Projeto social ‘Saúde e Bem-estar’ oferece aulas de boxe e zumba em condomínio do Bairro Vivendas da Serra, em Juiz de Fora

Criado há três meses, os participantes do projeto já apresentam melhores resultados em sua saúde

Por Vitória Beatriz (estagiária) com supervisão de Petterson Marciano

David Dutra e os alunos do projeto de Boxe

A prática da atividade física, segundo o Ministério da Saúde, é importante para o pleno desenvolvimento humano e deve ser praticada em todas as fases da vida e em diversos momentos, porém, nem todas as pessoas têm disposição de tempo ou condições financeiras para manter uma rotina de exercícios físicos. Foi pensando nisso que Kátia Gomes, corretora de imóveis e formada em Serviço Social, no dia 10 de agosto deste ano, deu início ao projeto social ‘Saúde e Bem Estar’, para que os moradores do Bairro Vivendas da Serra, Zona Nordeste de Juiz de Fora, tenham acesso, de maneira inclusiva, à uma vida mais saudável. Esse projeto é realizado em um salão de festas do Condomínio Vivendas da Serra 3 e nele são oferecidas aulas de Boxe e Zumba duas vezes por semana para todos os moradores do bairro, não apenas do condomínio em específico, com uma ajuda de custo de R$30 para manutenção.

Criando o projeto

Segundo Kátia, moradora do condomínio há 15 anos, essa ideia surgiu enquanto ela voltava da academia para sua casa conversando com uma colega que relatava ter vergonha de ir à academia para fazer aulas de Zumba, mesmo com vontade. Ela também havia observado que em seu condomínio os moradores, principalmente as mulheres, não estavam conseguindo dedicar um tempo para o autocuidado, mas sim estavam vivendo no piloto automático, e algumas até mesmo entrando em depressão por causa disso. Surge então a ideia do projeto que, para Kátia, nasce com a intenção de cuidar do bem estar próprio de uma maneira mais acessível.

No início, ela considera que a única dificuldade enfrentada foi para conseguir a liberação do salão de festas no seu condomínio, que já não era usado com tanta frequência. Depois de muitas conversas sobre a importância e o impacto que esse projeto poderia gerar, inicialmente para os 180 moradores, Kátia recebeu o apoio da administração e deu início às aulas.

Apesar do pouco tempo de existência, com três meses o projeto já tem gerado resultados na vida dos alunos. Kátia também é aluna e afirma: “Já têm mulheres que relatam que estão se sentindo melhores depois que entraram para as aulas. Eu também participo como aluna e posso garantir que me ajudou muito, principalmente com o estresse do dia a dia.

Aulas de Zumba

Luana Clara Britto, 33, dançarina a mais de 20 anos e especializada em coordenação motora, foi convidada por Kátia para ser a professora de dança na modalidade Zumba para as alunas no início do projeto. Ela percebe que, por ser de cunho social, a maior visão que se tem do ‘Saúde e Bem Estar' é o interesse em cuidar do corpo, mas principalmente da saúde mental. Quando questionada sobre como ela percebe a influência da dança nas alunas, ela conta que o que mais percebe é o fator psicológico. “Esse é um momento de não pensar em estresse, é um momento de querer vir para cá e fazer uma coisa que ainda não se fez para elas, entendeu? Rir, conversar, brincar e trabalhar o mental e o físico.”

Esse é um projeto realizado apenas para moradores do Bairro Vivendas da Serra, porém Luana acredita que esse mesmo modelo possa ser aplicado em condomínios de outros bairros para aumentar o alcance e proporcionar inclusão para outras pessoas também: “É muito importante isso acontecer em outros bairros [...], isso traz às pessoas um bom convívio, melhora a coordenação motora, ajuda contra a ansiedade e melhora a autoestima. Acho que tudo isso faz parte de um contexto muito importante que é a saúde, essa é a preocupação de um projeto social em qualquer bairro e em qualquer situação.”

Eni Maria, tabuleirense de 60 anos, residente em Juiz de Fora há quase 40 anos e profissional doméstica atualmente afastada por motivos de saúde, encontrou no projeto uma fonte de alívio e bem-estar. Mesmo não conseguindo seguir à risca as instruções da professora de dança, devido à sua condição física, Eni destaca a importância de participar desse projeto, acreditando que isso não só proporciona uma pausa para dias estressantes, mas também contribui para maior sensação de felicidade. Observando o cenário pós-pandêmico, ela ressalta a relevância do projeto para combater a tristeza que afetou muitas pessoas durante a quarentena dentro de casa: “Eu acho isso que [o projeto] é bom para todo mundo, porque as pessoas depois da pandemia ficaram muito presas dentro de casa.”

Isabela Braga, 34, dona de casa e mãe de uma criança de três anos, também participa do projeto. Por cuidar do lar o dia todo, todos os dias, ela enxerga esse projeto como um tempo para brincar, dançar, se exercitar e cuidar da saúde: “Estar aqui é um tempo que eu gosto muito e valorizo.” Ela acredita que as aulas de dança que são oferecidas também trabalham com o psicológico e o emocional de todas as integrantes: “Isso acontece porque aqui a gente pode extravasar e a gente conversa muito. Eu acho que esse é um projeto que pode e tem tudo para crescer e ajudar também as outras pessoas, em outros lugares, dessa forma mais acessível.”


Aulas de Boxe para adolescentes

O projeto também oferece aulas de boxe através do professor David Dutra, 33, que atua no ramo há 16 anos. Convidado por Kátia, ele acredita que o mais importante dessa modalidade para os alunos é a disciplina. “Eu vejo que as crianças estão muito agitadas, daí, com a disciplina, elas vão se orientando e se preparando para a vida lá fora. Boxe é disciplina, coordenação motora, deixa as pessoas mais espertas”, conta, explicando o impacto positivo que a modalidade gera nas crianças e adolescentes.

É isso que a aluna Maria Eduarda, estudante de 11 anos, também acredita. Ela relatou ao Portal que esse projeto ajudou no desenvolvimento dela e das outras crianças, por ser uma atividade física mais acessível e aumentou o relacionamento e interação umas com as outras.

A influência do projeto sobre a saúde mental

Sobre o projeto, Adriana Viscardi, psicóloga, doutora em psicologia social e coordenadora do curso de psicologia do Centro Universitário Estácio Juiz de Fora, acredita que o mais interessante do projeto são os aspectos para além do próprio exercício físico, sendo o aspecto biológico, por existir o exercício do corpo, o químico, devido aos neurotransmissores responsáveis pela regulação do humor e sensação de prazer, e o social, por causa da troca que existe em comunidade.

A psicóloga explica, ainda, que a prática de se reunir, se organizar e trocar experiências, nesse sentido, é um elemento fundamental do projeto em questão. Ao analisar o funcionamento dentro da mente das pessoas envolvidas, nota-se a ativação de neurotransmissores essenciais, como dopamina, serotonina e noradrenalina, desencadeando uma química do prazer, felicidade e regulação de humor. Por causa disso, é comum que os alunos percebam o impacto positivo dentro de si, e também no relacionamento com as outras pessoas.

Para saber mais ou participar do projeto entre em contato com o número (32) 8857-9375 - Kátia Gomes.

 

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