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Frente Parlamentar Brasil sem Armas
"A posse da arma contribui para uma sociedade mais violenta"

O criador e presidente da Comiss?o de Direitos Humanos e Cidadania, Fl?vio Checker, n?o se baseia em estat?sticas, no entanto ele defende o Sim no referendo do dia 23 como forma de diminuir a viol?ncia no Brasil e no direcionamento ao Estado, respons?vel por proteger o cidad?o. "Vamos estar sinalizando para o Estado no sentido de que queremos uma sociedade mais pac?fica, em que o Estado efetivamente se encarregue de da seguran?a p?blica do cidad?o".

Fl?vio Checker ? professor de Literatura Brasileira dos ensinos m?dio e superior e vereador pelo quarto mandato pelo PT.

ACESSA.com - O Senhor ? contra ou a favor da comercializa??o de armas de fogo no Brasil?
Fl?vio Checker - Eu sou contra ? comercializa??o de armas de fogo e de muni??o. No Brasil, portanto eu sou a favor do Sim no referendo do dia 23 de outubro. Sinteticamente, eu sou pela proibi??o porque sou a favor da vida, e a arma ? sempre instrumento de morte. A estat?sticas, que s?o facilmente manipuladas, podem ser utilizadas tanto para defender a comercializa??o quanto para defender a n?o comercializa??o. Ent?o, eu prefiro n?o entrar muito nessa ceara das estat?sticas. Mas se n?s olharmos a realidade hoje no Brasil, a grande maioria das pessoas que morrem, v?timas de armas de fogo, s?o pelos motivos chamados f?teis. ? uma discuss?o num bar, ? uma briga entre vizinhos ou no tr?nsito, e essas armas s?o legais, que as pessoas compram dentro da legalidade.

ACESSA.com - Por que o senhor defende essa posi??o?
Fl?vio Checker - A campanha recente do desarmamento efetuada pelo Governo Federal, em que foram recolhidas cerca de 400 mil armas em todo pa?s atrav?s da a??o volunt?ria dos cidad?os, que entregaram as armas para a Pol?cia Federal e receberam em troca uma ratifica??o simb?lica, s? essas 400 mil armas recolhidas representam, na pr?tica, cerca de cinco a seis mil homic?dios que deixaram de acontecer no Brasil em fun??o dessa entrega. Pela primeira vez em muitos anos, houve diminui??o desse n?mero de homic?dios. Isso n?o ? estat?stica, s?o dados muito claros, s?o fatos que apontam para a necessidade para que se pro?ba o cidad?o comum de comprar armas e e de portar armas. N?s entendemos que esse deve ser de uso exclusivo do Estado atrav?s daquilo que a Legisla??o disp?e, ou seja do efetivo policial, Ex?rcito e etc.

ACESSA.com - O que o senhor acha que o pa?s vai ganhar, caso o referendo confirme a posi??o que o senhore defende?
Fl?vio Checker - Penso que n?s, os brasileiros vamos estar sinalizando para o Estado no sentido de que queremos uma sociedade mais pac?fica, em que o Estado efetivamente se encarregue de da seguran?a p?blica do cidad?o.

ACESSA.com - O senhor acredita realmente que os n?meros s?o a favor do seu ponto de vista?
Fl?vio Checker - Sem d?vidas. Por isso eu evito me embazar meu ponto de vista das estat?sticas, embora os n?meros sejam tamb?m muito transparentes. Todos os dados que eu cito, eu cito tamb?m a fonte. Eu me baseio muito na Comiss?o de Direitos Humanos do Munic?pio de S?o Paulo, ? uma comiss?o do poder executivo. Neste dia em que n?s estamos conversando, da zero hora de ontem at? a zero hora de hoje, ter?o morrido 400 brasileiros v?timas de armas de fogo. Embora isso n?o seja divulgado, a armas de fogo matam hoje no Brasil mais do que o tr?nsito, que j? ? citado como campe?o de morte. Pelo menos uma pessoa morre por dia de acidente com armas de fogo. S?o todos civis, pessoas como n?s, que s?o vitimadas pelas armas de fogo. Esses dados s?o dados reais, fornecidos pelas policias, pelos hospitais, mas evito situar o debate em estat?sticas. O N?o tamb?m tem os seus dados, mas ? fundamental que as pessoas que estejam confiando numa estat?stica, que verifique a fonte dela.

ACESSA.com - Qual o maior argumento que o senhor acredita que a sua posi??o tem a favor?
Fl?vio Checker - Primeiro, que a arma de fogo ? sempre uma posse virtual que a pessoa tem. A grande maioria da popula??o, a maioria esmagadora n?o tem arma e certamente nunca pensou em ter arma. Agora com o referendo vem logo aquela id?ia: "Ah, mas eu que sou um cidad?o de bem ficarei desarmado e o bandido vai ficar armado". ? preciso evitar esse racioc?nio. A posse da arma, o fato de ter uma arma em casa n?o garante mais a seguran?a de ningu?m e ainda contribui para uma sociedade mais violenta. O argumento fundamental ? que temos que ter compromisso com a vida. Se n?s podemos evitar a morte de brasileiros que s?o vitimados ou assassinados por acidente, dessa maneira, proibindo a venda de armas, ent?o vamos evitar essas mortes.

ACESSA.com - Se a posi??o que o senhor defende vencer o referendo, como fica a quest?o da seguran?a de cidad?os?
Fl?vio Checker - N?s sabemos que, ao Estado brasileiro, compete prover a nossa seguran?a individual e coletiva. N?s sabemos tamb?m que o Estado tem falhado historicamente nessa miss?o, mas ? preciso que cobremos do Estado que ele efetivamente combata a viol?ncia, que promova a?es sociais que visem erradicar a pr?pria pobreza, a divis?o social e, mais do que isso, ? fundamental que a sociedade brasileira perceba que n?o compete ao cidad?o garantir a sua seguran?a. Deste modo, vamos estar caminhando para uma sociedade que mais se aproxima da barb?rie, em que cada um tem que adotar a velha m?xima de "olho por olho, dente por dente". E por outro lado, ? fundamental que a gente saiba que ao assegurar ao Estado o monop?lio das armas ? um direito social, que a sociedade atribui ao Estado. Do mesmo modo em que somos favor?veis ? liberdade de imprensa, n?o podemos admitir que se fa?a apologia do nazismo. Isso est? na constitui??o brasileira, inclusive. Ou seja, ? preciso que tenhamos clareza de que, num caso como esse, em que a sociedade vai regular sobre a possibilidade ou n?o de um cidad?o tira a vida de algu?m, que ? um caso extremo, ? fundamental que esse seja um direito outorgado ao Estado e n?o um direito do cidad?o.