Cresce cerca de 30% o número de famílias em extrema pobreza em Juiz de Fora

Por Petterson Marciano

Prato vazio

O número de famílias em extrema pobreza cresceu 28,14% em Juiz de Fora, de maio de 2022 a maio de 2023. Segundo dados recebidos pela reportagem por meio da Lei de Acesso a Informação, em maio de 2022,  20.939 famílias viviam com até R$105 reais mensais, já em 2023, esse número aumentou para 26.832.

As famílias que vivem com mais de R$105, porém, com menos de um salário mínimo também cresceu. Veja abaixo a tabela detalhada enviada ao Acessa pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), com o número de famílias no Cadastro Único. 

 

 O Portal questionou a Prefeitura de Juiz de Fora quais ações são desenvolvidas para amenizar a situação na cidade e um posicionamento em relação a este crescimento. 

Segundo a Prefeitura, "o agravamento da pobreza é um fenômeno nacional que resulta da situação dos desmonte das políticas públicas voltadas aos mais vulneráveis, realizada pelo último Governo federal e o empobrecimento é fruto de um quadro nacional que está sendo enfrentado no município de diversas formas", completa.

Serviços oferecidos em Juiz de Fora 

Em relação aos serviços prestados para amenizar o impacto deste avanço da extrema pobreza constatado na cidade, a Prefeitura salientou que tem o compromisso de buscar soluções para o combate à fome. "Por essa razão, tem implementado políticas públicas voltadas à alimentação saudável, como café da manhã nas escolas, além do almoço; compras da agricultura familiar para merenda escolar e instituições socioassistenciais". Veja abaixo a relação de serviços enviados pela Prefeitura à reportagem. 

  • A Prefeitura oferece alimentação a todas as famílias interessadas, por meio rede municipal de ensino, inclusive durante as férias e recesso escolares, com o kit-alimentação.
  • O programa “Final de semana sem fome” abriu o Restaurante Popular aos finais de semana para a população em situação de rua, com comida boa e de graça, além da inauguração do "Cozinha de Quintal", em Benfica.
  • Desde o início da administração, o investimento na Assistência Social mais que dobrou. A Prefeitura ampliou em quase quatro vezes o número de famílias atendidas pelo Auxílio Moradia, que também aumentou de R$ 240 para R$ 600.

Outros benefícios oferecidos:

  • Auxílio-natalidade – pago às puérperas em situação de vulnerabilidade social
  • Auxílio-funeral – isenção de taxas relacionadas ao funeral
  • Auxílios Vulnerabilidade e Calamidade - concedido às famílias ou indivíduos sem renda ou com renda insuficiente para prover o sustento em função de adversidades inesperadas

Brasil 

Como publicado pela FOLHAPRESS, após alcançar patamar recorde em 2021, o número de pessoas consideradas pobres caiu para 22,7 milhões nas metrópoles brasileiras em 2022.O resultado significa que, no intervalo de um ano, 3,4 milhões de habitantes deixaram para trás a linha de pobreza nas regiões metropolitanas.

As conclusões são do 13º boletim Desigualdade nas Metrópoles. O estudo analisa informações disponíveis para 22 regiões metropolitanas.Em 2021, a população considerada pobre nesses locais havia chegado a quase 26,2 milhões. Foi o maior patamar da série histórica iniciada em 2012.

O boletim é produzido pelo laboratório de estudos PUCRS Data Social em parceria com o Observatório das Metrópoles e a RedODSAL (Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina).Para se ter uma ideia, as 3,4 milhões de pessoas que deixaram a situação de pobreza em 2022 superam, por exemplo, a população inteira estimada para um local como Brasília (cerca de 3,1 milhões).

Apesar da queda, o contingente ainda considerado pobre (22,7 milhões) equivale a mais de um quarto dos habitantes das metrópoles analisadas.Isso é ilustrado pela taxa de pobreza, que baixou do recorde de 31,3% em 2021 para 27% em 2022, segundo o boletim.

Tanto o número de pobres (22,7 milhões) quanto a taxa (27%) do ano passado ficaram acima dos patamares de 2019, no pré-pandemia. À época, os indicadores estavam em 21,6 milhões e 26,3%.Os menores níveis da série histórica foram registrados pelo boletim em 2014 (18,4 milhões e 23,4%).

André Salata, coordenador do PUCRS Data Social e um dos autores do estudo, afirma que a retomada do mercado de trabalho teve papel preponderante para a redução da pobreza no ano passado.Segundo o pesquisador, esse estímulo ocorreu porque o trabalho é a principal fonte de renda domiciliar no país.

Além da reação do emprego, a ampliação do Auxílio Brasil para R$ 600, às vésperas das eleições, no segundo semestre de 2022, também ajudou a elevar o rendimento dos mais pobres, acrescenta Salata.

"O filme do último ano é um tanto positivo, mas a situação ainda é negativa porque mais de um quarto da população das metrópoles segue pobre", pondera. A nova edição do boletim foi construída a partir de dados da Pnad Contínua com recorte anual.

Essa versão da Pnad, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), vai além do mercado de trabalho e contempla outras fontes de renda, incluindo programas sociais. Embora tenha estourado a meta pelo segundo ano consecutivo, a inflação menor em 2022 (5,79%), frente a 2021 (10,06%), foi outro fator que trouxe algum alívio para a renda no ano passado, diz Marcelo Ribeiro, pesquisador do Observatório das Metrópoles.

"Isso [inflação menor], de algum modo, contribuiu para a manutenção de um certo poder de compra", afirma Ribeiro, que também é autor do boletim e professor do IPPUR (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ).

O estudo segue recomendações do Banco Mundial para definir as linhas de pobreza e extrema pobreza. Essas medidas levam em consideração parâmetros de PPC (paridade de poder de compra).