"Fazenda do Juiz de Fora no s?culo XVIII, Vila do Santo Ant?nio do
Paraibuna em 1850, Cidade do Paraibuna em 1856, a localidade voltou a ter a
primitiva denomina??o em 1865, quando o art. 13 da lei provincial 13, de 19
de dezembro, determinou: ?A Cidade do Paraibuna denominar-se-? Cidade do
Juiz de Fora'" (cf. Paulino de Oliveira, Hist?ria de Juiz de Fora. Juiz
de Fora: Companhia Dias Cardoso, 1953, p.63).
A cidade de Juiz de Fora
localiza-se, geograficamente, no meio das principais capitais brasileiras
economicamente ricas e politicamente poderosas. Por este motivo, os
investimentos nas diversas ?reas (tecnol?gicas, de sa?de, etc) das
metr?poles s?o volumosos, possibilitando-lhes o desenvolvimento e as
numerosas pesquisas de ponta. J? Juiz de Fora, para poder competir neste
setor com as grandes cidades que a cercam, necessitaria de um apoio efetivo
de institui?es financiadoras para amplia??o de seu trabalho de pesquisa,
assim como de empresas e ind?strias regionais. Por outro lado, Juiz de Fora ? uma cidade que, apesar de sua
descaracteriza??o - n?o totalmente mineira, por absorver influ?ncia carioca,
n?o totalmente carioca, por guardar princ?pios mineiros - sempre primou por
sua tend?ncia cultural marcante, por sua sedu??o pelas humanidades. N?o ? ?
toa que Artur Azevedo chamou-a de ?Atenas Mineira?. Talvez pela dificuldade,
sen?o impossibilidade de articular liberdade criadora e comprometimento
institucional, vive a exportar homens de letras, soci?logos, fil?sofos,
jornalistas, economistas, advogados, artistas de teatro e televis?o,
bailarinos, musicistas... Ao mesmo tempo, procura, por todos os meios,
atra?-los de volta. Seu percurso, portanto, oscila e se debate no interior
deste bifrontismo hist?rico, jogo alternado de captura e diss?dio.
A luta cont?nua, ora mais aguda, ora mais fr?gil, pela conquista de espa?os e
infra-estruturas que proporcionem base para a produ??o cultural,
constitui-se num processo evolutivo pelo qual s?o avaliados os mandatos
governamentais. A compet?ncia ? medida pelo desempenho cultural de cada
prefeito. Na cidade, proliferam conservat?rios de m?sica, grupos de teatro,
cinemas, academias de bal? e de letras, artistas pl?sticos, entidades
voltadas para a produ??o de cultura. Juiz de Fora ? conhecida, fora do
?mbito de seus dom?nios, por sua efervesc?ncia cultural. Desde a cria??o da
Lei Murilo Mendes de Incentivo ? Cultura, a mais perfeita entre as leis que
patrocinam as produ?es culturais, a cidade vem tendo visibilidade, vem
ultrapassando fronteiras, iluminando espa?os brasileiros e estrangeiros. Tem necessidade em oxigenar-se, respirar o ar do espa?o p?blico, rasgar os
horizontes para se erguer enquanto identidade. E da democratiza??o de sua
cultura pode desenvolver sua voca??o, marcar-se como produtora de cultura
humana e art?stica, colocando-se em igualdade de condi?es com as grandes
cidades do pa?s, podendo mesmo ultrapass?-las pelas qualifica?es que possui
em todas as ?reas. Creusa Cavalcanti Fran?a, a que sempre contribuiu para a cultura de Juiz de
Fora, n?o s? por sua reconhecida obra criativa, como tamb?m pelo mecenato em
que estimula os escritores que engrandecem nossa terra, de forma arguta,
vaticina: Lume e Di?rio Regional
E, ? neste cen?rio, onde arranha-c?us parecem nivelar-se ?s colinas, que a
cidade se agita, numa efervesc?ncia cultural - o que mais a caracteriza.
Amo-a, merc? de seus encontros culturais, da manifesta??o de seus artistas,
do bul?cio de seus estudantes, do af? de seus oper?rios, do progresso de sua
ind?stria, do seu misticismo, enfim, do seu decidido avante ao porvir.
