Estudantes colocam fogo em boneco de Bejani, queimam pneus e invadem a C?mara. Minist?rio P?blico solicitou que a passagem volte para R$1,30, mas Prefeitura n?o precisa acatar
Ricardo Corr?a
Rep?rter
14/02/2006
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Era para ser apenas mais um dia de protesto dos estudantes contra o aumento da passagem. Tr?nsito parado, gritos e protestos. E tudo isso aconteceu, mas n?o s? isso! Os estudantes perderam em n?mero, mas ganharam em criatividade, pelo menos no in?cio dos protestos. Um boneco representando o prefeito foi queimado na esquina da Avenida Rio Branco com Independ?ncia. Depois, foram queimados pneus. Mas as coisas n?o pararm por a?. O tumulto com a imprensa e a invas?o do pr?dio da C?mara Municipal marcaram o dia em que os estudantes decidiram radicalizar o movimento contra o reajuste de 18,33% no transporte coletivo urbano.
A trajet?ria da manifesta??o
O protesto come?ou por volta de 12h, quando os estudantes come?aram a se
concentrar em frente ? C?mara Municipal. J? por volta das 14h eles rumaram
pela Rio Branco, com destino ? Avenida Independ?ncia. L?, come?aram a fase
nova dos protestos. O primeiro ato foi atropelar e queimar um boneco representando o
prefeito Alberto Bejani.
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No caminho, no entanto, momentos de tens?o. Enquanto alguns estudantes
escreviam nos ?nibus, um cinegrafista tentou film?-los. Impedido, ele furou
o bloqueio para fazer as imagens e foi agredido com um soco. Depois, os
estudantes deram pancadas na c?mera. O equipamento quebrou e a fita com a
qual o cinegrafista filmava a pr?pria agress?o que sofria arrebentou. No
entanto, outros cinegrafistas fizeram as imagens, que ser?o exibidas e
entregues ? Pol?cia Militar. O tumulto s? parou porque outros estudantes
entraram no meio para evitar a agress?o. Durante alguns minutos, alguns
estudantes amea?aram jornalistas, fot?grafos e cinegrafistas que cobriam a
manifesta??o.
O coordenador-geral do Diret?rio Central dos Estudantes (DCE), Maicon Chagas, condenou a atitude. Ele ajudou a separar a confus?o, e reconheceu que "existem bandidos infiltrados no movimento". No entanto, Maicon ressaltou o car?ter pac?fico da maioria dos estudantes envolvidos no protesto.
Depois do tumulto, os estudantes seguiram para a C?mara e n?o demorou muito at? que decidissem invadir o pr?dio. Correndo pelo sagu?o, eles tentaram subir as escadas e dois seguran?as tentaram impedir. N?o conseguiram e quase foram agredidos. Pelas escadarias os estudantes chegaram at? o plen?rio e surpreenderam os vereadores. At? explosivos conhecidos como "cabe??o-de-n?go" foram detonados dentro do plen?rio. Os estudantes subiram nas cadeiras e chegaram a escrever nas paredes. L?deres do movimento condenaram a a??o e eles pr?prios apagaram as inscri?es com produtos de limpeza.
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Constrangidos e visivelmente inseguros os vereadores sa?ram do plen?rio. Mas n?o puderam passar de uma ante-sala, j? que os estudantes cercaram todos do lado de fora. L? dentro, muita tens?o e os legisladores n?o se entendiam. O mais exaltado, o presidente da C?mara, Vicente de Paula Oliveira (Vicent?o-PTB) queria que a tropa de choque invadisse o pr?dio e retirasse os manifestantes ? for?a.
Temendo uma trag?dia, o comandante da opera??o policial no protesto convenceu o vereador de que a pol?cia n?o deveria entrar no pr?dio. Era o que defendiam alguns vereadores, como Fl?vio Cheker (PT), que garantiu que o confronto n?o aconteceria. Outros vereadores ficaram indignados.
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"Eles desrespeitaram a lei. Trancaram os vereadores aqui dentro, mas a C?mara n?o pode fazer nada. N?o tem poder algum neste caso. Temos interesse de ouv?-los mas n?o pode ser assim", disse Francisco Canalli (PTB). Jos? Figuer?a (PMDB) completou.
"N?o h? consenso entre os vereadores sobre reunir-se com eles pois os vereadores se sentiram agredidos. Foi privado o direito de ir e vir e isso n?o pode acontecer", lamentou o vereador.
Mais calma Os estudantes s? pararam de fazer barulho quando a comiss?o saiu da sala de
negocia?es com a not?cia de que um encontro com os vereadores ser?
realizado na quinta-feira, ?s 11h. Os vereadores teriam se comprometido a
intermediar as negocia?es com a Prefeitura de Juiz de Fora. Passagem pode voltar a R$ 1,30
O coordenador do DCE, Maicon Chagas, acha que a Prefeitura est? esperando os
estudantes desistirem, e contando com a folia para apaziguar os ?nimos e
esfriar o movimento.
Sobre a radicaliza??o do movimento, os estudantes, aos gritos, se defendem.
Dizem que quem radicalizou primeiro foi o prefeito, ao n?o aceitar negociar
mesmo com todos os protestos realizados e que j? entram na terceira
semana.
Antes da discuss?o dos vereadores com os estudantes, na quinta-feira, uma
reviravolta pode acontecer. Isso porque o Minist?rio P?blico, atrav?s do
promotor Paulo C?sar Ramalho, solicitou que a Prefeitura retorne com a passagem de ?nibus para o valor de R$ 1,30. Alberto Bejani tem at? 14h desta
ter?a-feira para tomar uma posi??o e responder ao MP. No entanto, ele pode
dizer n?o, e nesse caso o MP poderia entrar com uma a??o na Justi?a, para
obrigar a Prefeitura a reduzir a passagem at? que se discuta se ? justo ou
n?o o reajuste.
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