Julho é um m?s sugestivo para ocorrer o aumento da tarifa de ?nibus
Uma nova era
Mais uma vez, os responsáveis pelo transporte urbano utilizaram do mesmo recurso do ano passado, realizando o aumento da tarifa no mês de julho. Por esta mesma época do ano, escrevi a crônica "A hora certa", que, entre outras coisas, expressava o seguinte: "O mês de julho é uma boa época para um aumento de passagem. (...) E os estudantes saíram de férias. Os universitários, contestadores e organizados, como devem ser, ficaram desfalcados por muitos que deixaram a cidade, nessa época. Boa parte das crianças e adolescentes também viajou. E uma parcela vai com os pais, cidadãos do município, que poderiam fazer um barulho. Quem vai carregar os estandartes, desta forma?".
Felizmente, a crônica publicada no ano passado não está completamente atualizada. Mesmo com o momento desfavorável de férias para muitos e de greve para os alunos da UFJF, os estudantes conseguiram se mobilizar para manifestações, que vem ocorrendo, corriqueiramente, desde o anúncio do reajuste da passagem. E o interessante é que têm escolhido o horário de maior pico no trânsito, que é ali pelo fim da tarde, momento em que complica o já fragilizado tráfego da cidade. Se até a municipalidade interrompe o trânsito para realizar melhorias nas vias, acho justa a mobilização para questionar o valor das passagens de ônibus. Pelo menos até o esclarecimento dos valores expressos na planilha que explica o aumento. A melhoria nas vias é importante para a cidade e o valor das passagens também é de interesse da população.
Outro ponto que merece menção é com relação ao apoio popular. Pelo que foi possível perceber nos depoimentos expressos na enquete realizada pelo Portal, dá para perceber que a população não está nada satisfeita com os valores praticados na roleta e apoa as manifestações. E se os responsáveis escolhem a hora certa para dar o aumento, que a população inaugure uma nova era, com mais participação nas questões que envolvem a cidade. Isso passa pelo transporte público de qualidade e por preços justos, pela escolha dos representantes políticos em outubro, entre outras coisas...
Para pagar a passagem mais cara e atender ao cobrador, que continuava com a palma da mão virada para o meu lado, tal qual o Sr. Barriga cobrando os 14 meses de aluguel atrasado do Sr. Madruga, arranquei mais uma nota de dois reais. Ele me devolveu um e noventa e cinco de troco. Não sem reclamar. Podia ter dito para ele, "estamos empatados". Mas, na verdade acho que, no caso, nós dois saímos perdendo: eu, por pagar mais caro, ele, por ter dificuldade para fazer o troco. A pergunta é: e quem é que sai ganhando, afinal?
Juliano Nery espera que Juiz de Fora entre em uma nova era, em que não haja aumentos de passagens do transporte urbano anuais.
Juliano Nery é jornalista, professor universitário e escritor. Graduado em Comunicação Social e Mestre na linha de pesquisa Sujeitos Sociais, é orgulhoso por ser pai do Gabriel e costuma colocar amor em tudo o que faz.