Isso ? s?rio, pois o compositor confia ao int?rprete a realiza??o de sua
obra. E aqui estou usando o termo realiza??o em seu sentido literal, ou
seja, tornar real algo. Inicio desta forma o texto deste m?s pois isto ?
para mim algo importante a se considerar no ambiente musical juizforano (ou
n?o ser? brasileiro?). Pois bem, isso ? muito bom, pois coloca a cidade no ambiente das novidades,
ainda que velhas. No entanto, cabe aqui perguntar, isso vale por si
mesmo?
Lembro-me de uma obra recente da literatura brasileira, um precioso romance
de Patr?cia Melo, chamado Valsa Negra no qual um dos protagonistas ?
um regente. Em um dos epis?dios da trama o spalla dos contrabaixos
procura o regente para debater sobre a prefer?ncia sobre a escola alem? ou
a francesa e o regente, um pouco destemperadamente, sugere ao contrabaixista
a escola do "tocar bem e afinado". Acho que esta resposta do regente
deveria nortear um pouco na condu??o desta ansiedade por novidades. Concordo,
mas ent?o sejamos ponderados e fa?amos algo que possa ficar digno de ser
apresentado. N?o adianta dizer que foram feitas sei l? quantas estr?ias, se
essas foram mal feitas. E depois nunca mais se ouve falar nas obras
estreadas, de modo que nem mesmo o crit?rio de aperfei?oamento, matura??o e
ainda compara??o pode ser aplicado, ficando o malfeito pelo feito.
Pergunto-me se isso ? realmente vantajoso. O programa do concerto final do
Curso do Scala anuncia tudo como estr?ia. ? ir para se certificar se valeu a
pena. Ou se n?o pod?amos esperar mais para ouvir as obras.
Bons concertos. Jo?o Sebasti?o Ribeiro
? curioso notar na m?sica um aspecto que lhe ? singular: seu car?ter
performativo, interpretativo. Quer dizer, a m?sica n?o existe no papel,
na partitura apenas. Ela s? ? m?sica quando transformada em realidade sonora
pelo int?rprete e este tem uma responsabilidade dupla, pois n?o apenas
mostra suas qualidades pessoais como tamb?m as qualidades da m?sica que
interpreta.
Vivemos dois festivais anuais de m?sica na cidade, um em julho, promovido
pelo Pr?-M?sica, e outro em janeiro, o Curso Internacional de M?sica Scala.
Estamos praticamente no fim da vers?o 2005, deste ?ltimo, que trouxe um bom
n?mero de concertos para Juiz de Fora. O que t?m em comum estes dois
festivais ? o fato de ambos pretenderem trazer m?sica nova, seja como
restaura??o de um repert?rio olvidado, seja como estr?ia de pe?as
contempor?neas. Na apresenta??o do Curso Scala deste ano, o locutor lembrou
que este j? fez n?o sei quantas estr?ias internacionais ou nacionais de
obras, o Festival do Pr?-M?sica trouxe este ano a "primeira" ?pera
apresentada no Brasil que se tem not?cia.