O objetivo do livro (editado em 1998, por dedu??o, pois n?o h? registro da data de lan?amento), era registrar as aventuras e desventuras na passagem da adolesc?ncia para a juventude e para a vida adulta de um grupo de amigos, moradores do Manoel Hon?rio e adjac?ncias.
Anteriormente, em 1996, dois outros memorialistas se sentiram motivados com o mesmo prop?sito, em torno da sua turma, a do S?o Roque - Mauricio Gama de Menezes em parceria com, novamente, o locutor que vos fala. "O esp?rito do S?o Roque" e "A confraria do pontilh?o" s?o exemplos literariamente despretensiosos, mas bem sucedidos em seus princ?pios de relatos autobiogr?ficos de bons companheiros que come?am a despertar para a vida possu?dos do esp?rito comum a todos os adolescentes, indistintamente, em diferentes bairros, cidades ou pa?ses: a amizade sedimentada pela disposi??o saud?vel para a pr?tica de esportes, na alegria, irrever?ncia e contesta??o ?s coisas estabelecidas. Hist?rias ? que n?o lhes faltam.
Guardadas as devidas propor?es, pode ser dito que ambos os livros t?m o mesmo enfoque que a obra-prima cinematogr?fica de Federico Fellini, "Os boas-vidas" (I viteloni - produ??o ?talo-francesa/1953). Os personagens de Fellini, jovens, irrespons?veis, indolentes e biscateiros, vivem suas aventuras e desventuras na pequena Rimini, onde o cineasta nasceu. As seq??ncias noturnas, nas piazzas sombrias, figuram entre as grandes cria?es l?ricas de Fellini, numa de suas obras mais ?ntimas e comoventes. Mais tarde, ele as reproduziu em maior escala no tamb?m admir?vel "Amarcord".
Alguns epis?dios do filme s?o muito semelhantes aos descritos nos livros das turmas do S?o Roque e do Manoel Hon?rio - o que leva a crer que material cinematogr?fico ? que h? de sobra em ambos. Faltou, isto sim, algu?m que tivesse se revelado cineasta, mais tarde, para fazer o que Fellini fez com a turma dele: imortaliz?-los em filme.
Como se v?, um personagem que Fellini adoraria encaixar entre os seus
boas-vidas, bastante semelhantes em atitudes e comportamento aos que faziam
do bar do Euclides ponto de encontro e reuni?o, assim como o pontilh?o.
"Quando come?amos a freq?entar o Bar Bidu Say?o, entramos na fila
para levantar a voz. Acima de n?s havia duas gera?es de freq?entadores.
Est?vamos todos na faixa dos 14 a 16 anos e dev?amos rever?ncia respeitosa
aos mais velhos, nem t?o velhos quanto imagin?vamos. Na lei da vida, quem
tem 15 anos acha velho quem tem vinte; quem tem trinta, ent?o, ? idoso.
(...) Do pessoal mais velho, [havia] o pr?prio Euclides Mancini, dono do
bar, fan?tico por m?sica cl?ssica e ?pera. Muitas vezes os fregueses tinham
que aturar seus graves e agudos. Seu amor pela ?pera podia ser visto
no nome de fantasia do bar: Bidu Say?o, a mais c?lebre soprano brasileira.
Mas ele convivia bem com o samba que rolava todos os s?bados nas mesas do
bar".