Caminhada de fé: para agradecer a vida da mãe, servidor público anda a pé de Juiz de Fora até Aparecida do Norte
Após a mãe ser diagnosticada com um tumor cerebral, Rodrigo Dornellas saiu da cidade mineira em setembro com destino ao município que leva o nome da Padroeira do Brasil. A peregrinação de mais de 300 km deu início a uma mudança pessoal e o fortalecimento da fé.
Mais de 300 km andando a pé, em peregrinação, para agradecer à Nossa Senhora Aparecida a vida mãe, Terezinha Dornellas Rodrigues. Foi este caminho que fez o servidor público Rodrigo Dornellas, de 44 anos, entre os dias 4 e 14 de setembro deste ano, quando saiu de Juiz de Fora e caminhou até a cidade paulista de Aparecida do Norte, onde os romeiros visitam a Padroeira do Brasil.
Nas costas, uma mochila pesando 12 quilos. Ao lado, apenas a paisagem, o silêncio, a motivação, o objetivo de caminhar ao menos 30 km por dia e, sobretudo, a fé. Morador do Bairro Marilândia, Rodrigo decidiu fazer a jornada sozinho após a mãe ser diagnosticada com um tumor cerebral.
Segundo Rodrigo, a mãe está em cuidados paliativos, mas a decisão pela peregrinação foi pela gratidão da mãe estar viva, bem e conversando, e não a ter perdido para a doença.
Caminhada de fé
No primeiro dia, um amigo acompanhou Rodrigo pelos primeiros quilômetros da longa jornada. Depois, Rodrigo contou com a ajuda de moradores por onde passava para dormir, além de descontos em pousadas quando descobriam o caminho de fé que ele fazia.
“Muita gente duvidou que eu faria, me chamou de doido por fazer sozinho, porque era muito perigoso. Mas eu não culpo essas pessoas porque eu mesmo cheguei a duvidar que eu faria, teve momentos que eu quis abandonar e terminar por ali mesmo. Só que a cabeça manda no corpo, não o corpo manda na cabeça”, contou Rodrigo.
Rodrigo disse que como era um desejo dele, decidiu não esperar ninguém para fazer o caminho. Em menos de um mês planejou toda a viagem e partiu no dia 4 com previsão de chegada à Aparecida no dia 14, um dia antes de fazer aniversário.
Mesmo com tudo planejado, visando uma caminhada média de 30 km por dia, Rodrigo teve pedras no meio do caminho para superar.
“No terceiro ou quarto dia deu 47 km, alguns dias eu penei, como neste dia de 47, e no sétimo dia eu estava com bastante bolha no pé, bastante doído. E no último dia foi o pior, aquela ansiedade de chegar, muito quente, muitas dores pelo corpo, as costas por causa da mochila, a minha água tinha acabado e eu não achava lugar pra comprar. Foi uma prova mesmo, ali eu senti sendo testado”.
Com todos os desafios, Rodrigo guarda com carinho a ajuda que recebeu ao longo do caminho até Aparecida.
“Eu tive abrigo em Torreões, Rio Preto e João Honório. Todos os lugares pessoas queridas me acolheram. Em Santa Isabel eu conheci o padre Magela, que me recebeu muito bem e me deu um lugar pra dormir. O restante dos dias eu ficava em pousadas. Em algumas eu consegui desconto porque contava que estava fazendo a peregrinação. E as pessoas que conheci durante o caminho que fiz, me viam caminhando na estrada e perguntavam se eu estava indo à Aparecida, porque muita gente faz esse percurso, me davam café, água, muita ajuda que vinha em momentos especiais”, relembrou.
Nova peregrinação
Rodrigo afirmou que a caminhada iniciou nele uma vontade de mudança, tanto na vida, quanto na fé.
“Para mim, a peregrinação foi o início de uma mudança muito grande que eu preciso fazer na minha vida. E essa mudança se dá aos poucos, não adianta você querer mudar de uma hora pra outra. A peregrinação deu início à mudança que preciso fazer na minha vida, de tudo, de religião, de visão de vida. Porque realmente você passa por momentos que você no dia a dia você nem imagina. Você conhece pessoas que te ajudam, que nunca te viram na vida, e isso tudo te leva a ter um outro conceito, uma outra visão da vida”.
Ele destacou ainda que o foco no objetivo ajudou a alcançar a graça de chegar em Aparecida do Norte. E tudo isso, a vivência, os caminhos percorridos, os obstáculos superados e as pessoas que conheceu pelo caminho, levou Rodrigo a já começar a planejar a mesma romaria no próximo ano.
“Mentalmente eu tava focado, eu sabia o que eu queria fazer, e graças a Deus consegui completar de boa, não passei nenhuma situação de assalto, de perigo. Eu achei muito tranquilo o percurso, e as pessoas que me acolheram, os lugares por onde passei, não me senti inseguro. Eu gostei demais, tanto que estou planejando para o ano que vem novamente”.
Quem quiser ver como foi o dia a dia da peregrinação, pode entrar no canal do Rodrigo no YouTube, que tem vídeos que mostram a rotina do romeiro até Aparecida do Norte.