Obras nas travessias mostram descontentamento com intervenções em JF

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Obras nas travessias mostram descontentamento com interven?es em JF
Juliano Nery 14/5/2012

Travessias

Foi bastante comentada, na semana passada, a mudança na travessia para pedestres no entroncamento das avenidas Rio Branco e Presidente Itamar Franco, um dos pontos de maior movimento no trânsito de Juiz de Fora. Tudo por conta dos ziguezagues e da confusão com a faixa de pedestre, promovendo momentos emocionantes no trajeto, como a presença muito próxima dos ônibus, resultante das dúvidas que as alterações geraram. Creio eu, que as medidas devem ter sido amparadas por algum embasamento técnico, tendo em vista a segurança no trânsito, mas, a repercussão não foi positiva. E coloca em relevo outro ponto: o descontentamento da população com a quantidade de intervenções nos principais pontos da cidade, dificultando os trajetos, para resultados que não condizem com a quantidade de transtornos por que passam os munícipes, que precisam dos acessos para ir trabalhar, estudar, pagar contas, enfim, movimentar a cidade.

Não é só da instalação do traffic calming que estou falando. Tem as mudanças de semáforo. As obras de recapeamento da pista. A mudança dos postes de iluminação. A troca dos pontos de ônibus. Muita alteração para o cidadão assimilar. Tanto o que está no volante, quanto o que está a pé. Acho que até para a administração municipal não deve ser fácil esquematizar tanta mudança. E lembrando que, em meio às modificações, os antigos problemas, como engarrafamento e demora nos trajetos não obtiveram melhoria visível. Basta dar um passeio no centro nos dias úteis para ver com os próprios olhos. E é isso o que impacienta o camarada que está nas ruas, ávido por solução para a demora para chegar em casa ao fim do expediente, para honrar os horários marcados por compromissos e, porque não, aproveitar a vida.

Vale ressaltar que as grandes intervenções que foram anunciadas no mês passado e que possuem mais poder de fogo na solução dos problemas ainda não começaram. Acredito que para essas, a população dará um apoio maior, já que reconhece a necessidade de intervenções por um trânsito mais adequado. É bem verdade que é impossível agradar a todos, mas quando há manifestações contrárias pululando a cada esquina, torna-se importante ligar o sinal de alerta. Neste caso, a instalação do traffic calming é emblemática. A discordância foi quase que imediata. E a voz do povo se fez valer com a colocação da boa e simples faixa de pedestre.

Interessante verificar que as redes sociais tiveram papel importante neste processo, ainda mais, legitimada pelas vozes de quem está nas ruas, com dificuldades no trajeto e sem acesso à internet. Independentemente, se em três, quatro ou vinte tempos para a travessia das ruas, o que a população quer é uma cidade melhor. E é bom quando esta população é ouvida, já que o feed back, com a tecnologia, vem cada vez mais rápido. Neste sentido, espero que a instalação do traffic calming, belo nome para o objeto de tanta discussão na última semana, no Bom Pastor seja realizado de forma criteriosa e com menos transtornos. É isso que todos desejamos. Além disso, torcemos que as travessias possam ser feitas da forma tradicional, aquela que se ensina para as crianças: olhando apenas para os dois lados antes de atravessar.

Juliano Nery não sabe atravessar uma via de três tempos: será necessário olhar para três lados?

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Juliano Nery é jornalista, professor universitário e escritor. Graduado em Comunicação Social e Mestre na linha de pesquisa Sujeitos Sociais, é orgulhoso por ser pai do Gabriel e costuma colocar amor em tudo o que faz.