Artesanato e Carnaval: Desfile de bolsas e fantasias de crochê e oficina gratuita mostram força da mistura cultural
Peças com trabalhos manuais são a aposta para dar ainda mais identidade ao carnaval da cidade e mostrar uma oportunidade de gerar renda extra
A criatividade espera o carnaval chegar para aflorar nas ruas. Vale de tudo: da inspiração de um personagem famoso, o hit do verão, o meme mais estourado da internet, o vilão da novela, o protagonista da série do momento. Qualquer mote pode virar uma boa fantasia. A criatividade também é um caminho para que empreendedores encontrem meios de surpreender o público com ideias cheias de cor, charme e imaginação o que pode colaborar, também, para movimentar uma renda extra .
Pensando nisso, a Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa) e o Comitê de Empreendedorismo do Grupo Mulheres do Brasil - Núcleo Juiz de Fora fizeram uma parceria e oferecem 30 vagas gratuitas para uma Oficina de personalização de Abadás e Adereços. A atividade é gratuita e acontecerá no sábado, 3 de fevereiro, no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (CCBM), na Avenida Getúlio Vargas 200, Centro.
São suas turmas: uma no turno da manhã, das 9h às 12h, com 15 vagas e outra à tarde, das 14h às 17h, também com 15 vagas. A participação é aberta a todas as pessoas, com idade mínima de 8 anos. As vagas serão preenchidas por ordem de inscrição, que deve ser feita via formulário on-line.
Os participantes devem levar camiseta para customização e peças de armarinho, como fitas e botões, para enfeitar as peças. A oficina será ministrada pelas instrutoras Cida Justiniano (Ombreira), Diana Silva (Acessórios de cabeça e Raquel Alves (customização de camiseta/abadá). A intenção, conforme a líder do comitê de empreendedorismo do Grupo Mulheres do Brasil, Cida Justiniano, não é ensinar uma profissão, mas despertar a ideia de criar a partir do artesanato e poder gerar uma renda no carnaval, a partir dessas ideias. “E, quem sabe, futuramente, essa atividade possa se tornar uma profissão. Mas também temos outros focos, como o reaproveitamento de peças de outros carnavais que estão abandonadas.”
Como a artista, escritora e crocheteira, Thalita Delgado, proprietária da marca Licota Crochetaria que se inspirou nas marchinhas de carnaval para criar uma coleção de bolsas e fantasias de crochê, que serão lançadas no desfile: “Entre Linhas e Fantasias, a coleção de carnaval da Licota”,nesta sexta-feira (2), às 19h na Autoria Casa de Cultura, que fica Rua Batista de Oliveira, 931, no Centro.
Ela aproveita a temática para colocar em diálogo duas formas da cultura popular. “O que a minha marca tinha em comum com esse tema, que faz os brasileiros pararem a vida, mesmo que não seja pulando o carnaval, todo mundo aproveita o carnaval de algum modo. E, então, todo mundo é impactado por essa data. E, ao mesmo tempo, nós temos, nas famílias brasileiras, pessoas que fazem artesanato de qualquer forma, seja o tricô, o macramê, o crochê, o bordado, o ponto cruz. Então, eu parti desse sentido pra começar a desenhar esse desfile”, contou.
Com esse fio condutor, ela acrescentou outra inspiração vinda da cultura popular que é a música. “Quais são essas músicas que a gente olha e a minha geração 30+, a geração 60+, e a geração também abaixo dos 30, consegue identificar como músicas de carnaval. Então, trouxe as marchinhas. E dentro das marchinhas de carnaval, veio o processo de desconstrução. Ali naquelas marchinhas eu tentei escolher palavras que remetessem ao público e que remetessem à minha marca, coisas que eu poderia trazer para a desconstrução dessas fantasias, dessas peças dentro do trabalho manual”. Da música para as cores, conforme Thalita, foi um passo, de modo que toda a base entra em uma festa harmoniosa, que toma forma pelas mãos e agulhas na mão da artista, em um total de sete bolsas e sete fantasias inspiradas em músicas tradicionais como "A Banda", de Chico Buarque, "Colombina”, "Allah-La-ô", ”Jardineira”.
No local do desfile, haverá um estande onde as clientes poderão comprar diversas peças da Licota.” É uma forma de marcar o trabalho, de conseguir olhar para o artesanato sob uma outra vertente, visualizar o crochê como uma arte, como um trabalho minucioso, como um trabalho que requer cuidado. Porque a gente tem muita gente que faz crochê e muitas marcas apostando no crochê, mas que não saem do óbvio. Essa decisão de fazer o primeiro desfile com uma temática carnavalesca vem pra reforçar e dar um gás na Licota, no sentido de realmente trazer coisas diferentes do que a gente já está acostumado a ver no mercado.”