JF Hoje

Era para ser uma homenagem a "O Mist?rio de Irma Vap", pe?a recordista que ficou 11 anos em cartaz no Brasil. Por?m, "Irma Vap - O Retorno" escorrega na pr?pria ambi??o. A diretora Carla Camurati, na tentativa de fazer humor chanchadeiro e referencial, acaba por travar a gra?a do filme, permitindo que uma completa histeria tome conta da tela e deixe de fora da festa o espectador.

Acontece que os principais envolvidos no filme tem liga??o afetiva com a pe?a original. Marco Nanini e Ney Latorraca foram os atores que capitanearam seu sucesso, e Camurati realizou um document?rio sobre os bastidores da montagem em 1990. Disso resulta a tentativa de resgatar a magia do palco atrav?s da linguagem do cinema - mas n?o ? bem o que acontece. V?-se uma s?rie de situa?es que mais parecem especial de televis?o, piadas nem sempre entendidas por remeterem a acontecimentos fora do filme relativos ? pe?a e um tom over em praticamente tudo em cena.

A com?dia do longa se agarra quase que desesperadamente no imenso talento da dupla Nanini e Latorraca, ainda que ambos tamb?m pare?am atuar ligados numa tomada el?trica, parecendo querer arrancar gargalhadas mais pelas pr?prias presen?as cativantes e duplicadas (cada um faz dois pap?is) do que pelo retratado na narrativa.

Carla Camurati sai do tom melanc?lico de seu ?ltimo filme, "Copacabana", para voltar ? s?tira que marcou seu primeiro grande trabalho, "Carlota Joaquina". Mas se este ganhava pontos na caricatura realmente bem humorada do Imp?rio portugu?s no Brasil, em "Irma Vap - O Retorno" n?o h? essa espontaneidade. Mesmo as brincadeiras com cl?ssicos como "Psicose" e "O Que Ter? Acontecido a Baby Jane?" parecem deslocadas, ou ao menos inseridas na trama pelo puro prazer de estarem ali. A grande homenagem ao teatro que Nanini, Latorraca e Camurati queriam realizar acaba por se tornar uma ode feita mais para divertir mais a eles mesmos do que a quem os assiste.

Leia mat?ria sobre o filme e entrevista com a diretora e com elenco