Juiz de Fora rende not?cias carregadas de pontos estranhos
Muito estranho
Saiu a relação candidato por vaga do concurso para Assistente Legislativo da Câmara Municipal de Juiz de Fora. Para as onze vagas destinadas para a seleção, 3.293 candidatos irão pleitear um lugar ao sol, o que dá o considerável índice de 299 inscritos para cada uma das cadeiras disponíveis. E olha que o lugar ao sol tem como vencimento pouco mais de mil reais por mês, menos de dois salários mínimos... Além da estabilidade no emprego que o concurso é capaz de gerar, tantos inscritos para a prova de 10 de junho de 2012 revela como o mercado de trabalho juiz-forano não anda apresentando valores financeiros significativos. Sinceramente, acho isso muito estranho, já que a cidade é o centro regional mais importante da Zona da Mata e merecia salários com cifras maiores.
De acordo dados do Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego, em Juiz de Fora, o salário médio das contratações desde o início do ano não ultrapassa os mil reais... O que há de errado por aqui? Há um bom setor de serviços, mão de obra qualificada, proximidade das grandes cidades brasileiras e o salário dos nossos trabalhadores não decola e nem muda de patamar. Tudo muito estranho.
Estranho também foi descobrir que os letreiros luminosos dos táxis de Juiz de Fora se chamam "bigorrilhos". "Bigorrilhos", certamente, está entre as expressões mais estranhas utilizadas nesta coluna. Achei também as luzes verdes intermitentes para táxis que estejam a caminho de um chamado pelo telefone também estranhas. Na dúvida, darei o sinal para ver se o táxi para, caso tenha que pegar um dando sopa por aí.
A cidade do Miss Gay adiado, dos concursos ultraconcorridos por salários de mil reais e dos bigorrilhos é a que escolhi para morar. Escrevendo, por aqui, com tanta estranheza, perguntei-me, mais de uma vez, "seria eu também muito estranho?". Questionamentos à parte, acredito que é sempre bom não ter cem por cento de certeza. E um estranhamentozinho, de vez em quando, não faz mal a ninguém.
Juliano Nery acredita que está ficando meio estranho ultimamente.
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Juliano Nery é jornalista, professor universitário e escritor. Graduado em Comunicação Social e Mestre na linha de pesquisa Sujeitos Sociais, é orgulhoso por ser pai do Gabriel e costuma colocar amor em tudo o que faz.