Pesquisa retrata a criminalidade em Juiz de Fora

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Pesquisa retrata a criminalidade em Juiz de Fora Crimes violentos n?o est?o concentrados em bairros pobres, mostrando que a incid?ncia ? maior em bairros onde h? zona comercial e banc?ria estruturadas


Daniele Gruppi
Rep?rter
Madalena Fernandes
Revis?o
16/10/2008

Um diagn?stico in?dito em Juiz de Fora vai permitir o desenvolvimento de uma pol?tica de preven??o ? criminalidade. Realizada a pedido da Secretaria de Estado de Defesa Social(SEDS), a pesquisa desmistifica a id?ia de que os crimes violentos est?o concentrados em locais pobres, mostrando que a incid?ncia ? maior em bairros onde h? zona comercial e banc?ria estruturadas, popula??o de classe m?dia e classe m?dia alta, com renda m?dia de tr?s ou mais sal?rios.

O estudo foi feito com base nos boletins de ocorr?ncia dos anos de 2005 e 2006. Foram separadas as ocorr?ncias relativas a homic?dio, homic?dio tentado, roubo, seq?estro, estupro e, devido ao grande n?mero, agress?es. Foram observados os dias, hor?rios e os locais da ocorr?ncia, assim como o perfil do agressor e do agredido.

Clique para baixar e visualizar alguns dados da pesquisa sobre a criminalidade em Juiz de Fora

Segundo o coordenador do diagn?stico, Andr? Moys?s Gaio, nos quatro primeiros meses do ano e nos tr?s ?ltimos est?o os maiores ?ndices de crimes (ver gr?fico III). "Podemos dizer que de janeiro a abril ? o per?odo em que as pessoas viajam, e que de outubro a dezembro v?o ?s ruas para fazer compras".

Nos quatro primeiros meses do ano e nos tr?s ?ltimos aconteceram os maiores ?ndices de crimes

O hor?rio em que os agressores atuam ? das 20h ?s 02h, per?odo em que h? a diminui??o do n?mero de efetivos policiais nas ruas e aus?ncia de testemunhas para acionar a pol?cia (ver gr?fico II). As ruas Independ?ncia, Batista de Oliveira, Esp?rito Santo e as principais do Alto dos Passos e Bom Pastor s?o consideradas as mais perigosas.

O hor?rio em que os agressores atuam ? das 20h ?s 02h, per?odo em que h? a diminui??o do n?mero de efetivos policiais nas ruas e da aus?ncia de testemunhas para acionar a pol?cia, segundo os dados da pesquisa

O centro e os bairros S?o Mateus, Dom Bosco, Alto dos Passos, Mariano Proc?pio, Centen?rio, Santa Rita de C?ssia, Bonfim e Manoel Hon?rio (ver mapas), nos anos pesquisados, tiveram mais de 40 crimes registrados (ver gr?fico I).

O centro e os bairros S?o Mateus, Dom Bosco, Alto dos Passos, Mariano Proc?pio, dentre outros s?o considerados os mais perigosos em Juiz de Fora, segundo os dados revelados na pesquisa

O ?ndice de criminalidade no Cascatinha, Santa Helena, Vila Olavo Costa, Vila Ideal e Nossa Senhora Aparecida ? considerado m?dio, ou seja, entre 14 e 40. Menos de 14 foi detectado em Santa Catarina, Mundo Novo, Vila Ozanan, Furtado de Menezes, dentre outros.

Perfil dos agredidos e agressores

O diagn?stico apontou que as caracter?sticas dos agredidos seguem a tend?ncia nacional. Est?o na faixa et?ria entre 15 e 30 anos, e s?o especialmente homens. As v?timas, em geral, s?o estudantes, comerciantes, aposentados, motoristas, pedreiros, serventes, cobradores de ?nibus e taxistas. A m?dia de perda relatada ? R$ 10.

O perfil dos agressores tamb?m fica entre os 16 e 30 anos. A profiss?o n?o foi detectada, devido ? aus?ncia do dado nos documentos preenchidos pelos agentes. Gaio afirma, entretanto, que, ao contr?rio do que se pensa, a maioria dos crimes ? realizada por pessoas que trabalham e n?o por desempregados. "O n?mero dos agressores que estavam empregados na ocorr?ncia ? mais do que o dobro do n?mero de desempregados", diz.

Em mais de 70% dos boletins n?o constam a utiliza??o de armas de fogo. Gaio revela que a presen?a de armas de fogo dramatiza, progressivamente, as ocorr?ncias criminais, gerando inseguran?a e medo na sociedade. Aumentou de 32,2% para 35,6% o n?mero de v?timas que sofreram agress?es f?sicas.

Poucas s?o as notifica?es que mostram a utiliza??o de autom?vel pelos agressores. O professor revela que em 2006 apenas 4,9% usaram carro ou motocicleta. Em geral, o agressor atua sozinho.

Para o pesquisador, a sensa??o de inseguran?a da popula??o ? maior do que o realmente os ?ndices de viol?ncia. O professor defende que as autoridades trabalhem com n?meros, mas tamb?m adotem medidas que contribuam para que as pessoas se sintam mais seguras.

Falta informa??o nos boletins de ocorr?ncia

Gaio ressalta que a precariedade das informa?es dos boletins de ocorr?ncia e a falta de dados na Pol?cia Civil impossibilitam tra?ar um panorama real. "Por exemplo, fala-se que as drogas provocam o aumento da criminalidade, mas em nenhum boletim consta o dado. A Pol?cia Militar nos abriu os sete batalh?es, mas mesmo assim, n?o foi poss?vel realizar um trabalho com exatid?o. O que podemos afirmar ? que a subnotifica??o em Juiz de Fora triplicaria os n?meros registrados", ressalta.

A escolaridade ? outro dado em que a informa??o ? bastante incompleta, pois em 91,4 % dos boletins n?o consta a informa??o. Os dados recolhidos apontam que a maioria dos agressores possui ensino fundamental incompleto.

Segunda fase do diagn?stico

A pesquisa, or?ada em R$ 39 mil e financiada pela SEDS, foi realizada durante oito meses. Segundo Gaio, o estudo j? foi entregue ? Secretaria e ser? apresentado em um semin?rio, marcado para o dia 13 de novembro, no Tribunal do J?ri.

O que n?o significa seu encerramento. Para a seguna fase, como explica Andr? Gaio, um bairro foi selecionado para ser avaliado pelos pesquisadores e a partir dos resultados a?es efetivas de combate e preven??o ? criminalidade poder?o ser definidas.

Para o professor, apenas pesquisas qualitativas - metodologia que ser? empregada na segunda fase do diagn?stico - podem medir a import?ncia de certas vari?veis que a literatura identifica na motiva??o para a ocorr?ncia de viol?ncia : aus?ncia de policiamento, n?o cumprimento do c?digo de posturas do munic?pio (barulho excessivo, pouca ilumina??o nas ruas, constru?es que invadem terrenos de terceiros), descren?a na Justi?a, sentimento de vingan?a e outros.