Descoberta nova esp?cie de sapo em Juiz de Fora

Por

Descoberta nova esp?cie de sapo em Juiz de Fora
Sexta-feira, 11 de janeiro de 2013, atualizada às 16h10

Descoberta nova espécie de sapo em Juiz de Fora


Da Redação

Uma equipe de pesquisadores das universidades federais de Juiz de Fora (UFJF) e da Paraíba (UFPB) descobriu         uma nova espécie de sapo, encontrada em um fragmento de Mata Altântica, no Parque Municipal da Lajinha, na área urbana de Juiz de Fora. Na fase adulta, ele alcança até um centímetro de comprimento, menor do que o diâmetro de uma moeda de R$ 0,01. O sapo juiz-forano (foto ao lado) foi batizado pelo grupo com o nome científico Adelophryne meridionalis por ser a espécie do gênero Adelophryne encontrada mais ao sul do Brasil.

Há ainda a suspeita da presença de outro novo sapo na área, medindo em torno de cinco centímetros. Também foram achados exemplares das espécies Zachaenus carvalhoi, até então encontrada apenas onde foi descoberta, no Espírito Santo; e Chiasmocleis mantiqueira, conhecida somente na Serra do Brigadeiro, na Zona da Mata Mineira.

A nova espécie identificada em Juiz de Fora não é venenosa, possui coloração escura e foi localizada a 150 metros da entrada da mata do parque, situado entre 800 e 900 metros de altitude. As características que diferenciam esta espécie de outras sete do mesmo gênero é que a Adelophryne meridionalis possui somente duas falanges (tipo de osso) no quarto dedo da mão em vez de três; tem o primeiro dedo menor ou igual ao quarto, as gotas na extremidade dos dedos do pé são menos salientes, exceto no quarto dedo; o tímpano não é visível e a pele dorsal é lisa.

A descoberta impressionou a equipe, devido à presença em um parque de 80 hectares (equivalentes a 11 campos de futebol), situado em área urbana, escolhido para a pesquisa, por ser de fácil acesso e seguro. A mata nativa é de entrada restrita. Para as próximas etapas do estudo, o grupo pretende fazer novas pesquisas de campo para identificar períodos de reprodução, hábitos e características do canto.

A equipe de pesquisa é coordenada pela professora Rose Marie Hoffmann de Carvalho, do Departamento de Zoologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFJF, com a participação de Matheus de Oliveira Neves, biólogo e estudante de licenciatura em Biologia da UFJF, por Emanuel Masiero da Fonseca, aluno de Ciências Biológicas da Universidade, e  por Diego José Santana, doutorando da UFPB.

A descoberta

Foram sete anos de trabalho, desde as primeiras coletas, em 2006, para um projeto da UFJF, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), o qual pretendia fazer um inventário de anuros na Zona da Mata Mineira. Para capturar o anfíbio, os pesquisadores usaram armadilhas e, por muitas vezes, trabalharam de madrugada.

A partir das primeiras suspeitas, a equipe levou dois exemplares para o setor de taxonomia do Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Na primeira análise, não foi possível garantir se realmente era nova espécie e a qual gênero ela pertencia. O grupo voltou a campo, conseguiu 14 exemplares, em 2008, e levou-os de volta ao Museu. Nessa etapa, foi possível identificar o gênero e surgiu a probabilidade de ser uma espécie ainda não descrita.

A equipe investigou a presença de outras sete espécies do mesmo gênero no Brasil e na Guiana e as comparou, presencialmente com o sapo juiz-forano, à medida em que foram conseguindo empréstimos de coleções de outras universidades. Terminada a descrição física, a partir de metodologias consagradas, a equipe publicou um artigo na revista alemã de herpetologia Salamandra, especializada em répteis e anfíbios, em 30 de dezembro passado.

A descrição da espécie, incluída em publicação científica impressa, é o requisito para validar a descoberta e para checar os dados. Nos próximos meses, a espécie deve ser incorporada à lista atualizada da Sociedade Brasileira de Herpetologia e em outras relações internacionais. Em caso de próximos estudos sobre o gênero, a espécie juiz-forana será citada.

Os textos são revisados por Juliana França