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Juliano Nery 14/01/2011

Más notícias 

E não é que Juiz de Fora anda importante, aparecendo no noticiário nacional, com a história da réplica do fuzil que passou na inspeção da bagagem no aeroporto da Serrinha? – Matéria grande, investigativa! Saiu até no Fantástico, ora essa... Nem me lembro quando foi a última vez que isso aconteceu. Ou melhor, se estiver bem certo, a outra ocasião foi naquela vez em que flagraram a venda de diplomas falsos de ensino superior, em 2009, um ano e meio depois. Não é nada fácil emplacar uma matéria para o país inteiro. São mais de 5 mil cidades, o que torna difícil ser relevante para toda uma nação. O que me alarma é que Juiz de Fora só tem aparecido, nacionalmente, como pano de fundo para más notícias.

Foi assim, quando em 2008, o então prefeito Alberto Bejani teve divulgado o vídeo, enquanto recebia propina, descoberto pela Polícia Federal na Operação Pasárgada, que se disseminou por toda a imprensa brasileira. E já ia me esquecendo da ocupação dos leitos do Hospital de Pronto de Socorro da cidade por detentos, enquanto pacientes esperam na fila por atendimento. Essa foi de 2009, também. O estranho é que não me lembro de quando foi nossa última grande manchete para assuntos que promovam a cidade, a chamada boa notícia. É triste verificar que a cidade tem apresentado ao país uma imagem cada vez mais negativa.

O jornalismo tem feito de maneira correta o seu papel de divulgar as informações e os escândalos que, por ventura, surjam durante o processo de apuração. Não é papel da imprensa tapar o sol com a peneira e nem esconder a sujeira para debaixo do tapete. A questão central, neste caso, é colocar em relevo a quantidade de escândalos de grandes proporções, no qual a cidade vem tendo o seu nome exposto e o que fazer para que isso não se repita. Uma mudança de postura, de comportamento, utilizando este tipo de informação em prol da construção de um município melhor, dentro do potencial que possui.

É chover no molhado, dizer que Juiz de Fora é privilegiada geograficamente por estar próxima das grandes capitais e dispor de mão-de-obra qualificada, principalmente, no setor de serviços...

Torna-se premente a utilização desse potencial para que a cidade faça valer suas qualidades. Ainda mais, com a pretensão instalada de participar de grandes eventos nos próximos anos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Não será com notícias como a do fuzil no aeroporto, que essas façanhas se concretizarão...

Mais do que os eventos, existem ainda o mercado de trabalho. Como se tornar um pólo atrativo de empresas, com tanta má notícia? – Os investidores não podem ter motivos para saírem correndo daqui. Aquela história do "falem mal, mas falem de mim", nem sempre é uma boa. Dependendo da forma como o nome está envolvido, é melhor a discrição...

A "boa notícia" das "más notícias" é que sempre quando confrontadas, principalmente, pela imprensa, as autoridades cabíveis, invariavelmente, tomam providências. É uma pena que necessitem chegar a tal ponto, mas as respostas à sociedade, compostas por cidadãos como a gente, só aparecem nesses momentos. Que se movimentem, então, e não queimem mais o filme. Até o próximo escândalo, que eu espero, com toda a minha torcida, que não volte acontecer.

Juliano Nery não gosta de escândalos e prefere o anonimato a queimar o filme.



Juliano Nery é jornalista, professor universitário e escritor. Graduado em Comunicação Social e Mestre na linha de pesquisa Sujeitos Sociais, é orgulhoso por ser pai do Gabriel e costuma colocar amor em tudo o que faz.