Taxistas auxiliares recusam corrida para longas distâncias a fim de evitar preju?zos

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Taxistas auxiliares recusam corrida para longas distâncias a fim de evitar prejuízosRepasse do condutor ao proprietário do carro pode chegar a R$ 1,25 por quilômetro rodado, o que faz com que haja recusa quando a distância a ser percorrida é longa

Aline Furtado
Repórter
27/10/2010

Uma das reclamações dos passageiros que dependem do serviço de táxis de Juiz de Fora refere-se ao fato de alguns motoristas não aceitarem efetuar corridas a locais distantes.

Um dos motivos da recusa, além da questão ligada à segurança dos profissionais, está, segundo a categoria, no valor pago pelos auxiliares aos permissionários, ou proprietários dos veículos.

"Não dá para fazer uma corrida até bairros mais afastados do meu ponto [localizado na região central da cidade] porque não podemos pensar apenas na quilometragem da ida. Se volto sem passageiro, acabo tendo que desembolsar além do que recebi durante o trabalho. O acerto acaba saindo caro", conta o taxista João Batista da Silva.

O presidente do Sindicato dos Taxistas de Juiz de Fora e região, Aparecido Fagundes da Silva, explica que o percentual máximo para repasse do valor arrecadado durante o dia de trabalho é de 75% do valor do quilômetro, o que equivale a aproximadamente R$ 1,25. "Esse é o limite. Vemos que muitos permissionários acabam por cobrar valores menores, que giram em torno de R$ 1,20, pois o máximo representa um peso para o trabalhador."

Silva lembra que o repasse é fruto de cálculos efetuados pela Secretaria de Transportes e Trânsito (Settra), após reivindicação da categoria enviada à Câmara Municipal de Juiz de Fora (CMJF). Antes disso, não havia qualquer tipo de parâmetro que definisse o pagamento. "O percentual, embora seja a única maneira de pagamento regulamentada, não é a única utilizada pelos profissionais. Outras, fruto de acordos individuais, são a diária e a divisão do valor arrecadado, sendo 60% do condutor e 40% do proprietário."

O presidente do sindicato reconhece que o valor é alto para os auxiliares, trazendo prejuízos no caso de longas distâncias percorridas. "Para tentar solucionar a questão, alguns permissionários não cobram a volta." Ele lembra que há locais em que o ponto é livre, o que permite que o taxista aguarde passageiro para volta, como na rodoviária.

Para o presidente da Associação de Condutores Autônomos de Serviço de Táxi de Juiz de Fora, Luiz Gonzaga Nunes da Costa, novos cálculos devem ser feitos, a fim de que o valor seja revisado. "Hoje sou permissionário, mas já estive na condição de auxiliar e sei que pesa na hora do acerto." Gonzaga lembra que o problema é agravado à noite. "Durante o dia, o taxista pode aguardar, nos bairros, por um passageiro para a viagem de volta, mas, à noite, com a insegurança, isso fica impossível."

A assessoria da Settra informou que embora exista a legislação específica relativa ao serviço de táxis em Juiz de Fora, não há fiscalização relacionada à forma de cobrança pelo uso dos veículos pelos auxiliares, já que se trata de uma relação trabalhista.

Táxis adaptados

O serviço de táxi adaptado, voltado às pessoas com deficiência, começa a funcionar, na cidade, a partir do final do mês de dezembro. A implantação será estendida até o início de janeiro de 2011. Cinco veículos serão disponibilizados às pessoas com dificuldade de locomoção.

O acesso será feito a partir de ligação para as centrais de táxi ou nos pontos da avenida Rio Branco, nos bairros Bom Pastor e Manoel Honório, na Praça Antônio Carlos, nas ruas Benjamim Constant e Governador Valadares e na avenida Independência, em frente à Maternidade Santa Terezinha (ver mapas). A partir da segunda quinzena de novembro, será realizado um curso para a capacitação dos motoristas do serviço adaptado.

Os textos são revisados por Thaísa Hosken