Maur?cio Hugo Gama de Menezes, no Ep?logo de A briga na padaria, publicado em 1997, afma:
Juiz de Fora ? uma cidade culta. O poeta Murilo Mendes dizia que era uma ilha cercada de pianos por todos os lados, referindo-se ? musicalidade de Juiz de Fora nos princ?pios do S?culo XX. Como se v?, j? naquela ?poca eram mostrados seus dotes culturais musicais. Mas n?o era somente na m?sica que era exposta sua cultura. Havia produ??o de qualidade nas artes pl?sticas, na poesia e na literatura, que foi multiplicada atrav?s das d?cadas futuras. Se voc? gostou deste livro, que ? apenas um aperitivo, procure ter intimidade com as obras dos escritores locais. Certamente vai se surpreender com a pujan?a dos textos sa?dos das mentes f?rteis de nossos escribas. p.279 |
Jos? Alberto Pinho Neves, superintendente da Funalfa, durante estes ?ltimos
8 anos, tamb?m captou a grande voca??o de Juiz de Fora:
Restaram alguns, em caso espec?fico, que apostam na voca??o do velho povoado de Santo Ant?nio do Paraibuna para a cultura. Fazem-se poetas. Usam a pintura com a poesia e, ao criar, v?o interferindo na mat?ria, externando o drama do cotidiano. Sem perder a plasticidade requerida, criam e recriam formas que manifestam lembran?as do tempo passado em meio a conceitos atuais. Tudo ? relativo e familiar. |
Em suas cr?nicas, como em "Identidade e Mem?ria", Cristina Musse faz um
perfil cultural da cidade, ao mesmo tempo em que a sintoniza com outros
espa?os do mundo, apesar de reconhecer-lhe a identidade pr?pria,
recortando-a ou roteirizando-a, trazendo-a din?mica, atual e conectada com o
mapa-m?ndi que se altera a cada dia com as mudan?as arquitet?nicas:
Juiz de Fora ? diferente da maior parte das cidades brasileiras de porte m?dio. Consegue ter vida cultural pr?pria, tem sempre shows musicais, pe?as de teatro e exposi?es de artes pl?sticas em cartaz e escapa da pasmaceira cultural em que mergulham muitos centros de igual tamanho, em que o m?ximo em termos de programa noturno ? a cervejinha (que tamb?m n?o ? t?o m? op??o) no bar da esquina. |
Marcos Neves, diretor executivo da Tribuna de Minas, participou da
divulga??o da mem?ria de Juiz de Fora, fazendo um recorte de sua cultura:
Sem a marca da cultura colonial mineira, Juiz de Fora distingue-se pelo cosmopolitismo - urbana, moderna. Sua mineiridade define-se entre o rio e a montanha, numa paisagem t?pica das Gerais. No vale, tra?aram-se estradas, assentaram-se os trilhos que transportaram caf? e min?rios. Cidade de oper?rios, imigrantes e pioneiros que, no ritmo das engrenagens dos teares, fizeram-na ingressar no progresso da nova civiliza??o que se anunciava nas metr?poles europ?ias. A luz que movimentou as ind?strias trouxe, tamb?m, os rom?nticos bondinhos el?tricos. P?lo econ?mico, mas tamb?m cultural, marcado pela efervesc?ncia dos teatros, das visitas das grandes companhias, dos concorridos saraus liter?rios, da imprensa prol?fica, dos col?gios que propagam uma educa??o voltada para a forma??o de banqueiros, negociantes e m?o-de-obra especializada. Mas a hist?ria n?o ? s? passado. A hist?ria ? um processo e n?o se acaba. Faz-se no dia-a-dia e o nosso presente foi constru?do passo a passo. N?o somos o que somos por acaso. ? preciso conhecer a hist?ria para compreender e prosseguir, construindo o futuro. |
Juiz de Fora cumpre, pois, seu papel de cidade moldada para e pelas artes,
revolucionando a cultura atrav?s de seus artistas, poetas, pintores,
dan?arinos, m?sicos e toda uma gama de produtores culturais. ? uma cidade
que merece festejar sua tradi??o no m?s em que se comemora o Dia da Cultura
(5 de novembro), lembrando sua voca??o para a divulga??o, produ??o e
preserva??o de bens culturais.
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