Justiça determina que VIA 040 siga na administração da BR-040

Por Da Redação

BR 040

Por meio de uma ordem judicial emitida pela 10ª Vara Federal Cível da Subseção Judiciária de Belo Horizonte,a Via 040 permanecerá atuando na  manutenção, conservação, operação e monitoramento no trecho concedido da BR-040 entre o km 0 de Brasília (DF) e o km 776 em Juiz de Fora (MG), mantidas as mesmas condições do Terceiro Termo Aditivo do contrato de concessão n° 006/2013, com tarifa fixada em R$ 6,30.

O prazo de vencimento do contrato de concessão era esta sexta-feira (18), quando o ativo seria devolvido à União. A Via 040 é administrada pela Invepar. Os 936 quilômetros totais da rodovia foram concedidos à empresa em 2014, por um período de três décadas. Porém, três anos depois, em 2017, a Invepar anunciou que entraria com um pedido de relicitação, que é a devolução amigável do ativo para que um novo leilão seja feito pelo governo. O pedido foi aprovado em 2019.

Em seu site, a Invepar  afirma que, desde o início da operação, vem enfrentando um quadro desafiador e diferente do período que antecedeu o leilão, realizado em 2013. A nota que detalha o processo diz: "As condições de financiamento bancário para investimentos foram modificadas, houve atrasos e fragmentação na emissão das licenças ambientais para execução de obras e, além disso, a redução significativa da atividade econômica brasileira afetou diretamente o tráfego de veículos e passageiros."

No mesmo texto, a empresa alega que o valor arrecadado com pedágio é aproximado ao que é reinvestido na pista. "Desde que assumiu a concessão, em 2014, até dezembro de 2020, a Via 040 investiu R$ 1,9 bilhão em obras, equipamentos e serviços aos usuários. No período foi registrado prejuízo de R$ 1,1 bilhão, incluídos custos operacionais. Para a manutenção e operação da via nesse período foi necessário, inclusive, recorrer a aportes extras dos acionistas do grupo Invepar, da ordem de R$ 1,1 bilhão".

Com todas as dificuldades financeiras, a Invepar comenta que, dos 557 km previstos para serem duplicados, a concessionária executou apenas a obra nos 73 km que tinham licença ambiental aprovada na época, em Goiás e em Minas Gerais, deixando obrigações para trás.

A empresa afirma ainda que fez tudo o que estava ao seu alcance para viabilizar a modernização da BR-040. "A companhia entende que não descumpriu as obrigações contratuais e em razão de fatos alheios à concessionária, a empresa tem buscado o caminho da rescisão amigável, nos termos do decreto de relicitação (decreto 9.957/2019)".

Em 2020, após aderir ao programa de relicitação, a Via 040 assinou um termo aditivo de contrato, com um novo prazo para a empresa seguir administrando a rodovia. A expectativa era que, nesse período, o governo fizesse estudos de modelagem e estabelecesse as condições para realizar um novo leilão transferindo a BR-040 para outra concessionária.

Mas isso não ocorreu e, dois anos depois, em fevereiro de 2022, a ANTT aprovou a prorrogação do termo aditivo por 18 meses, com prazo final para 18 de agosto de 2023.

Atuação do MPF

Faltando menos de 20 dias para a data-limite para o encerramento do contrato e sem uma nova licitação a vista, o MPF (Ministério Público Federal) ajuizou uma ação civil pública em 1º agosto pedindo que a Via 040 seja obrigada a dar continuidade aos serviços essenciais até a conclusão do processo de relicitação.

Com a medida, o órgão busca  evitar o abandono do trecho. Na avaliação do MPF, o encerramento das relações contratuais é ilícito e pode prejudicar o patrimônio público e os direitos dos usuários da rodovia. Para tentar chegar a uma solução consensual, uma audiência com a Invepar e a ANTT foi marcada para o último dia 10, na Justiça Federal, em Belo Horizonte. No entanto, a reunião terminou sem acordo.Uma segunda tentativa de audiência ocorreu nesta quarta-feira (16), mas não houve consenso. Até que nesta quinta-feira (17), a decisão de manter a Via 040 na administração do trecho foi publicada.