Daí eu tive q sair do condomínio porque o apartamento estava muito apertado já q minha família cresceu. Com meu apartamento vazio, em setembro de 2018, ela veio comentar comigo que precisaria sair do andar de cima "porque o dono tinha vendido o apto e como ela não gostava de atrapalhar ninguém ela queria desocupar o apto logo". Fiquei sentida com aquela angústia que ela demonstrava e disse pra ela ficar no meu apto até dezembro pra ela se organizar e que nem precisaria pagar nada. Aí ela entrou em contato com o meu esposo e disse que ficaria no nosso apto, porém gostaria de pagar o aluguel e as despesas do uso pois "se sentiria muito mal se ficasse de graça". E assim foi: ela alugou nosso apto de boca, por amizade, e ficaria até arrumar outro apto e no máximo até dezembro 2018, e sempre afirmando que se vendêssemos antes era só avisar q ela sairia em 15 dias. Então seria de setembro a dezembro 2018. Beleza. Éramos amigas. Confiava nela. Daí ela começou a atrasar o aluguel, pagou atrasado, pagou dividido. Nunca cobramos nada pela amizade e no início de 2019, já devendo alguns meses, o meu esposo foi comentar com ela sobre a falta de pagamento do aluguel e ela disse que estava com problemas com a avó em São Paulo e que estava gastando cerca de 9mil reais lá pra ajudar a avó doente. Tudo bem, meu esposo disse pra ela não se preocupar com o aluguel, mas que era pra ela pagar as contas de luz e gás e condomínio em atraso, pois as contas estavam em nosso nome e mais pra frente ela pagaria os aluguéis. Ela disse que deixaria tudo acertado e quando tivesse se organizado pagaria os aluguéis em atraso. Mais uma vez confiamos pela amizade e não tocamos mais no assunto. Depois pensamos em vender o apto, algumas pessoas foram lá ver o imóvel, estavam pagando pouco, decidimos não vender mais, e enquanto isso ela voltou a atrasar os aluguéis e as contas. Decidimos fazer um empréstimo pra comprar um outro apto: quando entramos no sistema da Caixa Econômica Federal foi detectado q o nome do meu esposo estava no SPC por causa da conta de luz que ela não pagava. Ligamos pra ela e ela disse que ia pagar, passou uns dias e ela não pagou e o nome dele continuava sujo. Meu marido foi na CEMIG e pagou as contas atrasadas pra limpar o nome dele e fazermos o empréstimo. Acabou q não fiz esse empréstimo da CEF, pois vendi meu apto pro meu irmão em julho 2019. Em meados de julho ainda, nós avisamos pra Tatiana, que estava devendo vários aluguéis, vários meses de condomínio, várias contas de luz e quase todos os meses de gás, avisamos q vendemos o apto e q ela deveria sair. Na maior cara de pau ela disse q não teria problema e q em 15 dias ela sairia. Meu irmão então avisou na imobiliária que ele sairia em um mês do imóvel que ele alugava. Ele acabou tendo que pagar multa, pois não saiu, já que ela não me entregou o apartamento. Daí começaram os problemas reais pois até então era só dinheiro envolvido e a gente acreditava que ela estava enrolada de dinheiro, mas isso acontece e tal, tudo bem, a gente vai tentando ajudar, mas não era isso, ela começou a não atender os telefonemas do meu marido, começou a falar que não conseguiria sair do nosso apartamento, começou a falar que estávamos errados, pois tínhamos dito que não iríamos vender o imóvel, mas acabamos vendendo e por aí vai. Até que descobrimos que ela tinha saído do primeiro apartamento, lá em setembro de 2018, não porque o dono vendeu, mas sim porque ela foi despejada por não pagava as contas. Conversamos com os donos desse imóvel que confirmaram que estão com processo na justiça contra ela, pois ela não pagou as contas e os condomínios, a dívida está em torno de 30mil reais segundo eles. Daí descobrimos que ela pegou dinheiro emprestado com uma manicure e não pagou. Pegou dinheiro emprestado com uma conhecida minha e não pagou. Essas duas me confirmaram pessoalmente e me contaram toda a história delas. Daí também ficamos sabendo que ela pegou dinheiro com um porteiro e mais uma outra mulher lá do condomínio e não pagou pra eles. Diante disso tudo meu marido conseguiu falar com ela e disse que estava pronto pra ir lá conversar com e tentar ajudar e ver o que estava acontecendo, pois ela estava se enrolando demais e a resposta dela sabe qual foi? " Não sou obrigada a te receber na minha casa. Se quiser aciona a justiça". Desde julho de 2019 fiquei pedindo que ela saísse do meu apartamento e nada. Foram várias discussões pelo telefone exigindo que ela saísse de lá. Ela só saiu de lá quando ligamos direto pra mãe dela e a mãe dela disse que ia resolver, como resolveu, em meados de novembro 2019, depois de cinco meses ela saiu e me deixou uma dívida enorme com luz, gás e condomínio, sem contar o aluguel que não pagava. Ela fez coisas erradas com as pessoas q estenderam a mão pra ela. Pessoas que confiaram nela. Ela sabe manipular as pessoas. Eu sou muito família daí ela me chamava de irmã e dizia q amava minha filha como se fosse dela".
A reportagem do Portal Acessa.com entrou em contato com a defesa da suspeita, que informou que "a acusação é injusta. A defesa colaborará no processo, de modo a demonstrar sua inocência. O que ocorreu foi um revés comercial, sendo que todas as partes saíram prejudicadas. A defesa provará que não houve nenhum enriquecimento ilícito, de seu lado, em decorrência dos fatos que sustentam a ação penal".