Exames de direção realizados durante o dia a partir da próxima segunda
Exames de direção voltam a ser realizados durante o dia a partir de segunda
Anúncio foi feito na tarde desta segunda-feira, em audiência pública que discutiu o alto índice de reprovação dos candidatos à CNH em Juiz de Fora
Repórter
28/5/2012
Os exames de direção da banca examinadora de Juiz de Fora voltarão a ser realizados também durante o dia. A mudança terá início a partir da próxima segunda-feira, 4 de junho, com provas práticas de trânsito nos seguintes horários: 17h, 18h e 19h. Desde o final de março que os exames eram realizados apenas no período noturno, a partir de 18h. O anúncio foi feito pelo delegado regional de Polícia Civil em Juiz de Fora, Paulo Sérgio Xavier Virtuoso, e reiterado pela delegada do Setor de Habilitação, Cristiane Maciel (foto), durante audiência pública na tarde desta segunda-feira, 28, na Câmara.
O encontro foi convocado pelo vereador José Mansueto Fiorilo (PDT) e motivado pela notícia de que cerca de 80% dos candidatos à Carteira Nacional de Habilitação (CNH) em Juiz de Fora são reprovados, índice que considerou alto, usando como parâmetro de comparação dados do Sul do País. Fiorilo também questionou a discrepância nas aprovações entre diferentes examinadores.
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O delegado regional relatou que o maior motivo para as reprovações em Juiz de Fora é o rigor dos exames, o que ele considera necessário. Entretanto, Virtuoso destacou que existem outros fatores que também incidem sobre os resultados, como o número mínimo de aulas de trânsito — 20 horas — e ruas mal pavimentadas e mal sinalizadas. Ele revelou também que foi constatado crescimento nas reprovações após os exames passarem a ser realizados exclusivamente à noite, o que levou à decisão de realizá-los também durante o dia. Em relação à falta de padronização na avaliação dos candidatos, Virtuoso expôs que existem fatores subjetivos envolvidos, mas que pretende conversar com os examinadores para averiguar a situação.
Cristiane foi enfática ao defender o rigor das avaliações, destacando que os examinadores seguem as legislações de trânsito e um manual. "Não há como ter complacência na hora dos exames. Existe um manual com orientação para os examinadores. Na hora da avaliação não podem ocorrer determinados erros", diz. Ainda segundo a delegada do Setor de Habilitação, "o nosso índice de aprovação sempre ficou, em média, entre 23% e 26,5% de aprovação. Com o início dos exames no período da noite, as aprovações caíram para 19%. À noite, a dificuldade é maior por causa da iluminação, que é deficiente, assim como a pavimentação, além de ter sido um período de chuvas, o que obriga a utilização de outros instrumentos, o que deixa o candidato ainda mais nervoso, aumentando o índice de reprovação", afirma, no momento em que confirmou a volta de exames diurnos.
A delegada destacou que os policiais civis que atuam na banca examinadora acumulam função, já que cumprem também 40 horas semanais em investigações.
Centros de Formação de Condutores são alvos de críticas
Durante a audiência, Cristiane expôs que o problema do alto índice de reprovação passa pelos centros de formação de condutores (CFC), que são as autoescolas. De acordo com o artigo 11 da Resolução 358 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), o índice de reprovação dos CFCs não pode ultrapassar 60%. Se isso ocorrer por dois meses consecutivos, o estabelecimento pode ser alvo de fiscalização ou mesmo reciclagem. Entretanto, a delegada do Setor de Trânsito acredita que este percentual é muito exigente, já que nas autoescolas da cidade a aprovação varia entre 18% e 23%.
Ainda de acordo com Cristiane, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MG) estuda a possibilidade de baixar o índice exigido dos CFCs. Entretanto, ela também não poupou as autoescolas, enfatizando que precisam rever o sistema de ensino, sobretudo na parte prática. Segundo ela, "vinte horas de aula prática é pouco. Tem candidato que vai para o exame e não sabe onde fica o botão para ligar o farol", afirma. Mais tarde ela afirmaria que 40 horas de aulas práticas seria o mínimo. Em relação à fiscalização, disse não ter prazo para ser realizada pelo Detran-MG, mas revelou que o órgão está de olho neste problema.
O vereador José Laerte (PSDB) disse acreditar que os futuros condutores de Juiz de Fora não estão sendo formados sob as orientações da direção defensiva. "Os alunos estão aprendendo errado. As autoescolas estão preparando os alunos nos macetes para passar no exame. Não estão preocupadas em fazer uma educação para o trânsito", afirma, dizendo que gostaria de fazer uma emenda para deixar os exames de trânsito ainda mais rigorosos.
A funcionária do Setor de Habilitação, Mara Fava, orientou para que os candidatos que se sentirem prejudicados por algum examinador, que façam reclamações por escrito junto à Delegacia para que os possíveis casos sejam investigados. Ela revelou também que os candidatos reprovados recebem uma tabela chamada de "Bom Senso" com os erros que foram cometidos. "Não existe nenhuma pesquisa que comprove que haja diferença nos índices de reprovação dos examinadores."
O secretário de Transporte e Trânsito, Márcio Gomes Bastos, destacou em sua fala que o rigor da banca examinadora é necessário. "Ao darmos uma carteira de habilitação, damos uma arma, de acordo com a forma que será usada." Ele destacou que a Settra tem investido na conscientização dos jovens, considerados por eles mais "arrojados" à direção. Disse também a necessidade de esforços em torno da formação para a direção defensiva.
Nenhum representante dos CFCs manifestou-se durante a audiência pública.
Os textos são revisados por Mariana Benicá