Reitora n?o garante a implanta??o, mas quer promover debate
Djenane Pimentel
26/06/04
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O Governo Federal, por meio do Minist?rio da Educa??o, enviou dois Projetos
de Lei ao Congresso Nacional que prop?em a democratiza??o do acesso ao
ensino superior: o "Universidade para Todos" e o que institui sistema de
cotas nas universidades p?blicas. O ?ltimo projeto prev? o acesso ?s institui?es federais por meio de um
sistema que reserva vagas para alunos das escolas p?blicas, negros e
?ndios. O objetivo do Governo ? promover a inclus?o desses grupos historicamente
exclu?dos das institui?es, valorizar a escola p?blica onde est? a maioria
dos alunos de classe m?dia e baixa, garantir um quadro de alunos com o mais
variado hist?rico e perfil social, ?tnico e cultural, reduzir as
desigualdades sociais, al?m de reafirmar sua pol?tica de a?es afirmativas
para inclus?o social. Na UFJF A Comiss?o das Cotas foi formada pelo Conselho Superior da UFJF, no
dia 17 de maio deste ano, e se completou no dia 4 de junho. Constitu?da de 11 membros, foi concedida a ela 30 dias para que pudesse
debater internamente e com a comunidade, sobre qual a melhor proposta a ser
apresentada, para que o sistema de cotas pudesse (ou n?o) ser implantado. O
prazo vence na pr?xima semana. "Encaminhei a discuss?o, pois acho que esta ?
uma quest?o emergente para a sociedade, mas n?o quero me posicionar", afirma
a reitora. Na ?ltima semana, dois debates foram promovidos pela Comiss?o. Neles foi
discutido o tema "Sistemas de Cotas: repara??o ou privil?gio?", onde
participaram o professor da UERJ, Jos? Roberto G?es, e o representante do
Centro de Articula??o das Popula?es Marginalizadas do Rio de Janeiro,
Ivanir dos Santos. Tamb?m foram analisadas as experi?ncias de institui?es que j? utilizam esse
sistema. Os debates devem auxiliar na avalia??o, uma vez que muito se discute sobre o
papel e a constitucionalidade das cotas. Adotado pela primeira vez na Universidade Estadual do Rio de Janeiro
(UERJ), em 2001, o sistema de cotas na UERJ reserva 20% das vagas para
alunos de escolas p?blicas, 20% para negros e pardos, e 5% para portadores
de necessidades especiais e integrantes de minorias ?tnicas. Medida emergencial O investimento do governo no ensino b?sico, por exemplo, depende de fatores
pol?ticos de dif?cil previs?o e s? ter? efeitos a longo prazo. "Podemos
esperar trinta anos para que os desafortunados possam entrar na
universidade no mesmo p? de igualdade que os brancos? Acho que n?o", analisa
o presidente da Comiss?o das Cotas da UFJF, professor Ign?cio Delgado. Segundo o professor, a implanta??o deste sistema traz uma discuss?o muito
complexa. N?o se trata somente de percentuais, mas sim de discutir o
verdadeiro m?rito da quest?o. "H? o reconhecimento geral da Comiss?o, de que
o Brasil ? um pa?s profundamente desigual e que a oportunidade de acesso ?
educa??o, principalmente ? educa??o superior, est? intimamente ligada ?s
oportunidades de acens?o social", declara. De acordo com Delgado, a desigualdade de oportunidade ? um vi?s social e
racial, e o Brasil, apesar de ter abolido a escravid?o h? muito tempo, n?o
desenvolveu pol?ticas de repara??o, integra??o e igualdades de oportunidade
? popula??o negra e vitimada. "O que j? pode-se dizer ? que a Comiss?o est?
ciente de que medidas emergenciais devem ser efetuadas, que nos permitam
caminhar no sentido da igualdade". Cr?ticas Segundo a reitora da UFJF, a gravidade da situa??o deveria ir muito al?m do
que a preocupa??o com a fraude. "Os dados do IBGE sobre a concentra??o
?tnica da pobreza s?o t?o alarmantes, t?o impressionantes, que minha
preocupa??o se estende a outras coisas", afirma. "? o c?mulo da hipocrisia
dizer que n?s n?o sabemos como identificar quem ? negro e quem n?o ?, neste
pa?s".
Segundo o Censo de 2000, 82,8% dos estudantes das universidades brasileiras
s?o brancos e apenas 8% negros.
A partir da?, e com base no princ?pio da autonomia universit?ria, diversas
faculdades tem produzido seus pr?prios processos de discuss?o e de
delibera??o sobre a implanta??o das cotas. Muitas j? avan?aram neste
sentido, como no caso da Universidade de Bras?lia, Universidade Estadual da
Bahia e a Federal do Paran?.
A pol?mica com rela??o ? implanta??o do sistema de cotas para negros nas
universidades vem tamb?m recheada de cr?ticas, por alguns.
Uma delas diz respeito ? identifica??o dos candidatos ?s vagas reservadas.
At? o momento, as universidades adotaram como crit?rio a auto-declara??o e o
processo de fotografia. A auto-declara??o gerou controv?rsias, depois que
alguns candidatos brancos classificaram-se como negros para obter o
benef?cio das cotas.
E isso ? verdade. Existem dados, como os levantados pela Universidade Estadual do Rio de
Janeiro, mostrando que 48,9% dos beneficiados pelas cotas tiveram m?dia
acima de 7, no final do primeiro ano de aplica??o do sistema na UERJ.
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