JF Hoje
Especialistas em cinema deixam sua opini?o sobre o evento
Marcelo Miranda
Rep?rter
03/03/2006
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O favorito para este ano ? o drama "O Segredo de Brokeback Mountain" (foto abaixo), do taiwan?s Ang Lee. O filme concorre a oito pr?mios, incluindo melhor filme, dire??o, ator (Heath Ledger), coadjuvantes (Jake Gyllenhaal e Michelle Williams) e roteiro adaptado. Em seguida v?m empatados "Boa Noite e Boa Sorte", "Crash - No Limite" e "Mem?rias de uma Gueixa", com seis indica?es cada um - sendo que este ?ltimo disputa apenas categorias t?cnicas, e os outros dois est?o no p?reo com a produ??o de Ang Lee na briga principal.
Para se entender e acompanhar o Oscar deste ano, ? preciso ter em mente dois
eixos centrais sobre os filmes concorrentes: h? uma ala de trabalhos
politizados e outra de produ?es com tem?tica homossexual - em ambos os
casos, a Academia, que definiu os finalistas, se mostrou com a cabe?a mais
aberta que em anos anteriores. Afinal, uma das particularidades do Oscar
sempre foi seu conservadorismo com projetos mais ousados e fora dos "padr?es"
impostos pela grande ind?stria. E as decis?es da Academia sobre quais filmes
premiar t?m grande peso, pois refletem o olhar do maior conglomerado de
entretenimento do mundo sobre a realidade ao seu redor. Um filme vencedor
pode tanto representar alguma conscientiza??o quanto certa aliena??o. No ano passado, por exemplo, a vit?ria de "Menina de Ouro" e "Mar Adentro"
em categorias de melhor filme foi emblem?tica: dois filmes que falam de
eutan?sia, assunto controverso desde sempre, agora ainda mais em voga
durante os fechados anos da nova Era Bush nos EUA. Abalizar estes dois
trabalhos foi recado certeiro contra as posi?es do presidente. O professor enxerga a vit?ria de "Menina de Ouro" em 2005 como um
importante passo nesse sentido. "Finalmente a Academia deixou de lado o
entretenimento simplista dos anos anteriores, marcado pela participa??o da
trilogia 'O Senhor dos An?is', para dar aten??o a filmes que n?o querem
apenas agradar ao p?blico, mas tocar em pontos que mexem com nossas
cabe?as". Segundo F?bio Silvestre Cardoso, jornalista paulista e co-editor do site
Digestivo Cultural, o Oscar n?o ? liberal sob nenhum aspecto. Para
exemplificar sua "teoria", F?bio exemplifica com duas ocasi?es: em 2002,
quando tr?s artistas negros foram agraciados na festa (Denzel Washington,
Halle Berry e Sidney Poitier), quebrando um tabu de d?cadas; e justamente em
2005, ao reconhecer dois filmes com o mesmo tema provocador - a eutan?sia. E
agora, este ano, aparecem v?rios trabalhos tratando de pol?tica e identidade
sexual. "O Oscar ? t?o conservador que, ao tentar se mostrar liberal, acumula tudo num ano s?, para depois
voltar a ser o mesmo de antes", afirma o jornalista. Tamanha discuss?o porque o mais cotado para ser o grande vencedor da noite de
domingo trata de uma rela??o amorosa entre dois cowboys nas
montanhas do Wyoming. "O Segredo de Brokeback Mountain" vem de uma
trajet?ria coroada de ?xitos e conquistas, iniciada com o Le?o de Ouro no
Festival de Veneza (It?lia), em meados do ano passado, passando pelo Globo
de Ouro em janeiro e, agora, liderando no Oscar. Mas seria a Academia capaz
de dar seu aval a um filme que explicita na tela o envolvimento ?ntimo de
dois homens numa realidade dominada pelo machismo e pelo preconceito? A cerim?nia ser? transmitida ao vivo pelo canal pago TNT a partir das
22h30. Em rede aberta, a Globo deve come?ar a apresentar a festa ap?s o Big
Brother Brasil. Leia mais: