? necessória bastante prudência com as antigas construções de JF
Bem na foto
Em um país conhecido pela falta de memória, iniciativas como a do Palimpsesto podem ser bons remédios, melhor até que aqueles à base de fósforo, que o doutor costuma receitar. Está ali nas imagens antigas, o vértice do que passou e onde é que fomos parar, logo a seguir. Já teve bonde, cinema grande, casarões e igrejas que foram substituídos por ruas, estacionamentos, prédios comerciais e até terrenos baldios... No dia a dia, emaranhado ao cotidiano de cada um é impossível perceber o que um prédio demolido representará para o cenário da cidade. Mas, assim como um fio de cabelo que passa despercebido para quem um dia virá a ser calvo, aquela unidade pode fazer grande diferença. E é por isso que é necessária bastante prudência com nossas antigas construções. E avaliar, de forma crítica, a real necessidade de se abrir mão de qualquer uma delas. Só assim, teremos alguma garantia de que Juiz de Fora estará sempre bem na foto.
Por isso, manifestações sociais como o "Salvem o Cine Excelsior", que se tornaram tema de audiência pública na Câmara dos Vereadores de Juiz de Fora no fim do mês passado são tão importantes. O conflito de interesses entre o viés mercadológico do imóvel e o tombamento merece ser amplamente discutido, para que, de forma criteriosa seja debatida a história de nosso município e para que o bem comum prevaleça perante aos interesses individuais, resguardando os direitos cabíveis. Para tanto, o trabalho do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural é bastante importante e a sociedade deve estar sempre próxima e participante das discussões. Tudo em prol da construção de nossa memória social e urbana.
Para quem ainda não foi à exposição, não perca mais tempo. Ela se encerra agora no dia, 6 de maio, domingo. Vale pela diversão, pela interatividade e, principalmente, pelo registro histórico deste organismo vivo que é a cidade, mudando, quase que indissociavelmente para atender aos paradigmas da ordem vigente. Que o projeto encampe outras cidades e locais, fornecendo este importante elo comparativo de um determinado ponto da história até aqui no presente.
Como não lembra nem o que comeu no almoço, Juliano Nery deve passar a fotografar para ver se exercita a memória.
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Juliano Nery é jornalista, professor universitário e escritor. Graduado em Comunicação Social e Mestre na linha de pesquisa Sujeitos Sociais, é orgulhoso por ser pai do Gabriel e costuma colocar amor em tudo o que faz.