Projeto da UFJF oferece atendimento gratuito a trabalhadores com suspeita de adoecimento no trabalho

Iniciativa "Caminhos do Trabalho" oferece apoio jurídico, médico e avaliação da relação entre doença e trabalho.

Por Redação

Coordenador do projeto, Guilherme Tropia (ao centro) alinha os trabalhos do grupo em reunião

O projeto de extensão "Caminhos do Trabalho", da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), disponibiliza orientação jurídica, assistência médica e análise da relação entre doenças e trabalho, de forma totalmente gratuita. O atendimento é aberto ao público e pode ser agendado pelo WhatsApp no número (32) 99809-0565, onde é realizada a triagem inicial.

As atividades começaram no início de setembro, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores, oferecendo suporte e acolhimento para aqueles que suspeitam estar adoecendo devido às condições de trabalho.


Como funciona a triagem e o atendimento

Após o contato inicial, é feita uma triagem para verificar se o caso apresentado está dentro dos objetivos do projeto. Se houver suspeita de adoecimento relacionado ao trabalho, o atendimento avança para as áreas sócio-jurídica, de avaliação de saúde e adoecimento. Caso contrário, o trabalhador é orientado sobre outros serviços de assistência.

Durante o atendimento sócio-jurídico, são analisadas as características do trabalho e os potenciais riscos a que o trabalhador foi exposto. Em seguida, é realizada uma avaliação médica para verificar o nexo entre a doença e o ambiente de trabalho, o que pode resultar na emissão do Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT) e na solicitação ou modificação de benefícios previdenciários.


Participação acadêmica e parcerias

Coordenado pelo professor Guilherme Tropia, da Faculdade de Educação da UFJF, o projeto conta com a participação de 10 bolsistas dos cursos de Ciências Sociais, Direito, Enfermagem, Medicina e Serviço Social, que realizam os atendimentos sob supervisão acadêmica. O "Caminhos do Trabalho" é uma parceria com instituições como o Ministério Público do Trabalho (MPT), Fundacentro e 13 universidades públicas brasileiras.

Está prevista a seleção de um médico e um advogado para supervisionar os atendimentos em Juiz de Fora. Enquanto isso, a médica Maria Luiza Gentil, da Universidade Federal de Uberlândia, é responsável pela supervisão da área de saúde, e a equipe da Fundacentro coordena o setor jurídico.


Subnotificação de adoecimento laboral

O coordenador Guilherme Tropia afirma que a ocultação do adoecimento laboral é uma característica estrutural do mercado de trabalho no Brasil. Isso promove graves e profundas repercussões na elaboração e análise de políticas públicas, nos direitos dos trabalhadores, na gestão do trabalho pelas empresas e no pagamento de tributos ao Estado.

Dados do IBGE, em parceria com o Ministério da Saúde, revelam que cerca de 4,9 milhões de brasileiros com 18 anos ou mais sofreram acidentes de trabalho em 2013, número muito superior aos registros do INSS, que indicam uma alta taxa de subnotificação desses acidentes.