Direitos e deveres no tr?nsito precisam ser balanceados
Via de mão dupla
Sou afeito aos direitos e aos deveres. Parece simples essa afeição dentro dos trâmites da constituição vigente e do papel que nos cabe em sociedade. Na prática não é bem assim, no entanto. Muita gente quer acesso aos direitos, mas não quer assumir o quinhão das responsabilidades. Quer o benefício, mas não quer arcar com qualquer ônus. Dentro desta perspectiva, vamos utilizar os exemplos das medidas da última semana e verificar onde podemos assumir os deveres e cobrar direitos.
Todos querem, por exemplo, os radares visíveis nas nossas vias públicas. Alguns dos sensores são instalados em pontos estrategicamente pensados para prejudicar o condutor e, consequentemente, aplicar a multa. Tomara que a Comissão Especial dos Radares consiga chegar a uma conclusão razoável junto à Secretaria de Transporte e evite "pegadinhas" para os motoristas que trafegam pelas vias monitoradas de nossa cidade. Espera-se no campo dos deveres, que esses motoristas utilizem o bom senso no trânsito e trafeguem com segurança com ou sem radar.
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E por trafegar com segurança, entenda-se não somente os critérios de velocidade, mapeados pelo radar. O uso de celular ao volante, infração que por 3.189 vezes foi notificada nos dois primeiros meses do ano em Juiz de Fora, mostra que os condutores ainda precisam aprimorar os conceitos de educação para o trânsito. As campanhas informativas estão sempre circulando pelos veículos de comunicação e nos cursos de formação de condutores, mas ainda não se refletiram na conscientização. O que falta, afinal?
Uma boa notícia foi a liberação de recursos para a pavimentação de vias no bairro Linhares e nas proximidades. A expectativa é que o asfalto a ser recolocado seja de boa qualidade, para evitar os buracos identificados em pontos já reformados, como na avenida Independência. E o direito do cidadão cumprido com o novo asfalto infere em uma responsabilidade importante: a de não ultrapassar limites de velocidade, com a qualidade da pavimentação em dia. Muito menos tomar torres de cerveja na noitada e assumir o controle da direção. Isso é dever do condutor prudente!
Para finalizar, após o amargo dever de ter que arcar com o aumento da tarifa do táxi, com o reajuste de cerca de 6%, o juiz-forano terá direito a uma frota em melhor estado de conservação, já que os veículos serão vistoriados até junho, como informou a Secretaria de Trânsito. Espero que os quesitos avaliados, como conforto, higiene e segurança do usuário sejam realmente colocados em relevo. Neste caso, o ônus veio na frente do direito. Então, nada mais justo do que dar a população o merecido, em mais esta via de mão dupla.
Juliano Nery resolveu dar cabo da coluna desta semana antes de dormir na noite de quinta-feira. Sabe como é: nada como deitar no travesseiro com a sensação de dever cumprido.
Juliano Nery é jornalista, professor universitário e escritor. Graduado em Comunicação Social e mestre na linha de pesquisa Sujeitos Sociais, é orgulhoso por ser pai do Gabriel e costuma colocar amor em tudo o que faz.