Vereadores mirins podem fazer melhor e ter participação pol?tica mais consciente
Torcendo o pepino
Nesse sentido, acredito ser bastante louvável a iniciativa da Câmara Municipal de Vereadores de Juiz de Fora, que empossou 124 vereadores mirins. Espero que o objetivo do projeto, que é o de permitir que o estudante entenda o papel do Poder Legislativo Municipal, consiga êxito. Principalmente, porque a maior parte da população adulta não sabe realmente qual é a função do cargo de vereador...
Quem sabe os participantes desta terceira edição, somados aos das duas anteriores, possam compreender que os integrantes da Casa Legislativa possuem a responsabilidade de formular nossas leis orgânicas, encaminhar propostas de projetos ao Executivo e fiscalizá-lo, além de serem os representantes da população, com quem devem, permanentemente, manter o diálogo. E que, sendo dessa forma, mudar nome de rua é muito pouco para um cargo dessa magnitude. Discutir as regras quanto à expulsão de jogadores em partidas de futebol, também, vale lembrar.
Torço para que essa juventude esperta e bem antenada com a informação disseminada por meio das redes sociais e dos aparatos tecnológicos, possa se tornar cidadãos mais responsáveis e saibam cobrar de nossas instâncias políticas um trabalho mais efetivo e mais transparente. Essa juventude pode fazer melhor e pode ter uma participação política mais consciente, não relegando o direito ao voto, por conta dos pequenos favores eleitorais que nos acostumamos a presenciar no recente passado político de nosso país: torço pela substituição das distribuições de caixa d'água, cestas básicas e remédios durante o período das votações, por mandatos que lutem por uma boa saúde, habitação e empregabilidade para os cidadãos.
Outros fatores a serem destacados na iniciativa da Câmara Mirim são os temas nos quais os legisladores aprendizes deverão intervir, durante a participação. As propostas ligadas ao meio ambiente são assuntos de primeira ordem para a juventude, que já sofre os efeitos dos tempos em que os hábitos de consumo, a destinação de resíduos e o reaproveitamento não estavam em pauta. Para se chegar a soluções condizentes com um bom futuro, quando terão condições de realmente mudar o panorama, é necessário que comecem a pensar agora.
Os participantes terão muito a ganhar com a experiência. Além da feliz escolha da temática e da proximidade com o processo decisório, esses alunos terão a incrível oportunidade de aprenderem a negociar, a gerir conflitos entre eles próprios. Com sorte, entenderão até o que não se deve fazer com o poder nas mãos. É, de toda forma, muito mais produtivo do que jogar videogame, ver desenho animado, embora isso também seja fundamental.
Juliano Nery acredita na juventude.
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Juliano Nery é jornalista, professor universitário e escritor. Graduado em Comunicação Social e mestre na linha de pesquisa Sujeitos Sociais, é orgulhoso por ser pai do Gabriel e costuma colocar amor em tudo o que faz.