O financeiro e a criatividade

Já posso ouvir uma daquelas canções do Djavan tocando ao fundo, versando sobre coisas que "deixa vir do coração" ou de "nada crescer sem você chegar"... A data tão esperada pelos casais apaixonados, finalmente, chegou! É hora de, como diria, o idiossincrático narrador de futebol, Silvio Luiz, "encher o peito e soltar o grito da garganta". Não para gritar gol, mas para confirmar sentimentos para quem você ama. E aproveitar para fazer umas compras também. Pelo que pude aferir da reportagem do companheiro de jornalismo, Thiago Stephan, não faltam opções para transmutar amor em presentes. Tem jóias, flores, chocolates, restaurantes, joguinhos amorosos... Tudo o que a criatividade e o bolso permitirem. Bolsos permitirem... Então, acho que seria o inverso. O financeiro, importante item para manifestar o sentimento que nos move, mas que não limite a nossa criatividade.

Para os que não puderem se aboletar em uma daquelas mesas chiques de restaurantes com ternos mais alinhados do que você já pode usar, resta ao casal "copa-cozinha" de casa e um sagrado rango comprado em supermercados e floreados por bons livros de receita. Dá até pra engambelar a companhia, dizendo que as filas destes restaurantes estarão lotadas, fato mais do que verdadeiro. Diz que está sem paciência para fazer reserva, que quer um esqueminha mais aconchegante e que o motel é muito impessoal. E se te perguntarem de suítes cinco estrelas, com padrão internacional, diga que você tem medo de altura e que coberturas te dão vertigem. Melhor ficar no nosso quarto, com a cama parcialmente quebrada e aquela televisão de 14 polegadas fazendo a penumbra. Só não pode é faltar amor.

Se não dá pra trazer o próprio Djavan para fazer o fundo da declaração de amor, existem aparelhos de som com boa potência e DVDs que podem cumprir bem a função. Só não faça isso dentro do transporte coletivo. Primeiro, porque não é permitido e, segundo, porque não seria de bom tom. Nada como a discrição nessas ocasiões. E não emita ruídos estranhos para os vizinhos, quando estiver no parágrafo anterior, com a TV de 14 polegadas ligadas fazendo projeções na parede, sob a penumbra.

Tome como exemplo o próprio comércio e suas vitrines repletas de corações e de sedução para que você entre, compre e parcele em até doze vezes, data do próximo Dia dos Namorados. Torço para que o amor sobreviva até lá, quando formos tentados a passar novamente o cartão. E pros que estão solteiros, procure na agenda cultural uma das opções para não catar papel na ventania. Tem boas programações na cidade nesta véspera de feriado.

E, por falar em feriado, na quarta-feira, dia 13 de junho, teremos uma folguinha esperta. É o dia do padroeiro de Juiz de Fora, Santo Antônio. E para quem não sabia, a data do Dia dos Namorados é comemorada em 12 de junho no Brasil, por ser véspera do Dia de Santo Antônio, conhecido pelos católicos como casamenteiro. Inclusive, dá até para quem estiver sozinho na ocasião aproveitar a noite de terça-feira para chegar no dia 13 de junho com motivos para colocá-lo de cabeça para baixo. E, no ano que vem, de repente, lançar mão de criatividade e do financeiro.

Juliano Nery atualmente vive um caso de amor com Juiz de Fora

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Juliano Nery é jornalista, professor universitário e escritor. Graduado em Comunicação Social e Mestre na linha de pesquisa Sujeitos Sociais, é orgulhoso por ser pai do Gabriel e costuma colocar amor em tudo o que faz.