Estudantes fazem manifesta??o em frente ao hotel cheio de pol?ticos e, por pouco, n?o voltam a entrar em confronto com a PM
Ricardo Corr?a
Rep?rter
03/02/2006
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Muita gente dentro e fora do Victory Business Hotel, na Avenida Independencia, 1850, nesta sexta-feira, durante evento de assinatura, por parte do Governo do Estado, de um contrato para o asfaltamento de 24 estradas de acesso a munic?pios de Minas Gerais. No audit?rio, superlota??o de pol?ticos. Muitos deputados, prefeitos e assessores da Prefeitura de Juiz de Fora. S? Alberto Bejani n?o estava l?. E n?o estava porque, do lado de fora, estudantes fecharam a Independ?ncia para mais uma vez protestar contra o aumento da passagem do transporte coletivo urbano, para R$ 1,55. O movimento estudantil, que definitivamente voltou ?s ruas, fez muito barulho, cantou, e fez a maioria dos pol?ticos entrarem e sa?rem pelos fundos do hotel.
"Assim que chegar a Belo Horizonte eu vou convidar os estudantes para relatar o que aconteceu aqui ontem (quinta-feira). Pol?cia ? para proteger e n?o para bater", disse o deputado antes de entrar para encontrar com seus colegas. L? dentro, deputados estaduais, como Sebasti?o Helv?cio (PDT), e federais, como Cust?dio Mattos (PSDB). Outros pol?ticos como o ex-vereador Laffayette Andrada (PSDB) e o vereador Isauro Calais (PDT) tamb?m estavam presentes.
Os deputados Lu?s Fernando e Jos? Milit?o, este ?ltimo representando o prefeito Alberto Bejani, estavam na plat?ia, para ouvir o secret?rio de Obras do Governo de Minas, Agostinho Patrus. O secret?rio representou o governador A?cio Neves, que s? apareceu em um v?deo em que ressaltava a import?ncia do Proacesso, projeto que visa revitalizar as estradas do estado.
Agostinho Patrus ressaltou que s? no ano de 2005 foram gastos R$ 500 milh?es pelo Departamento de Estradas de Rodagem de Minas (DER-MG). "Dos 10 mil quil?metros das estradas estaduais, 7 mil e 500 j? foram recuperados e vamos recuperar os 2.500 restantes", prometeu o secret?rio, que agradeceu aos deputados pelo apoio ao governo estadual.
Depois de um princ?pio de tumulto eles voltaram apenas para uma pista,
sentaram no ch?o e o tr?nsito precisou ser desviado. Os comandos da Pol?cia
Militar e dos estudantes entraram em um acordo e eles foram para a Pra?a do
S?o Mateus, onde discutiram a realiza??o de outro movimento, na ter?a-feira,
?s 13h, em frente ? C?mara Municipal.
Movimento cresce
Entre os mais de 200 estudantes que estiveram nesta sexta-feira em frente ao
hotel na Independ?ncia, muitos ainda n?o tinham participado do movimento. A
entrada de alunos do Col?gio de Aplica??o Jo?o XXIII e at? de escolas
particulares, como o Jesu?tas, engrossou o movimento. E eles prometem muito
mais gente para ter?a-feira, quando esperam reunir mais de mil pessoas em
frente ? C?mara Municipal. Para isso, apostam na volta ?s aulas dos alunos
das escolas estaduais, na segunda-feira.
"O balan?o de hoje foi positivo e estamos dando continuidade. Cada vez ganhamos mais apoio e semana que vem temos os secundaristas de volta. Vamos buscar entidades sindicais e a Prefeitura j? viu que existe um movimento organizado. J? tentaram acordos, mas s? vamos parar quando a passagem voltar ao patamar anterior", disse Maicon Chagas, presidente do DCE.
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Os estudantes tamb?m comemoram apoios obtidos pela sociedade. Durante o movimento desta sexta-feira, ficaram sabendo da nota oficial divulgada pela Reitoria da UFJF, que demonstra solidariedade aos alunos. Diz a nota:
"A UFJF, tendo tomado conhecimento pela imprensa da viol?ncia cometida, ontem, 2 de fevereiro de 2006, contra o ato de livre manifesta??o do pensamento, do qual participavam muitos de seus estudantes, vem a p?blico deplorar esta forma inaceit?vel de lidar com a diverg?ncia numa sociedade democr?tica, e solidarizar-se com os participantes do ato e com seu direito ao exerc?cio de opini?o".
Muitos cantos
Os estudantes j? est?o, desde os primeiros dias de protesto, cantando o hino
nacional durante a manifesta??o. Mas a cada dia que passa eles inventam
novas m?sicas, entoam c?nticos hostis ? Prefeitura e ? classe pol?tica em
geral. Ontem, al?m desses gritos, tamb?m se ouviu muitos contra a Pol?cia
Militar, que assistiu a tudo passivamente. Durante os momentos mais tensos
os policiais chegaram a pedir refor?o, mas a tropa de choque continuou
dentro do micro?nibus da PM, sem precisar interferir. O medo dos policiais
era de que o estudantes descessem at? a Rio Branco para fechar o tr?nsito,
j? bastante complicado por causa da interrrup??o do tr?fego na
Independ?ncia. Por sorte, nada ocorreu.
J? os gritos destinados ao prefeito Alberto Bejani s? foram ouvidos pelos
outros pol?ticos e seus assessores. Constrangidos, alguns apenas se
limitaram a dizer que o movimento tratava-se de uma baderna. A assessoria
chegou a dizer que n?o estava prevista a presen?a do prefeito no evento, no
entanto o cerimonial confirmava a presen?a do chefe do executivo,
que n?o deu explica?es para a sua desist?ncia. Foi mais um motivo para os
estudantes entoarem c?nticos e demonstrarem que n?o est?o dispostos a
desistir do movimento. O pr?ximo cap?tulo tem data, hora e local:
ter?a-feira, 12h, em frente ? C?mara Municipal. Bons neg?cios
A estudante Bruna Quint?o, aluna do Servi?o Social, tamb?m tem
motivos para comemorar a manifesta??o. Ela est? fazendo um projeto sobre o
movimento estudantil e conseguiu bastante material para seu trabalho.
"Eles est?o unidos e j? viram que o coletivo n?o pode ficar desprivilegiado.
Isso mostra que o movimento estudantil n?o sumiu e est? se fortalecendo",
disse a estudante que ressaltou o reaparecimento de manifesta?es primeiro
em Recife e depois em outras cidades como Florian?polis e agora Juiz de
Fora. Leia mais:
Sol quente e muitos estudantes pulando e cantando. Ambiente perfeito para
que o vendedor Lu?s Jos? Pereira ganhar um dinheiro extra. Em poucos
minutos ele vendeu mais de 50 picol?s, quando venderia no m?ximo tr?s em um
dia normal. Tanto lucro fez ele se solidarizar com o movimento
estudantil.