Exclusivo: Sindicato dos Servidores Públicos de JF denuncia prédio em condições precárias onde ficam os motoristas do transporte sanitário

Por Isabella Oliveira

Banheiro do prédio não tem porta

Banheiro sem porta, prédio com um extintor de incêndio, poeira, entulhos, local sem saída de emergência e telhas galvanizadas que deixam o ambiente quente. Essa é a situação do local onde os motoristas do transporte sanitário estão trabalhando. A Prefeitura de Juiz de Fora realocou os funcionários para um prédio na Praça da República, no bairro Poço Rico, o que indignou os trabalhadores da classe, que ocuparão somente a cobertura do edifício. 

O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos de JF (SINSERPU JF), Francisco Chiquinho Carlos da Silva contou sobre a situação do local. "Nós visitamos o local. Apesar do Secretário de Saúde falar que é próprio, tem muita poeira, muita coisa velha jogado ali, maca, cadeira, cama de hospital, banheiro sem porta e uma coisa que nos chocou muito é que se tiver algum incêndio, ou entrar lá alguém para roubar, eles não tem por onde sair, eles tem que pular um muro e cair lá embaixo, de uma altura de 5 metros" explicou Francisco.  

O Sindicato entrou em contato com a PJF que explicou que o espaço ficaria assim momentaneamente e que vai haver uma reforma no local. " A prefeitura fala que é provisório, mas enquanto isso teremos que trabalhar nesse espaço. Eles falam que vão reformar o lugar em 90 dias e nós tememos que esses trabalhadores não tenham um lugar adequado pra trabalhar. O problema não é o local, mas sim a forma como ele está, eles precisam de um lugar adequado para trabalhar". 

Sobre o alvará de funcionamento do edifício, Francisco conta que o documento, que precisa estar visível para todos, não foi localizado. "Não vi nenhum alvará de funcionamento! Há uma insatisfação muito grande, inclusive nós já notificamos a prefeitura, tanto a Secretaria de Saúde quanto a Secretaria de Recursos Humanos, nós já avisamos sobre as condições inadequadas. Para se ter ideia ali era uma borracharia. Fui na Secretaria de Saúde e alegação deles é que a Secretaria de Educação vai para o prédio que eles estavam, na Rua Halfeld, 1400, no prédio do antigo hospital municipal Mozart Teixeira, e que isso é provisório. Como eles fazem uma coisa dessa? Tira um pessoal de um lugar e colocam outras pessoas? Nós somos contra e estamos tomando cuidado, pois o município tem autonomia para gerenciar e transferir os funcionários, desde que seja para um lugar adequado e o lugar não é". 

O vice-presidente do SINSERPI JF, Cosme Nogueira demonstrou sua insatisfação com a situação dos trabalhadores. "Quero dizer minha opinião, eu acho isso um absurdo. Uma administração que fala que quer valorizar o servidor e põe o servidor em uma situação dessa de precariedade. A prefeitura hoje gosta muito de falar que tem mesa para intermediar conflitos, mas quando o assunto é servidor nunca tem mesa para intermediar conflitos, sendo que o servidor é obrigado a cumprir aquela determinação e o Sindicato não concorda com isso", relata Cosme. 

Ele também questiona sobre o local de trabalho dos motoristas. "A prefeitura vem alegando que vai pedir um prazo para adequar o espaço, mas por que não adequa o espaço primeiro para depois fazer a transferência? Já faz tempo que esses profissionais vem sendo remanejados constantemente de local de referência do trabalho, uma hora eles estão em um endereço, outra hora estão em outro. Fizemos a auditoria os banheiros sem porta, não tem uma estrutura para abrigar esses profissionais. E eles vão ficar na parte de cima do prédio e tem essas telhas galvanizadas que que é um calor insuportável, além de não ter uma saída de emergência caso necessário". 

Cosme ressalta ainda que o transporte ainda não foi regularizado, apesar de ser uma Lei Federal. "Motoristas fazem de forma não oficial o trabalho de transporte da prefeitura, que já era para ser oficializado".

OUTRAS REVINDICAÇÕES

Além do local insalubre de trabalho, os motoristas do transporte sanitário também reclamam de sobrecarga de trabalho e de equiparação salarial. 

Sobre a sobrecarga de trabalho, Francisco explica. "A sobrecarga de trabalho é a seguinte: eles estão almoçando, aí chega uma ordem judicial e eles não podem terminar o almoço, pois tem que pegar o paciente. Chega lá não tem quem carregue e o motorista acaba fazendo esse trabalho também. Costuma a ter também uma ordem judicial na hora que termina o expediente e eles tem que ir lá cumprir, não pode descumprir e segundo os gestor lá há uma cota para pagamento de hora extra e que não pode pagar e ele acaba jogando pra frente". 

De acordo com o SINSERPU JF os trabalhadores pleiteiam, entre outras medidas, que a Administração Municipal regulamente as diretrizes a serem seguidas por eles na execução do trabalho – diretrizes estas específicas de cumprimento de Ordem Judicial, que já vem sendo requisitadas há mais de um ano, isonomia salarial (requisitada pela última vez há cerca de 60 dias), e a regulamentação da questão do transporte sanitário, que, segundo eles, é lei federal, mas depende de uma adequação da Administração Municipal.

A Reportagem do Portal ACESSA.com entrou em contato com a Secretaria de Saúde e com a Prefeitura de Juiz de Fora para saber o posicionamento do órgão sobre o prédio para onde os trabalhadores foram realocados. Em nota a PJF respondeu.

"A Prefeitura informa que essa notícia carece de fundamento. Nenhum motorista foi deslocado do seu local de trabalho. E qualquer mudança só acontecerá quando o novo espaço estiver em condições dignas de ocupação, como é prática da gestão municipal no trato com seus trabalhadores".

Sobre a regulamentação do serviço e também sobre a equiparação salarial ainda não houve retorno do órgão.