Pais de crianças atípicas cobram assistência de planos de saúde em Juiz de Fora
Empresas Unimed, Plasc e Sabin Sinai foram convidadas, porém não compareceram ao debate.
Na última terça-feira (12), em Audiência Pública realizada pela Câmara Municipal de Juiz de Fora (CMJF), pais e responsáveis por crianças autistas realizaram reclamações a juízes, vereadores e representantes do Poder Público sobre a necessidade de tratamentos adequados. Dentre os principais problemas, foram citados a falta de terapias, de capacitação de profissionais e retirada de medicamentos considerados fundamentais para progressão. Apesar de convidadas, as empresas Unimed, Plasc e Sabin Sinai não compareceram ao debate.
De acordo com o legislativo, esse encontro faz parte dos esforços de pais e entidades representativas para mudanças urgentes. Na ocasião, o vereador Dr. Antônio Aguiar (UNIÃO), responsável pelo Requerimento para o debate, ressaltou os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) que indicam que nos próximos 20 anos, metade dos atendimentos pediátricos serão relacionados a problemas de neurodesenvolvimento, com a predominância de diagnósticos de autismo. Ele enfatizou a importância do diagnóstico precoce e da implementação de intervenções oportunas para lidar com essa realidade: “Nos primeiros 1000 dias de vida, o sistema nervoso da criança tem intensa plasticidade, as intervenções nesta fase têm impacto na vida das crianças. É indispensável aproveitar essa janela de oportunidade para diagnosticar e começar com as terapias”.
Ariene Menezes, presidente do Grupo de Apoio a Profissionais e Pais de Pessoas com Autismo (GAPPA), é mãe de três filhos autistas e contou a experiência percebida pelas diferentes condições de tratamento oferecidas pela assistência à saúde a cada um: “Há uma diferença grande entre o desenvolvimento deles porque um deles não teve os mesmos tratamentos. E precisei parar de trabalhar por um período. (...) E no momento passo pelo problema da falta de pagamentos por 4 meses pelo plano da Unimed da terapia ocupacional, fisioterapia e psicopedagoga. Mandei emails e não me responderam. Entrei em contato com a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e aí resolveram”. Além disso, ela destacou a importância da continuidade dos tratamentos das crianças para evitar possíveis regressões no processo de desenvolvimento.
A interrupção do tratamento é uma das maiores preocupações de Lilian Serrano Rosa, mãe de Henry, um menino autista de 12 anos. Ela compartilhou os progressos significativos alcançados por seu filho com o tratamento baseado em canabidiol, que foi a única medicação a apresentar resultados positivos. No entanto, ela relatou que o tratamento foi suspenso pela Unimed, o que gerou uma situação difícil para a família. Ela contou ainda sobre momentos de mutilação e agressividade da criança: “Com a medicação ele teve progresso. Meu menino fez amigos na escola, ele começou a copiar do quadro na sala de aula. É preciso que os planos tenham mais respeito.”.