Diante da demanda, energia nuclear tem sido vista sob nova ?tica
Renascença nuclear?
Certamente por isso, ficou no imaginário coletivo a repugnância à energia nuclear, porque o que chega até a mídia cotidiana é a força de destruição da energia nuclear, seu poder de devastação... que de fato é avassalador! Quando se trata de energia nuclear, o fator erro é gravíssimo em consequências!
Mas a necessidade de autossuficiência em energia, principalmente em países com escassez de fontes para isso, tem motivado o mundo a olhar com outros olhos para a energia nuclear. Mesmo o Brasil, privilegiado que é nas energias limpas (água, vento, sol), tem investido na nuclear. Angra 3 está a caminho, prevista para 2015, a um custo estimado de R$ 7 bilhões, e terá maior capacidade energética em relação a Angra 1 e 2. Possuímos a sexta reserva do mundo de urânio, o que nos assegura também grande autonomia gerencial.
Apesar de cara, a energia nuclear usada para fins pacíficos não contribui para o aquecimento global, ao contrário do petróleo, grande protagonista do efeito estufa...
Hoje, existem cerca de 440 reatores em ação ao redor do mundo, localizados em 31 países e gerando aproximadamente 17% da produção global de eletricidade. Cerca de 50 reatores estão em construção na China, Coreia do Sul e Rússia. França, Finlândia e o nosso Brasil estão erguendo novas plantas. A França, aliás, possui o maior percentual de energia nuclear na matriz energética do mundo, cerca de 77%. Já os EUA ficam em primeiro lugar no número de usinas, são 104 no total, e estão em pleno vapor.
Erros humanos desencadeiam vazamentos nucleares, por este motivo, os novos modelos são mais simples e dependem menos da mão humana e mais da máquina para seu funcionamento, o que me faz lembrar do filme 2001: Uma Odisseia no Espaço de 1968, do diretor Stanley Kubrick, em que a nave Discovery é totalmente controlada pelo computador Hal 9000, que entra em pane e tenta assumir o controle na nave, eliminando um a um os pilotos... Revolta do feitiço contra o feiticeiro!
Voltando à questão do investimento em segurança nas usinas nucleares, desde setembro de 2001 (qualquer semelhança com a data do filme é mera coincidência), quando houve o ataque às torres gêmeas, afirma-se que os projetos de centrais nucleares são reforçados de modo a resistir a um impacto direto de avião. Será?
O que se sabe é que os eventos internos (incêndio ou quebra de tubulação) geram riscos muito mais baixos do que eventos externos (terremotos, tsunamis, aviões); nestes casos, de nada adianta centralizar o comando para o computador, o perigo vem de fora, como efeito surpresa... Faz-se necessário incluir os eventos externos como riscos previstos.
Outro risco é o lixo radioativo. Existem o de baixa, média e alta radioatividade. Os de baixa são os rejeitos de hospital e indústrias, os de alta são os restos do combustível nuclear, que podem ser armazenados em lugares provisórios e/ou permanentes. Quando a vida útil da usina acaba, várias partes dela ficam contaminadas; até hoje, nenhuma foi desmontada, e os cientistas não têm uma resposta pronta sobre o que fazer com esses materiais.
A energia nuclear está longe de ser a ideal, mas em um mundo voraz em energia, ela deve ser considerada. As benesses e os malefícios pelo uso da energia nuclear serão colhidos por todos, por isso cabe à sociedade, governo e os investidores a discussão responsável dessa questão fundamental.
Abraços verdes!
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Cecília Junqueira é gestora ambiental, pós graduanda em problemas ambientais urbanos
e integrante da "Mundo Verde projetos ambientais".