Lei Seca faz um ano com aumento no número de acidentes
Lei Seca faz um ano com aumento no número de acidentes Estradas registram mais casos de embriaguez ao volante. Para especialista, a combinação engenharia, fiscalização e educação pode diminuir ocorrências
Repórter
18/6/2009
A Lei Federal nº 11.705, conhecida como Lei Seca, faz um ano no próximo sábado, dia 20 de junho. Os números da Polícia Rodoviária Federal (PRF), da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) e do Pelotão de Policiamento de Trânsito Urbano (PPTran) da Polícia Militar (PM) mostram que o número de acidentes nas estradas e no perímetro urbano aumentou neste período.
Dados da PRF apontam que 2.489 autuações por embriaguez ao volante foram realizadas em um ano de Lei Seca nas estradas federais mineiras. As autuações com prisões ultrapassam 1.300. Ao todo, a PRF realizou cerca de 40 mil testes com etilômetros. Houve crescimento no número de multas aplicadas a motoristas embriagados. Em 2008, 1.370 condutores foram multados por dirigir alcoolizados. Até 16 de junho deste ano, o número de multas por esse motivo é de 1.574.
Os acidentes causados por embriaguez também aumentaram nas rodovias federais mineiras. De junho de 2007 a junho de 2008, foram registrados 377 acidentes envolvendo álcool e volante. Desde que a lei entrou em vigor até o último dia 16, o número subiu para 431. No total, 21.396 ocorrências foram registradas entre junho de 2007 e este mesmo mês em 2008. Neste período, 1.076 pessoas morreram nessas estradas. Durante o primeiro ano de aplicação da lei, a PRF registrou 22.688 acidentes e 1.164 mortos.
Estradas Estaduais
De acordo com informações da PRE, de 1º de janeiro a 15 de junho de 2009, foram registradas 15 ocorrências envolvendo condutores embriagados. Só na Operação Corpus Christi, cinco pessoas foram presas sob essa circunstância. O número é três vezes maior que o do mesmo período do ano anterior, quando a medida ainda não vigorava e cinco ocorrências foram verificadas.
Os acidentes envolvendo motoristas embriagados também aumentaram nas rodovias estaduais que cortam a região, no mesmo período. No ano passado, antes da norma, a PRE registrou quatro acidentes, com dez feridos. Este ano, com a Lei Seca, houve aumento para sete acidentes, mas o número de feridos caiu para seis.
De acordo com a comandante do 1º Pelotão de Trânsito Rodoviário, tenente Síria Delgado Matias, o aumento nos casos se deve à facilidade na detecção de embriaguez, proporcionada pelo uso do bafômetro nas ocorrências. "Quando a PRE ainda não utilizava os etilômetros, ficava mais difícil auferir a embriaguez dos condutores, já que eles eram levados à delegacia e analisados por peritos. Com os aparelhos, o número de flagrantes aumenta, pois a aferição é realizada na hora."
Dentro da cidade
Já no perímetro urbano, os números parecem mais favoráveis. De janeiro a junho de 2008, foram 59 ocorrências envolvendo embriaguez ao volante. Em 2009, até o dia 17 de junho, foram registrados 49 casos desse tipo. Segundo o comandante do PPTran, tenente Rubens Valério de Souza, os dados refletem a mudança de hábito do condutor. "Foram realizados menos flagrantes, porque a população está mais consciente de que beber e dirigir é perigoso. Os motoristas estão buscando alternativas como o transporte coletivo, o táxi ou os serviços oferecidos pelos próprios bares."
Em dezembro do ano passado, um mês após a chegada dos bafômetros no perímetro urbano, o PPTran registrou 38 ocorrências envolvendo motoristas embriagados. O número é maior que o verificado no restante do ano, 30 casos.
A estatística de acidentes na cidade, envolvendo ou não embriaguez, apresentou pouco crescimento. De janeiro a março de 2009, ocorreram 588 acidentes com vítimas em Juiz de Fora, sendo três mortes. No mesmo período de 2008, o número foi de 538 acidentes com vítimas e seis com morte. "A queda no número de vítimas fatais mostra que a gravidade dos acidentes diminuiu." Segundo Souza, é preciso que se leve em conta o aumento do número de veículos em circulação na cidade. "Até 2008, o número de carros nas ruas era de 145 mil. Em 2009, já são 155 mil."
Engenharia, fiscalização e educação
De acordo com o mestre em engenharia de trânsito Cezar Herique Barra Rocha a análise entre a situação antes da lei e a atual é de difícil execução, uma vez que não existe parâmetro para comparação. "As situações eram diferentes. Antes o bafômetro não era usado e a fiscalização era mais complicada. Com o uso do aparelho, a embriaguez é identificada com mais facilidade, o que pode alterar os números." Para ele, estatísticas mais confiáveis só vão aparecer nos próximos anos.
No entanto, Rocha acredita que as principais causas dos acidentes são problemas de engenharia de tráfego, fiscalização e educação no trânsito. "O trânsito funciona quando esses três aspectos estão em ordem. Estradas em más condições, poucas blitze e deficiência em operações intensivas, aliadas à falta de educação do motorista, que bebe e dirige, são os principais problemas." Ele afirma que as campanhas de educação no trânsito são esporádicas.
Além disso, o aumento na frota de veículos faz crescer a possibilidade de acidentes de trânsito. "Quanto mais automóveis nas estradas, mais acidentes ocorrerão." Para ele, com o aumento de dez mil veículos de um ano para outro, o acréscimo de 50 acidentes é considerado irrisório.
Os textos são revisados por Madalena Fernandes