Câmara Municipal recebe seminário sobre crise climática, em Juiz de Fora

Especialistas alertaram sobre impactos da mudança climática na Zona da Mata.

Por Redação

Câmara Municipal recebe 'Seminário Crise Climática' em Juiz de Fora

Nesta sexta-feira (7), a Câmara Municipal de Juiz de Fora (CMJF) sediou o Seminário Técnico: Crise Climática em Minas Gerais – Desafios na convivência com a seca e a chuva extrema. O evento, que contou com a presença do presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais (ALMG), Tadeu Martins Leite (MDB), e diversos especialistas, abordou o panorama climatológico da região e práticas sustentáveis para enfrentar os desafios ambientais.


Discussões da manhã

O presidente da ALMG, Tadeu Martins Leite, deu início ao seminário destacando a importância de desenvolver um relatório abrangente para entender e aprender a lidar com eventos climáticos extremos. O presidente da Câmara, Zé Márcio-Garotinho (PDT), também enfatizou a responsabilidade individual nas mudanças climáticas.

A professora dra. Cássia de Castro Martins Ferreira apresentou o primeiro painel sobre o "Panorama climatológico da região e apresentação de boas práticas na convivência com os desafios impostos pelo ambiente". Ela explicou que a diversidade topográfica da Zona da Mata contribui para significativas variações climáticas diárias e que, devido ao aumento do calor e chuvas intensas, é essencial repensar o uso dos espaços urbanos e expandir áreas florestais.

Já Ricardo Guimarães, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, abordou a relação entre agropecuária e meio ambiente. Outros palestrantes incluíram Werley Aparecido Pereira, presidente da Associação Municipal dos Catadores de Papel, Papelão e Materiais Reaproveitáveis de Juiz de Fora (Ascajuf), um representante da Emater MG e membros da Defesa Civil, que falaram sobre o mapeamento de áreas de risco geológico em Juiz de Fora.


Participação do público

A sessão da manhã foi concluída com a interação do público, destacando a participação do professor Wilson Acácio, presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica dos Afluentes Mineiros dos Rios Preto e Paraibuna (CBH Preto e Paraibuna) e coordenador-geral do Fórum Mineiro dos Comitês de Bacias (FMCBH). Ele ressaltou a urgência de políticas mais intensas de preservação, afirmando que Minas Gerais, como a grande "caixa d'água" do Brasil, está em risco de esgotamento.


Plenária da tarde

Segundo a CMJF, no período da tarde, o Seminário continuou com foco nos desafios da seca e chuvas extremas no estado. A plenária, conduzida pela deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), contou com a participação da professora Flávia Lúcia Chein Feres, do Departamento de Economia da UFJF, e do professor Nathan Oliveira Barros, do Departamento de Biologia da UFJF, para um diagnóstico regional.


Diagnóstico regional e alerta dos especialistas

O professor Nathan de Oliveira, ex-membro do Painel de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC) e pesquisador de gases de efeito estufa, abriu o painel da tarde com um alerta incisivo. Ele comparou a situação atual a uma enorme onda prestes a atingir a praia, destacando que os eventos climáticos extremos já observáveis são apenas o começo. “Não estamos mais na fase de mitigação das mudanças, não falamos mais de cortar emissão de gases, agora o termo é emergência climática”, afirmou. Ele citou como exemplo o período de seca, que passou de 100 dias para 110 ou mais, evidenciando o agravamento das condições climáticas.

A professora Flávia Feres trouxe dados alarmantes sobre os impactos econômicos e sociais das mudanças climáticas. Ela enfatizou que a crise climática já é uma realidade, com impactos significativos em diversas áreas. Segundo dados do Banco Mundial, os prejuízos totais entre 1995 e 2019 somaram R$ 33 bilhões devido a eventos extremos, afetando inúmeros setores produtivos. “Das 142 cidades, apenas sete não reportaram algum tipo de ocorrência de desastre natural. O que a estatística mostra é que 95% dos municípios reportaram algum tipo de ocorrência”, revelou a professora. Ela ainda destacou que os eventos meteorológicos são mais comuns, com picos de ocorrências de janeiro a abril e de agosto a dezembro, gerando um custo de cerca de 3% do PIB da região.


Participação de outras cidades

O seminário é organizado pela Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais (ALMG) e outras cidades participam também, como Araçuaí, Itajubá, Governador Valadares, Montes Claros, Uberlândia e Unaí.