O dia depois de amanh?
O dia depois de amanhã
Terminei de ver o filme com um certo friozinho na barriga. Tudo bem, eu sei que sou um pouquinho catastrófica, mas sinceramente penso que este filme nunca foi tão moderno. Acho que o presidente Barack Obama viu o filme por esses dias também. Vocês acompanharam o discurso do digníssimo no congresso americano no dia 20 de Janeiro? Um tanto preocupado. Pode ser apenas uma conversinha para boi dormir ou uma tentativa de parecer legal, mas supondo que ele estivesse sendo sincero, o tópico sobre o qual o presidente mais falou foi: mudanças climáticas. Segundo Obama, este é o maior desafio a ser enfrentado pelas próximas gerações. Disse que pretende fazer dos Estados Unidos o país líder no combate às mudanças do clima e que deseja ser peça chave nos acordos climáticos que deverão acontecer entre as potências internacionais ainda este ano.
O discurso de Obama foi bonitinho. Serve de exemplo para as demais lideranças do nosso planeta, contato que seja acompanhado de ações reais, de nível macro e que superem o puro palavrório. Sejamos otimistas, é melhor: vamos fazer o "jogo do contente" e acreditar que Obama foi sincero. Está ligeiramente amedrontado. Viu o filme comigo e ficou com frio na barriga também. Está pensando em ligar para a nossa presidenta. Marcar um café. Vão discutir o drama da água, do calor, da poluição, da perda de diversidade, da exploração das florestas, da exagerada emissão de combustíveis fósseis. Vão ver o filme juntos, concentrados, preocupados, anotando ideias em um papel. Vão convocar pesquisadores de todas as partes do mundo que trarão propostas geniais cheias de inovação e tecnologia a favor do planeta. Vão chegar a um consenso. Vão colocar tudo em prática. E o tal filme vai ser somente mais um produto de ficção da indústria cinematográfica americana... Amém.
Juliana Machado é Bióloga, mestre em Ciências Biológicas - Comportamento e Biologia Animal - UFJF/MG. Doutoranda em Bioética, ética aplicada e saúde coletiva - UFRJ/UFF/UERJ e Fiocruz.