Juizforano tem dificuldade em se considerar parte da popula??o
Juizforano tem dificuldade em se considerar parte da população
Repórter
Individualmente, o juizforano tem dificuldade em se considerar como parte da população que forma a cidade. A sexta etapa do projeto Fala Juiz de Fora revelou que, apesar de individualmente se considerar altamente urbanizado, o juizforano pensa que os demais habitantes da cidade têm uma urbanidade média. A pesquisa foi feita com 606 entrevistados de 50 bairros da cidade. A metodologia mesclou pessoas de ambos os sexos e de escolaridade e faixas etárias distintas.
A pesquisa revelou que 77,1% dos entrevistados se consideram com alto índice de urbanidade, mas quando o alvo da questão é a sociedade juizforana, 70,1% das mesmas pessoas questionadas entendem que o juizforano tem uma média urbanidade. A diferença de visões foi o que mais chamou a atenção do grupo de professores que realizou a pesquisa. O diretor do Centro de Pesquisas Sociais (CPS) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Carlos Alberto Hargreaves Botti, afirma que foi identificada uma falta de pertencimento do indivíduo à comunidade.
"Percebemos a ideia de que o que é público não é meu. As pessoas não se colocam como cidadãos na questão da urbanidade. Estamos diante de uma sociedade individualista." O questionário sobre a urbanidade — que envolve qualidades pessoais e do espaço de convívio — foi composto por 30 questões, sendo 15 sobre o comportamento individual e 15 sobre a percepção que o entrevistado tem sobre o comportamento do juizforano (veja algumas nas tabelas abaixo).
Entre as questões, um levantamento sobre a cordialidade. Enquanto a maioria dos juizforanos (84,7%) disse cumprimentar sempre as pessoas que lhes prestam serviço, apenas 53,5% dos entrevistados afirmaram que a população dá bom dia, boa tarde ou boa noite a carteiros, lixeiros e varredores de rua, por exemplo. "Se quase todos dizem que são cordiais, que população é essa que só cumprimenta às vezes?"
Outro aspecto abordado, que também apresenta distorções, foi a educação no trânsito. Enquanto 78,2% afirmaram respeitar as leis de trânsito, 18% consideram que os motoristas respeitam os pedestres e 7,8% afirmaram que os pedestres cumprem normas como atravessar somente nas faixas e com o sinal aberto para eles.
Jovens são mais pessimistas
A pesquisa considerou também que os jovens têm visões mais pessimistas em relação ao urbanismo na cidade. Os entrevistados com idade entre 16 e 25 anos afirmaram que apenas 6,85% dos juizforanos tratam as coisas públicas como se fossem suas. O índice aumentou para 26,23 quando a mesma pergunta foi feita aos idosos (pessoas com mais de 65 anos). Sobre a gentileza, 65,52% dos jovens acreditam que a população juizforana é gentil, de maneira geral. Os idosos são mais benevolentes ao dizerem que 90,16% dos moradores da cidade são gentis, de forma geral.
Os dados mostram também que os jovens participam menos de associações de bairro, sindicatos e partidos. Enquanto 19,9% das pessoas entre 16 e 25 anos sempre participam de movimentos do tipo, 31,1% dos maiores de 65 anos sempre fazem parte de grupos como estes. Para a supervisora do projeto, Janaina Sara Lawall, os números mostram desinteresse dos jovens, mas também revelam que a sociedade oferece poucos mecanismos para que essa população se associe. "Não é um problema para a juventude. É uma questão para o poder público, que deve fornecer subsídios para que esses jovens participem mais na sociedade."