A maioria das pessoas que mora nas ruas vem da periferia de JF. Prefeitura ainda n?o tem o levantamento de quantas vivem nas ruas. A?es t?m como base pesquisas feitas em outras cidades
S?lvia Zoche
27/10/04
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"Temos uma escala de prioridade
que, atualmente, ? o bolsa fam?lia. Na escala de gravidade est? a
quest?o da popula??o de rua, que veremos com todo cuidado assim que a
quest?o do bolsa fam?lia estiver resolvido", explica.
A coordenadora do
N?cleo Cidad?o de Rua Herbert de Souza, Meirijane
Teodoro, acredita que esse levantamento ?
importante e ressalta: "J?
pedimos ao Departamento de Pol?tica Social da prefeitura para que avaliassem
dados importantes, como onde comem, onde tomam banho, o que fazem para se
divertir... Por enquanto, trabalhamos com os modelos de pesquisa de Belo
Horizonte, Rio de Janeiro e S?o Paulo. Mas n?o ? o ideal. O ideal ? saber
quantas pessoas existem nas ruas de Juiz de Fora". (Veja os ?ltimos
dados)
Atualmente, Meirijane diz que existem 130 vagas, mas n?o s?o
suficientes para atender a procura. "Acredito que o processo de
empobrecimento do pa?s esteja contribuindo para isso", diz.
Motivos
Segundo Meirijane, a mulher sai de casa fugindo dos maus tratos ou porque o marido
a expulsou por beber demais, por exemplo. Em Juiz de Fora ainda n?o se
encontra uma fam?lia inteira na rua. "Este n?o ? o perfil da cidade. Quando
vemos um casal, ? porque se conheceram na rua mesmo".
Ela lembra que muitas pessoas que vemos nas ruas, pedindo esmolas, possuem
uma casa para
morar. "?s vezes, a pessoa tem fam?lia e casa, mas prefere ficar na rua e s?
volta em casa para dormir. ?s vezes, s?o fam?lias que praticam a mendic?ncia, mas possuem um lugar fixo de moradia".
Outras n?o pedem esmolas e trabalham
informalmente vendendo algod?o doce,
el?sticos para cabelo, mas s?o pessoas sem domic?lio.
De acordo com a assistente social, estas costumam dizer que o primeiro dia
na rua ? o mais
dif?cil, mas que rapidamente se adaptam. "Isso porque o la?o familiar j? n?o
era t?o forte, quando a pessoa resolveu sair de casa. Ao chegar at? o n?cleo pedindo comida, banho e outras coisas que
oferecemos, a gente sabe que ser? mais dif?cil conseguir
faz?-las morar novamente em fam?lia. Eu converso e digo que eles n?o podem
achar que v?o morar o tempo todo no albergue. Mas isso sempre ? um longo processo", explica
Meirijane.
Migrantes
O perfil atual do migrante ? da pessoa que, em
algum momento, j? teve a carteira assinada. Antigamente, o migrante n?o
possu?a nenhum tipo de qualifica??o, segundo Meirijane. "Eram pessoas que vinham de trabalhos
bra?ais".
Os migrantes procuram o n?cleo por n?o terem mais dinheiro para viajar ou
alimentar-se. Eles podem ficar at? sete dias no
dormit?rio S?o Vicente de Paulo e ganham uma passagem para o destino
desejado, desde que custe no m?ximo R$ 40. "? o que conseguimos
ajudar. Normalmente, as viagens a este pre?o s?o dentro de Minas Gerais ou
para o Rio de Janeiro", conta Meirijane.
Em 2003, passaram pelo n?cleo 1889 migrantes e foram distribu?das
1431 passagens. Desse total de pessoas, 1117 pessoas n?o
possu?am renda, 124 pessoas possu?am renda de at? um sal?rio m?nimo e
29 pessoas tinham renda de mais de um sal?rio m?nimo.
A situa??o ocupacional: 27 pessoas empregadas e 1332 desempregadas; a
instru??o escolar: 1119 pessoas com alfabetiza??o b?sica, 201 pessoas com
ensino m?dio e 15 pessoas com ensino superior.
Meirijane diz que Juiz de Fora n?o tem o perfil de uma cidade em que se
encontram pessoas que moram nas ruas e que tenham vindo de uma classe m?dia
e com n?vel superior. "Nesses anos em que trabalhei aqui, se n?s recebemos
tr?s pessoas de classe m?dia, foi muito. E, normalmente, s?o pessoas que se encontram nesta
situa??o devido ?s drogas".
A maioria das pessoas sai da periferia da cidade e, normalmente, elas chegam
sozinhas ao albergue. Meirijane explica que ? mais comum que o homem saia de
casa, por estar desempregado e n?o ter como sustentar a fam?lia. "S?o
quest?es morais. ? a hist?ria de achar que o homem ? quem tem a
obriga??o de sustentar a fam?lia. Quando n?o consegue, ele vai embora".
No caso dos moradores de rua, o albergue ? no pr?prio n?cleo. S?o 116 vagas
para homens e 16 para mulheres. "Para as mulheres, tem dia que at? sobra
lugar, mas para homem sempre falta vaga", explica
Meirijane.